Zilda Xavier Pereira, foi uma das mais importantes militantes da luta armada contra a ditadura, Zilda Xavier Pereira

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Iara, Arnaldinho e Zilda, no exílio (Foto: Divulgação)

Iara, Arnaldinho e Zilda, no exílio (Foto: Divulgação)

Zilda Xavier Pereira (Recife, em 22 de novembro de 1925 – Brasília, em 22 de novembro de 2015), líder guerrilheira, foi uma das mais importantes militantes da luta armada contra a ditadura

Ela integrou o comando da Ação Libertadora Nacional, maior organização guerrilheira do país. Seus filhos Iuri e Alex Xavier Pereira, também guerrilheiros, foram assassinados por agentes da ditadura. Zilda foi companheira de militância e de amor do revolucionário Carlos Marighella (1911-1969).

Carlos Marighella vivenciou a repressão de dois regimes autoritários: o Estado Novo (1937-1945), de Getúlio Vargas, e a ditadura militar iniciada em 1964. Foi um dos principais organizadores da resistência contra o regime militar e chegou a ser considerado o inimigo número um da ditadura. 

Filha de pai ferroviário e mãe dona de casa de origem camponesa, Zilda Paula Xavier Pereira nasceu no Recife em 22 de novembro de 1925.

Em maio de 1945, recém-chegada ao Rio, Zilda incorporou-se ao Partido Comunista.

O PCB foi declarado ilegal em maio de 1947, e ela adotou o nome de guerra Zélia, reverência à sua camarada Zélia Magalhães, assassinada a bala por policiais em outro maio, do ano anterior, quando participava de um protesto no largo da Carioca.

Zilda foi uma das dirigentes da Liga Feminina da Guanabara, de incontáveis batalhas, até a associação ser banida pelo golpe de Estado de 1964.

Na casa dela, Carlos Marighella se reuniu com sargentos antes do encontro deles com o presidente João Goulart, em 30 de março daquele ano.

Em 1967, Zilda, o ex-marido e os filhos acompanharam Marighella na ruptura com o PCB.

A família foi pioneira da Ação Libertadora Nacional. No Rio, a ALN se estruturou em torno dos Xavier Pereira.

Eram guerrilheiros, empenhados nas ações armadas e na logística da ALN, Zilda, seu ex-marido, João Batista, e os filhos Iuri, Alex e Iara. Todos Xavier Pereira.

Com quem estavam os guerrilheiros Marighella e Virgílio Gomes da Silva quando compraram um Fusca para usar no assalto ao carro pagador do Instituto de Previdência do Estado da Guanabara? Com Zilda, cuja identidade na ALN era Carmem. Marighella foi visto na ação, em novembro de 1968, e acabou na capa da “Veja”.

Depois de abril de 1964, é possível que ninguém tenha passado tanto tempo com Marighella quanto Zilda. O último “aparelho” dos dois, no bairro carioca de Todos os Santos, jamais foi descoberto pelos beleguins da ditadura. Quem zelava pela segurança de Marighella na clandestinidade? Zilda.

O clip dos Racionais sobre Marighella, “Mil faces de um homem leal”, veicula declarações dele em conversa com uma moça. A voz é da então adolescente Iara. Onde ocorreu a gravação? No “aparelho” montado por Zilda.

Como essa fita sobreviveu? Porque Zilda a levou para o estrangeiro, onde a gravação foi anexada ao arquivo do célebre comunista Astrogildo Pereira. Poucas tiveram perdas como Zilda.

Ela perdeu Marighella em 4 de novembro de 1969, quando o guerrilheiro que incendiou o mundo foi fuzilado em São Paulo _Zilda estava no exterior.

No finzinho de janeiro de 1970, prenderam Zilda no Rio. Torturaram-na à exaustão, e nenhuma informação lhe arrancaram _a leitura do seu depoimento no Exército emociona até almas brutas. No futuro, ela diria que guardou seus segredos para honrar a memória de Marighella: “Eu via o Marighella na minha frente. Pensava: ‘Carlos Marighella não é homem para ser traído, eu jamais trairei Carlos Marighella’.”

As dores nos joelhos, decorrentes do pau-de-arara, infernizaram-lhe até o fim da vida. Com ajuda de companheiros e amigos, Zilda escapou do hospital em que a haviam internado, depois da simulação de surto de insanidade. Era 1º de maio de 1970, e ela só regressaria do exílio em 1979.

Quando Zilda estava fora do Brasil, esbirros da ditadura mataram seu filho Alex, 22.

Em seguida, Iuri, 23.

Não demorou, e foi a vez do companheiro de Iara, que estava grávida, o guerrilheiro Arnaldo Cardoso Rocha, 23.

Arnaldo não teve tempo de conhecer o filho, Arnaldinho. Já rapaz, o neto de Zilda morreu num acidente de carro.

Zilda sobreviveu às dores. Nunca mais pertenceu a partido algum. “Minhas organizações foram duas, o PCB e a ALN”, costumava me dizer.

Como escrevi em livro, se informação equivale a poder, Zilda foi um dos três dirigentes mais poderosos da ALN, junto com Marighella e o jornalista Joaquim Câmara Ferreira.

Zilda Xavier Pereira morreu em Brasília, em 22 de novembro de 2015, no dia dos seus 90 anos.

Zilda parte no aniversário dos 90. Sua saúde tinha se agravado 18 dias atrás, em 4 de novembro, quando foi vítima de paradas cardíaca e respiratória. Justo nos 46 anos da morte de Marighella.

(Fonte: http://blogdomariomagalhaes.blogosfera.uol.com.br/2015/11/22 – NOTÍCIAS/ Por Mário Magalhães – 22/11/2015)

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