Walter Bahr, era considerado uma lenda do futebol dos EUA, foi um dos protagonistas da maior zebra da história das Copas do Mundo

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A vida que levou Walter Bahr, o último sobrevivente da equipe dos EUA que bateu a Inglaterra em 1950

 

 

O americano Walther Bahr, à direita, disputa a bola com atacante inglês em partida no estádio Independência, em Belo Horizonte, na primeira fase da Copa do Mundo de 1950 (Foto: AFP PHOTO / STAFF)

 

 

 

Bahr foi um dos protagonistas da maior zebra da história das Copas do Mundo, herói dos Estados Unidos na Copa de 1950

 

Walter Alfred Bahr (Filadélfia, 1° de abril de 1927 – Boalsburg, Pensilvânia, 18 de junho de 2018), meio-campista era considerado uma lenda do futebol dos Estados Unidos, foi um dos responsáveis pela vitória dos Estados Unidos sobre a Inglaterra em 1950, considerado a maior zebra da história das Copas do Mundo.

 

Na tarde de 29 de junho de 1950, mais de 13 mil pessoas lotaram o acanhado estádio Independência, em Belo Horizonte, Minas Gerais, para assistir à partida Inglaterra versus Estados Unidos pela Copa do Mundo, realizada no Brasil. O interesse se devia unicamente à seleção inglesa, uma das favoritas para vencer o Mundial. Na estreia da fase de grupos, a equipe havia derrotado com facilidade o Chile por 2 a 0. Pegaria agora uma das barbadas do torneio e, por isso, decidiu deixar sua principal estrela, o atacante Stanley Matthews, no banco. A seleção americana, derrotada no primeiro jogo por 3 a 1 pela Espanha, reunia carteiros, lavadores de prato e professores que se dedicavam ao esporte nos fins de semana. O goleiro, Frank Borghi, era motorista de carro funerário. A diferença era tanta que, na véspera da partida, o jornal inglês Daily Express ironizou: “Seria justo dar à seleção americana três gols de vantagem”.

 

O resultado do jogo é considerado a maior zebra da história das Copas do Mundo. Um dos responsáveis pela vitória dos Estados Unidos por 1 a 0 foi o meio-campista Walter Bahr. Líder do time, o professor do ensino médio arriscou aos 37 minutos do primeiro tempo um chute de longa distância que se perderia na linha de fundo. Mas o atacante Joe Gaetjens mergulhou e conseguiu, de forma desajeitada, roçar a cabeça e deslocar o goleiro. “Não foi dos gols mais bonitos”, reconheceu Bahr seis décadas depois em entrevista ao jornal inglês The Guardian. Apesar da pressão, a seleção americana conseguiu segurar o resultado, graças à grande atuação do goleiro Borghi. Ao final, torcedores brasileiros invadiram o gramado, carregaram os anônimos heróis daquela quinta-feira e comemoraram a derrota de um dos principais adversários do Brasil.

 

Jogou na seleção americana até 1957, boa parte como capitão do time, e depois foi por 15 anos técnico da Universidade da Pensilvânia. Seus três filhos foram jogadores de futebol, dois dos quais defenderam o time olímpico americano.

 

Em uma entrevista ao site da liga americana de futebol em 2014, Bahr disse que, ao deixar o estádio, pensava nas críticas que seus adversários receberiam. “Não sabia se ficava feliz pelo que fizemos ou ficava triste por aqueles pobres rapazes ingleses”, afirmou. Ao Guardian, reconheceu que se tratou de um daqueles jogos “onde a melhor equipe perde”. “Sinto orgulho do que fizemos. Mas, se jogássemos contra a Inglaterra dez vezes, eles teriam ganhado nove”, disse.

 

Foi um momento único e luminoso de um grupo tecnicamente limitado. No jogo seguinte, a seleção americana perdeu de 5 a 2 para o Chile e foi eliminada. Abalados pelo vexame anterior, os ingleses foram derrotados pela Espanha por 1 a 0 e encerraram de forma bizarra seu primeiro Mundial — haviam se recusado a participar dos torneios anteriores por desavenças com a Fifa.

 

Apesar da façanha, não houve festa no retorno dos jogadores aos Estados Unidos. Foram recebidos apenas por suas esposas, amigos e parentes. O futebol interessava a pouca gente e os jornais praticamente ignoraram a vitória histórica — o New York Times deu apenas dois parágrafos. “O resultado do jogo foi um segredo bem guardado nos Estados Unidos, exceto para a comunidade do futebol”, afirmou Bahr.

 

Tudo mudou a partir da década de 1970, quando a liga americana contratou astros como Pelé e Beckenbauer, e, principalmente, a partir de 1994, quando o país sediou o Mundial. O futebol ganhou novos torcedores, e a vitória sobre os ingleses se tornou conhecida e admirada por um público mais amplo. Em 1996, Geoffrey Douglas lançou o livro The game of their lives (O jogo da vida deles), que virou em 2005 o filme Duelo de campeões, com Wes Bentley (no papel de Bahr), Gerard Butler (como o goleiro Borghi) e Jimmy Jean-Louis (no papel do haitiano Gaetjens, que defendeu a seleção americana apesar de sua nacionalidade).

 

Último sobrevivente daquele time, Bahr morreu dia 18 de junho de 2018, aos 91 anos, na cidade de Boalsburg, Pensilvânia, por complicações decorrentes da quebra do fêmur.

(Fonte: https://epoca.globo.com/esporte/noticia/2018/06 – ESPORTE / NOTÍCIA – 22/06/2018)

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