Donal Donnelly, ator irlandês que personificou personagens nos palcos e no cinema dos EUA

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Donal Donnelly, ator que brilhou em papeis irlandeses

Donal Donnelly (Bradford, Reino Unido, 6 de julho de 1931 – Chicago, Illinois, 4 de janeiro de 2010), ator irlandês que personificou uma série de personagens irlandeses nos palcos e no cinema dos Estados Unidos, especialmente nas peças de Brian Friel e na adaptação do cineasta John Huston para o conto The Dead, de James Joyce. Donnelly, um homem bonito, alto e esguio que continuava a exalar uma aura de juventude muito depois de ter chegado à meia-idade, era, em suas próprias palavras “um ator irlandês itinerante”.

 

Donal Donnelly

Donal Donnelly

Veterano dos palcos de Dublin, a capital irlandesa, e do West End, o distrito teatral de Londres, ele começou a construir sua reputação junto às audiências norte-americanas por meio de uma comédia cinematográfica britânica de 1965, The Knack…and How to Get It. Um ano depois, ele chegou à Broadway pela primeira vez, com Philadelphia, Here I Come!, uma peça de Friel pela qual conquistou uma indicação ao prêmio Tony, por sua interpretação do eu privado do protagonista, um jovem que deixa suas origens rurais irlandeses e atravessa o oceano em busca de oportunidades na Filadélfia do título.
Foi com esse trabalho que Donnelly iniciou uma sucessão de temporadas regulares na Broadway, em geral interpretando papeis irlandeses, ainda que sua segunda peça em Nova York, A Day in the Death of Joe Egg, tratasse de uma família inglesa. Donnelly substituiu Albert Finney no papel de Bri, um pai que se deixa destruir pelos problemas mentais do filho.
O personagem “tenta fugir de sua situação e se protege por trás de uma muralha de humor exagerado com a qual tenta mascarar seu desespero”, escreveu o crítico Clive Barnes no New York Times. “A defesa que ele adota é característica dos homens fracos, e é exatamente essa fraqueza frenética, quase histérica, que Donnelly explora com o máximo de habilidade”.
Donnelly também substituiu astros em peças como Sleuth e The Elephant Man, mas ganhou fama principalmente por seus papeis nos espetáculos produzidos por Friel, trabalhando em Faith Healer (1979), Dancing at Lughnasa (1991) e Translations (1995).
No cinema e na televisão, Donnelly também costumava trabalhar com grande regularidade, mas em geral interpretando papeis nos quais seu desempenho tendia a ser ignorado. Ele fez papeis pequenos em filmes de grande sucesso como Twister e O Poderoso Chefão III, e participações em séries policiais como Law and Order, Spenser: For Hire, bem como muitas outras.
Seu papel mais célebre no cinema foi o de Freddy Malins, o bebum amável e sentimental que comparece ao jantar que serve de ponto focal a The Dead, muito elogiada adaptação de Huston para um conto do livro Dubliners, de James Joyce.
Donal Donnelly (o prenome é pronunciado DÔnal) nasceu em 6 de julho de 1931, em Bradford, logo a oeste de Leeds, na região centro-norte da Inglaterra, onde seu pai, James, nascido na Irlanda do Norte, estava trabalhando como médico. Sua mãe, Nora, era irlandesa, e a família se mudou para Dublin quando o menino ainda era pequeno.
Ele viria a ter sete irmãos e irmãs, seis dos quais sobrevivem e continuam vivendo na Irlanda, entre os quais o caçula, Michael, que foi prefeito de Dublin.
Donnelly deixa a mulher, Patricia Porter, com quem foi casado por 45 anos -ele a conheceu quanto Porter era dançarina no elenco do musical Finian’s Rainbow, em Londres- e os filhos Jonathan e Damian, ambos de Chicago.
No começo de sua carreira, Donnelly trabalhou no Gate Theater de Dublin e foi membro de uma companhia de teatro fundada por Cyril Cusack. Antes de se transferir aos Estados Unidos em busca de trabalho, nos anos 60 ,Donnelly e família passaram a viver em Westport, Connecticut, em 1979-, ele trabalhou em Londres, em peças como Playboy of the Western World, de J. M. Synge, e Shadow of a Gunman, de Sean O’Casey. Também integrou o elenco de versões televisivas britânicas para Playboy of the Western World e Juno e The Plough and the Stars, de O’Casey, entre outras peças.
Para associar ainda mais a sua história pessoal ao teatro irlandês, no final dos anos 70 Donnelly fez turnê com um espetáculo individual chamado My Astonishing Self, baseado nas cartas e diários de George Bernard Shaw, no qual interpretava Shaw como jovem e como velho.
É bem possível que sua trajetória tenha sido prevista já na juventude. Quando menino, Donnelly estudou na Synge Street Christian Brothers School, em Dublin, escola conhecida por formar atores. A rua Synge, que abriga a escola, não tem esse nome por causa do dramaturgo, ainda que, estranhamente, Shaw tenha nascido lá, enquanto Synge, por sua vez, nasceu na rua Shaw.
“Se você é capaz de apreciar Samuel Beckett e Esperando Godot, é capaz de apreciar Brian Friel e Faith Healer”, disse Donnelly certa vez em um debate sobre dramaturgos irlandeses. “E sairá beneficiado da experiência”.

Donnelly morreu em Chicago, onde estava morando há dois anos, em 4 de janeiro de 2010. O ator tinha 78 anos, e a causa foi de câncer.

(Fonte: diversão.terra.com.br/gente -– Notícia/Diversão -– 6 de janeiro de 2010)

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