Jean Carroll, traçou o caminho para legiões de mulheres comediantes de stand up, incluindo Phyllis Diller, Joan Rivers e Lily Tomlin

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Jean Carroll, comediante dos anos 40 e 50, cujas sacadas rápidas, timing impecável e nada ortodoxo mix de glamour e humor fizeram dela umas das primeiras estrelas do mainstream no gênero comédia de stand up.

Apesar de não estar mais na ativa, Carroll era um nome bastante familiar em teatros e casas noturnas dos Estados Unidos em meados do século. Ela aparecia com frequência no Ed Sullivan Show e teve por um curto período, sua própria sitcom, The Jean Carroll Show, também chamada de “Tire Isto de Mim” (em livre tradução), transmitida na ABC entre 1953 e 1954.

Uma escritora de monólogos que produziu praticamente quase todo seu material, Carroll encontrava seu tom de humor em experiências do cotidiano: vestuário, shopping, vida social e família.

“A coisa que mais me atraiu para meu marido foi seu orgulho”, dizia um de suas tiradas mais conhecidas. “Nunca vou me esquecer da primeira vez que o vi, de pé em uma colina, seus cabelos voando ao vento – e ele muito orgulhoso para se mexer e fazer qualquer coisa”.

Carroll, que começou sua carreira como uma dançarina do gênero vaudeville nos anos 20, é largamente creditada como uma das pioneiras a traçar o caminho para legiões de mulheres comediantes de stand up que vieram após ela, incluindo Phyllis Diller (1917-2012), Joan Rivers e Lily Tomlin.

Na época de Carroll, a comédia stand up era tida como área vetada para mulheres. Houveram comediantes mulheres que vieram antes dela, mas poucas especializadas em se apresentar sozinhas em casas noturnas, área na qual Carroll ficou famosa.

Minnie Pearl (1912-1996), por exemplo, incorporou uma cuidadosa e cultivada persona nos palcos. Já Carroll era mais desinibida. Fanny Brice aparecia mais em casas burlescas e no rádio. Sophie Tucker (1887-1966), apesar de apimentar suas habilidades com humor arriscado, era mais conhecida como cantora.

Talvez apenas Moms Mabley, que começou a se apresentar sozinha em 1910, pode ser considerada como real antecessora de Carroll. Mas por conta de seu sexo, foi restrita na maioria de sua carreira à rede de casas de vaudeville, se apresentando para audiências maiores apenas anos mais tarde.

Considerado como de alto padrão em relação aos parâmetros atuais, o humor de Carroll era radical para a época – radical, se considerarmos o fato dela ser uma mulher sozinha com um microfone em sua frente e uma audiência a seu comando. Para uma mulher comediante, exercer esse tipo de poder era algo inédito, especialmente em ambientes tabagistas como as casas noturnas da época.

Quando Carroll começou a se destacar, nenhuma mulher era tida como capaz de sustentar um ato de comédia por si só; tradicionalmente (pensem em George Burns e Gracie Allen) elas tinham um homem por trás como contra-peso. E nem essa mulher era esperada para ser bastante atraente:a combinação de sagacidade feminina e beleza parecia um coquetel potente demais para ser engolido pelo público.

Outras comediantes do século 20, como Diller, Lucille Ball (1911-1989) e Totie Fields (1930-1978), cultivavam personas públicas que eram tidas como bastante desgastadas,levianas ou levemente desalinhadas. E mais: elas frequentemente usavam suas aparências como ponto de partida para piadas de auto-depreciação.

Carroll não fazia nada disso. Bastante atraente, ela aparecia sozinha nos palcos em vestidos reluzentes, combinados com diamantes e peles. Isso em si já era subversivo, assim como seus monólogos nos quais dizia estar sendo enlouquecida por cônjuge e filhos -um filão do humor masculino à época. Mas, para Carroll, tudo soava apropriado e ela desconcertava membros na platéia.

“Eu costumava escrever sobre minha filha ser uma hippie com tênis e jeans sujos e de barba”, Carroll disse em uma entrevista em Mulheres Engraçadas: Comediantes americanas, 1860-1985, de Mary Unterbrink. “E você sabe, as pessoas vinham até mim e perguntavam: ‘sua filha realmente tem barba?’. E eu dizia, ‘eu fiz ela raspar, mas ela deixou o bigode'”.

Carroll foi batizada como Celine Zeigman, em Paris, em 6 de janeiro de 1911, e veio para os EUA com sua família com 1 ano e meio.

Educada no Bronx, em NY, ela começou sua carreira no início da adolescência, depois que um agente de talentos a viu dançando em um show amador. Logo depois, entrou para o circuito vaudeville como parte de um número de dança de dois pares. Uma “palhaça” natural, ela depois se juntou ao número do comediante Marty May.

No começo dos anos 30, Carroll encontrou Buddy Howe, um dançarino acrobata. Juntando forças, a dupla fez turnês pelos EUA com um número de dança pontuado por tiradas de Carroll. Os dois se casaram em 1936 e passaram os próximos três anos se apresentando na Inglaterra.

Depois que os EUA entraram na Segunda Guerra Mundial e Howe foi convocado, ela se apresentou sozinha, amplamente aclamada. Quando se desligou do exército, Howe foi prudente o bastante para perceber que o número era melhor sem ele e passou a ser apenas o agente da esposa.

De 1945 a 1959, Carroll foi apenas uma roteirista para o seriado de rádio Our Gal Sunday (Nosso Domingo de Meninas, em livre tradução). Ela lançou um álbum, Girl in a Hot Steam Bath (Garota em Banho Vaporoso e Quente, em livre tradução), em 1960, pelo selo Columbia.

Howe, que se tornou presidente da agência de talentos Creative Management, morreu em 1981. Carroll, que na vida íntima era conhecida como Celine Howe, deixou uma filha e duas netas.

Os dotes cômicos de Carroll talvez nunca foram tão evidentes quanto em uma noite em maio de 1948 no lendário Madison Square Garden, quando ela se apresentou em um evento beneficente judeu. Israel havia sido declarado como Estado naquele mês, e após ouvir discursos inflamados e o hino israelense, a maioria do público foi às lágrimas. Aí veio a vez de Carroll.

Era um lugar delicado para se estar, como Howe lembrou em várias entrevistas depois. Sem se mostrar desconcertada, Carroll tomou o microfone e disse: “sempre tive orgulho dos judeus, mas nunca como nessa noite. Porque nessa noite eu desejo até o meu velho nariz de volta”.

(Fonte: http://vidaeestilo.terra.com.br/interna/0,,OI4184634-EI12822,00 – NOTÍCIAS – 3 de janeiro de 2010)

(Tradução de Vanessa Kopersz Ming)

 

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