Pesquisador Flávio Pierucci era autor de livros sobre religião e política.
Antônio Flávio Pierucci (Altinópolis, c. 1945 – São Paulo, 8 de junho de 2012), sociólogo e professor da Universidade de São Paulo (USP). Também era filósofo e obteve, em 1977, o título de mestre em Ciências Sociais, apresentando a dissertação “Igreja Católica e reprodução humana no Brasil”. Mais tarde, tornou-se doutor em Sociologia com o estudo “Democracia, Igreja e Voto: o envolvimento do clero católico nas eleições de 1982”.
Além de professor da USP, foi também pesquisador do Cebrap e, desde 2001, era secretário-geral da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.
Especialista em teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana, que fica em Roma, na Itália, Pierucci era um grande pesquisador. Publicou diversos artigos e escreveu livros sobre religião e política.
Um de seus principais trabalhos foi a tradução para o português de uma das obras do sociólogo alemão Max Weber (1864-1920), “A Ética Protestante e o ‘Espírito’ do Capitalismo”, o perfil do voto conservador em SP e o enfraquecimento do catolicismo, este último coincidindo com a ascensão das denominações neopentecostais.
No âmbito da pesquisa weberiana, publicou em 2003 O Desencantamento do Mundo – Todos os Passos do Conceito de Max Weber (editora 34), volume originado de sua tese de livre-docência na USP.
Na obra, Pierucci esmiúça a noção do título, segundo a qual a história do Ocidente testemunhou um lento processo de afastamento da religião de práticas e rituais místicos, mágicos.
No ano seguinte, o sociólogo, que integrou os quadros do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e foi secretário-geral da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), cuidaria da edição de A Ética Protestante e o ‘Espírito’ do Capitalismo (Cia. das Letras), obra-chave de Weber.
Um dos estudos mais importantes que realizaou, pioneiro no tema, analisava a relação entre o crescimento das igrejas neopentecostais e a relação delas com a política partidária.
Imagem evangélica
No campo da sociologia da religião, explica Prandi, o sociólogo vinha se dedicando à análise das estratégias dos evangélicos pentecostais para ingressar na mídia e mudar a imagem de suas denominações. Ele também se debruçava sobre as manifestações musicais desses grupos.
Além de O Desencantamento do Mundo, o acadêmico publicou a coletânea de ensaios Ciladas da Diferença (editora 34; 1999) e o livro A Magia (Publifolha; 2001).
No começo dos anos 1980, ao lado de Prandi e Antonio Manuel Teixeira Mendes, atual superintendente da Folha, Pierucci desenvolveu uma metodologia para o Datafolha (o então recém-criado instituto de pesquisas do Grupo Folha) que cruzava dados geográficos, de renda e sociais.
“Ele ajudou a entender os mecanismos que regem a decisão do eleitor, em um momento em que ainda havia poucos estudos a esse respeito. Radiografou o malufismo em São Paulo, por exemplo”, diz Mendes.
Atualmente, Antonio Flávio Pierucci era secretário-geral da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Pierucci nasceu no município de Altinópolis, no norte do Estado de São Paulo.
Pierucci faleceu em 8 de junho de 2012. Ele tinha 67 anos e morreu vítima de infarto em São Paulo.
A presidente Dilma Rousseff enviou um telegrama para a família de Pierucci lamentando a morte do pesquisador.
Segundo Reginaldo Prandi, professor de sociologia da USP e orientador da tese de doutorado de Pierucci, ele concluíra há pouco a revisão técnica de mais dois títulos weberianos, sobre as religiões da China e da Índia.
Em mensagem enviada por e-mail, o sociólogo e ex-presidente Fernando Henrique Cardoso lamentou a morte do colega. “Convivi extensamente com ele no Cebrap. Destacou-se sempre como pesquisador competente e intérprete refinado.”
(Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/noticias – INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS – NOTÍCIAS / Por: Cesar Sanson | 09 Junho 2012)
(Fonte: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2012/06 – Do G1 SP – 09/06/2012)