A história do francês que comia mais que 15 pessoas e era magro, nunca engordou e sua condição ainda é um mistério

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A história do francês que comia mais que 15 pessoas e era magro

Tarrare comia de tudo, inclusive ratos, gatos e cachorros ainda vivos. Ele nunca engordou e sua condição ainda é um mistério

 

 

RESUMINDO A NOTÍCIA

  • Nascido em 1772, Tarrare começou a dar problemas cedo para os pais
  • Ainda adolescente, ele foi expulso de casa para não falir a família
  • Serviu ao exército francês, onde devorou refeições assustadoras — até sangue humano
  • Ele morreu cedo, em uma crise de diarreia, e seu caso permanece um mistério

 

Essa é daquelas histórias que, de tão esquisitas, parecem lendas, embora estejam devidamente registradas em publicações científicas da época. Na França do século 18, existia um sujeito que sentia uma fome insaciável, capaz de devorar a mesma quantidade de comida que 15 pessoas, e ainda assim ficou abaixo do peso durante praticamente toda a vida.

 

Tarrare nasceu em 1772 e começou a dar problemas logo cedo. Foi expulso de casa quando adolescente porque comia demais e ainda estava sempre com fome. Por isso, vagou muito tempo com ladrões e comia o que conseguia.

Por essa época, fazia shows de rua, onde “engolia pedras e até animais vivos” e por volta dos 20 anos se juntou às tropas dos revolucionários franceses.

 

Novamente foi um problema: nem uma ração quadruplicada foi o bastante para aplacar a fome dele. Entáo, o exército começou a fazer experimentações sem limite. No livro The Two-Headed Boy, and Other Medical Marvels (2004), de Jan Bondeson, é descrito que Tarrare comeu uma refeição para 15 pessoas sozinho em um desses experimentos.

“Refeição” é um modo de dizer, uma vez que no banquete tinha “gatos, cobras, lagartos e cachorros e enguias” — quase todos os animais estavam vivos quando foram devorados.

 

Comilão e magrelo

 

Mesmo comendo nesse nível de ferocidade, ele era descrito como “abaixo do peso”, mesmo em uma época que as pessoas pesavam menos. Aos 17 anos, ele pesava cerca de 45 kg. Outras características descritas incluíam “uma boca anormalmente larga”, “um fedor insuportável”, “suor descontrolado” e “cabelos loiros e macios”.

 

Ele também tinha diarreia crônica, considerada extremamente fedorenta e nenhum sinal de doença mental foi detectado.

O comilão não viveu muito tempo a mais. Após ser capturado por forças inimigas e espancado — enquanto carregava mensagens secretas no estômago — os revolucionários franceses perderam um pouco a paciência com Tarrare.

 

Em desespero, ele aceitou diversos tratamentos para reduzir o apetite, como vinagre de vinho e pílulas de tabaco, sem qualquer sucesso. Ele foi internado em um hospital, mas as dietas controladas de médicos não ajudaram, a ponto de Tarrare beber os resíduos de pessoas tratadas com a técnica de derramamento de sangue.

De acordo com registros do London Medical and Physical Journal, de 1819, Tarrare até tentou comer corpos armazenados no necrotério do hospital.

 

Ele acabou expulso do hospital após uma criança de 14 meses desaparecer e todos suspeitarem dele.

 

Morte triste

 

Em 1798, ele contatou um de seus conhecidos no exército. Em um hospital na cidade francesa de Versalhes, ele afirmou ter um garfo de ouro alojado no estômago e acreditava que o objeto o estava deixando-o fraco.

 

Dias depois, Tarrare teve uma crise de diarreia exsudativa (com sangue e puz) e morreu pouco depois.

“Tarrare chegou a tentar comer corpos do necrotério do hospital onde estava internado.”

(LONDON MEDICAL AND PHYSICAL JOURNAL, 1819)

 

O livro de Bondeson descreve que o corpo dele “apodreceu rapidamente” e os médicos não queriam tocá-lo, mas a curiosidade e a possibilidade de encontrarem um garfo de ouro atiçou a curiosidade deles.

 

Segundo a descrição, ele tinha uma garganta muito grande, entranhas cheias de pus e estômago e fígado inchados. O garfo não foi localizado.

 

Nunca foram determinadas as causas do apetite voraz de Tarrare, nem que mecanismos corporais ele possuía para não engordar. Outros casos similares foram descritos na literatura médica da época — basta pesquisar casos como de Charles Domery.

 

O também francês Michel Lotito é quase uma versão atual de Tarrare, mas se especializou em comer metal, vidro e outros materiais sólidos.

 

(Fonte: https://noticias.r7.com/hora-7 – HORA 7 | Filipe Siqueira, do R7 – 10/03/2021)

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