Pioneiro do estilo moderno de vendagem em massa

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James Clavell (Sydney, Austrália, 10 de outubro de 1924 – Vevey, Suíça, 6 de setembro de 1994), escritor australiano. Autor do best-seller shogum, que virou minissérie da rede de televisão americana NBC, foi um dos precursores do estilo moderno de vendagem em massa. Seus livros “Changi”, “Tai-Pan” e “Shogum” venderam mais de 12 milhões de exemplares.

Clavell era roteirista de cinema e decidiu mudar para a literatura durante uma longa e fracassada greve. Trabalhou também como diretor e seu maior sucesso foi a fita açucarada Ao Mestre com Carinho, de 1967.

Escritor britânico, nascido Charles Edmund Dumaresq Clavell na Austrália devido ao fato do seu pai, comandante na Marinha Britânica e vice-comandante na marinha britânico-australiana, ter vivido praticamente toda a sua vida no continente australiano.

Quando eclodiu a II Guerra Mundial, James Clavell, que seguira a vida militar para manter a tradição familiar, foi enviado para a Malásia para combater os japoneses, acabou por ser feito prisioneiro e enviado para um campo de concentração onde ficaria até ao final da guerra. Em 1946, um acidente de moto pôs fim à sua carreira militar. Inscreveu-se na Universidade de Birmingham para fazer uma licenciatura e onde permaneceria até 1953 quando decidiu ir tentar a sua sorte nos Estados Unidos.

Além de escritor, Clavell foi também argumentista de cinema, em filmes de sucesso como “The Great Escape – A Grande Evasão” (John Sturges, 1963), “633 Squadron – Esquadrão 633” (Walter Grauman, 1964) ou “Satan Bug – O Veneno do Diabo” (John Sturges, 1965), entre outros. Foi também realizador de obras como “To Sir, with Love – O Ódio que gerou o Amor” (1967) ou “The Last Valley – O Vale Perdido” (1970). Em 1963, Clavell naturalizar-se-ia americano. Entre a sua vasta obra literária, conta-se uma séries de romances que ficaram conhecidos como “The Asian Saga – A Saga Asiática” e que foram a sua coroa de glória.

“A Saga Asiática” é composta por seis romances, escritos entre 1962 e 1993, e centram-se todos no estabelecimento e relacionamento dos europeus na ásia e exploram o impacto causado no oriente e no ocidente pelo choque das duas civilizações. Inicialmente, Clavell nunca nunca teve a intenção de que os livros formassem uma saga compacta, aliás, o termo só foi aplicado após o lançamento de “Shógun”, o que levou a que alguns peritos em literatura e também em história universal o vissem como o inicio duma saga que já estava em desenvolvimento e começaram a referir-se a eles com uma ordem narrativa. Toda a obra pode ler-se na seguinte ordem cronológica:
– “Shogun” (1975) a ação decorre em 1600 no Japão Feudal;
– “Tai-Pan” (1966) a ação situa-se em Hong Kong em 1841;
– “Gai-Jin” (1993) situado no Japão em 1862;
– “King Rat – Rei Rato” (1962) cuja ação se situa num campo de prisioneiros japonês, em Singapura, em 1945;
– “Noble House – Casa Nobre” (1981) passado em Hong Kong, 1963
– “Whirlwind” com a ação situada no Irã, em 1979;
“Shogun” é o primeiro romance da saga asiática de James Clavell. Tem inicio em 1600, no Japão feudal, vários meses antes da batalha de Sekigahara, que iria definir o futuro do país, conta a história da ascensão de Toranaga, um senhor feudal, ao shogunato, o mais alto cargo militar do país (uma espécie de ditador), visto através dos olhos de um marinheiro inglês a bordo de um navio holandês que é o primeiro dum país protestante a chegar ao japão.
Pode ser lido independente dos outros livros da série, apesar de “Gai-Jin”, terceiro livro da saga, fazer a ponte entre “Shogun” e as aventuras de da familia Struan, já que se passa no japão, cerca de 20 anos depois dos acontecimentos narrados em “Tai-Pan” e acompanha a história de Malcolm Struan, neto de Dirk Struan, futuro Tai Pan da Casa Nobre, no Japão. O livro mergulha profundamente na situação politica do japão  e nas hostilidades sentidas pelos ocidentais num pais que ainda não saíra do feudalismo.
“Tai-Pan”, cronologicamente é o segundo volume da saga, marca o inicio da história da Casa Nobre da Ásia (assim apelidada pelos chineses devido á supremacia que a Struan’s adquire no romance sobre as outras casas comerciais). No inicio da história, em 1841, a Inglaterra acabou de tomar posse de Hong Kong  e pretende iniciar relações comercias com China, então ainda fechada sobre si mesma. Dirk Struan e Tyler Brock, donos das duas maiores casas comerciais  de Hong Kong. Os dois eram amigos e antigos marinheiros e agora são dois ferozes adversários e a sua luta, comercial e pessoal, está no centro da ação da história, já que  Struan é o “Tai-Pan” (Chefe Supremo) e Tyler quer destruí-lo de forma a tornar-se ele o Chefe Supremo.
“Rei Rato”, quarto livro da saga asiática de James Clavell, passa-se em 1945, em  Changi, campo de prisioneiros japonês situado em Singapura e conta a história da amizade entre um cabo americano, conhecido simplesmente como “O Rei”, já que se tornou no mais conhecido traficante e negociante dentro de Changi, e Peter Marlowe, Tenente-Aviador Britânico, feito prisioneiro em 1942. A personagem de Marlowe é baseada  no próprio James Clavell e nos três anos que passou prisioneiro dos japoneses.
“Casa Nobre” é o quinto volume da saga asiática e também o que obteve maior sucesso, talvez devido à proximidade da transferência de soberania de Hong Kong  da Grã-Bretanha para a República Popular da China (que viria a ocorrer em 1997), a ação decorre em 1963 onde encontramos a Casa Nobre e o seu Tai-Pan, Ian Dunross, a tentarem salvar-se da situação financeira precária deixada pelo anterior Tai-Pan enquanto mantém a luta com o seu arqui-rival Quillan Gornt. A ação do livro decorre numa semana onde tudo acontece, desde assassinatos, bancarrotas, aquisições hostis até espionagem internacional que envolve o KGB e o MI6. Todo o saber e conhecimentos que James Clavell possuía estão  incluídos neste livro que, apesar das suas mais de 1000 páginas, se lê com enorme agrado e, sem querer, somos arrastados numa literatura envolvente.
“Whirlwind”, último livro da saga asiática, passa-se no Irão no inicio de 1979, e acompanha as aventuras dum grupo de pilotos de helicóptero da “Struan’s”, oficiais iranianos, prospectores de petróleo e respectivas famílias nos dias que se seguiram à queda da Monarquia Iraniana e do Shah Reza Pahlevi e a ascensão do Ayatollah Khomeini. Pormenorizado e longo (mais de 1000 páginas), como todos os livros de Clavell, com diversas pequenas histórias, todas relacionadas entre si e entrelaçadas na cultura iraniana, além dum numeroso elenco de personagens. Em “Whirlwind”, fica-se com essa ideia, não seria o último livro da saga. Soube-se, posteriormente, que o autor pretendia continuar a saga, o que infelizmente, por morte do autor, não chegou a acontecer.
O cinema e a televisão descobriram o filão que os livros de Clavell constituiam e trataram de os adaptar. Assim em 1965, Bryan Forbes transformou “King Rat” em “O Rei de um Inferno”, com George Segal no principal papel; “Shogun” foi adaptado em 1980 pela NBC para  mini-série com Richard Chamberlain e Toshiro Mifune. As 9 horas da mini série foram depois editadas e reduzidas para uma versão de cinema de duas horas em 1981;”Tai Pan” foi adaptado para cinema por Daryl Duke em 1986, com Bryan Brown e Joan Chen; “Noble House” foi adaptado para televisão em 1988 numa mini-série com Pierce Brosnan e John Rhys-Davies e foi também a única adaptação cujo tempo de ação foi mudando, passando a decorrer na década de 80.
Morreu no dia 6 de setembro de 1994, aos 69 anos, de derrame cerebral, em Vevey, Suíça.

(Fonte: Revista Veja, 14 de setembro de 1994 – Ano 27 – N° 37 –Edição 1357 –DATAS – Pág; 113)

(Fonte: http://amemoriadotempo.blogspot.com.br/2012/01 – Literatura – A Saga Asiática de James Clavell / Por Rui Cunha – janeiro 28, 2012)

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