Zhao Ziyang, ex-líder do Partido Comunista Chinês

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Zhao Ziyang, dirigente chinês deposto em 1989

Zhao Ziyang

Zhao Ziyang

O ex-líder chinês Zhao Ziyang: quinze anos de ostracismo

Zhao Ziyang (República Popular da China, 17 de outubro de 1919 – República Popular da China, 17 de janeiro de 2005), ex-líder do Partido Comunista Chinês. Zhao passou os últimos quinze anos de sua vida sob liberdade vigiada, depois de cair em desgraça por simpatizar com o movimento reformista estudantil e as manifestações da Praça da Paz Celestial, em 1989.

Zhao Ziyang, o político reformista derrubado da liderança do Partido Comunista da China em 1989 por opor-se aos massacres da praça Tiananmen (Paz Celestial), antes tido como herdeiro de Deng Xiaoping, a carreira do dirigente chegou ao fim quando visitou os manifestantes pró-democracia concentrados na praça.

Derrubado do poder, Zhao ficou em prisão domiciliar durante os últimos 15 anos de sua vida.

Zhao passou os últimos anos da vida atrás das portas vermelhas de uma casa da capital, tendo saído apenas para fazer visitas rápidas a outras Províncias ou para jogar golfe. Carros e policiais à paisana estavam sempre do lado de fora da residência dele.

O ex-secretário-geral do PC, acusado de dividir o partido por se opor à decisão de Deng Xiaoping de repreender os protestos na praça da Paz Celestial, continuava a ser uma figura política de destaque e o governo teme que sua morte detone novas manifestações.

Mas na fria manhã de segunda-feira, a praça da Paz Celestial era visitada apenas por alguns turistas, por alguns moradores de Pequim e por vários guardas. Bandeiras irlandesas podiam ser vistas tremulando para marcar a visita do primeiro-ministro da Irlanda, Bertie Ahern, a Pequim.

Os sucessores do homem ligado aos esforços de reforma econômica realizados pela China nos anos 1980 temem que a morte dele sirva de catalisador de manifestações de trabalhadores insatisfeitos com os altos índices de desemprego e de agricultores empobrecidos.

Zhao não foi visto em público desde 19 de maio de 1989, quando compareceu à praça e, chorando, pediu aos estudantes que deixassem o local. No dia seguinte, o governo declarou lei marcial e o Exército, com o apoio de tanques, entrou em ação. Nos dias 3 e 4 de junho, centenas de pessoas foram mortas.

Zhao perdeu o cargo de secretário-geral do partido e acabou substituído por Jiang Zemin, no poder até o final de 2002, quando deu lugar a Hu Jintao, atual dirigente do país.

Zhao morreu no dia 17 de janeiro de 2005, aos 85 anos, depois de uma série de derrames que o deixaram vários dias em coma, em Pequim. Temendo manifestações por democracia, o governo chinês mandou cercar a célebre praça e anunciou a morte de Zhao com um breve comunicado da agência de notícias oficial.

Não houve reações à morte de Zhao. “A liderança chinesa, de toda forma, tomou precauções”, disse Kenneth Lieberthal, da Universidade de Michigan. “Mas isso detonará um outro protesto? Não tenho ideia. Mas duvido que aconteça.”

(Fonte: Veja, 26 de janeiro, 2005 – ANO 38 – Nº4 – Edição 1889 – DATAS – Pág; 85)

(Fonte: http://noticias.uol.com.br/ultnot/reuters/2005/01/17 – PEQUIM (Reuters) – INTERNACIONAL/ Por Benjamin Kang Lim – 17/01/2005)

(Com reportagem de Tamora Vidaillet, John Ruwitch e Lindsay Beck em Pequim)

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Foi o primeiro líder chinês a se apresentar publicamente sem a túnica maoísta

Primeira visita de um chefe de governo chinês aos Estados Unidos

Zhao Ziyang (1919-2005), primeiro-ministro da China Popular entre 1980 e 1987. Filho de um próspero fazendeiro, Ziyang recebeu uma boa educação para os padrões da China revolucionária – tão boa que as marcas de sua origem rural rapidamente desapareceram quando iniciou a carreira diplomática, já escaldado pela militância no Partido Comunista, a que aderiu aos 19 anos. Desde que se tornou primeiro-ministro, em 1980, sua propalada habilidade renovou as credenciais de Pequim junto a países do Terceiro Mundo, estabilizou as fronteiras com a Índia e com a União Soviética e, reaproximou a China dos americanos.

Em 1967, com um ridículo chapéu cônico coberto de inscrições insultuosas, Zhao Ziyang, então dirigente de segundo escalão do Partido Comunista Chinês, foi obrigado a desfilar pelas ruas de Cantão, arrastado por fanáticos “guardas vermelhos”, os pontas de lança do gigantesco frenesi de radicalismo que então tomava conta da China. Estava-se em plena Revolução Cultural e Ziyang, um moderado, foi uma de suas centenas de milhares de vítimas. No início de janeiro de 1984, 16 anos depois da humilhação, o mesmo Zhao Ziyang, primeiro-ministro da China Popular, estava em Washington assinando tratados com o presidente Ronald Reagan, na primeira visita de um chefe de governo chinês aos Estados Unidos.

Praticamente desconhecido há poucos anos, Ziyang surpreendeu com suas maneiras de mandarim os correspondentes estrangeiros em Pequim quando foi guindado ao topo da hierarquia chinesa pelo homem forte da China pós-Mao-Tsé-tung e pós-Revolução Cultural, o poderoso Deng Xiaoping, 79 anos. No início de janeiro, Zhao Ziyang confirmou sua reputação, foi o primeiro líder chinês a se apresentar publicamente sem a túnica maoísta, quando, ainda na condição de membro de escalões inferiores da hierarquia, visitou o Japão em 1972.

FLERTE EFICIENTE – “A China abriu suas portas e nunca mais vai fechá-las”, anunciou Ziyang ao chegar a Washington. Aos 64 anos, muito jovem para desfrutar a aura revolucionária dos velhos líderes comunistas, ele construiu sua reputação em torno da simples eficiência. Competente tecnicamente, que sua autoridade não pode ser desafiada.

Protótipo do tecnocrata que obtém poder basicamente por trabalhar bem, Ziyang é um dos articuladores do processo de modernização em que se empenha a China desde 1979. Num discurso em 1979, considerou boa “qualquer estrutura, sistema, política ou medida que possa promover o desenvolvimento das forças produtivas na China”. Para varrer os previsíveis pruridos ideológicos, advertiu que só dois conceitos marxistas eram essenciais: o da propriedade coletiva dos meios de produção e o de pagar a cada um segundo o seu trabalho. “Não nos devemos conter como lagartas em casulos”.

(Fonte: Veja, 18 de janeiro, 1984 – Edição 802 – CHINA – Pág; 34)

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