Waltel Branco, compositor do horário nobre, arranjador de obra magistral de tons variados que foi muito além do rosa da ‘Pantera’ de Henry Mancini

0
Powered by Rock Convert

Waltel Branco, o compositor do horário nobre

 

 

Waltel Branco deixa, como arranjador, obra magistral de tons variados que foi muito além do rosa da ‘Pantera’ de Henry Mancini

 

 

 

Waltel Branco (Paranaguá, 22 de novembro de 1929 – Rio de Janeiro, 28 de novembro de 2018), músico, maestro e compositor paranaense

 

 

Waltel Branco foi arranjador da trilha sonora do filme Pantera Cor de Rosa, de autoria de Henry Mancini, e dos temas de novelas como “O Bofe”, Selva de Pedra”, “Escrava Isaura” e “Irmãos Coragem”. Foi autor do tema da novela “Assim na Terra como no Céu”, da Rede Globo. Participou ainda de composições com diversos artistas, inclusive estrangeiros, promovendo o nome de Paranaguá por onde passava.

 

 

Waltel Branco nasceu em Paranaguá em 22 de novembro de 1929. O primeiro contato com a música foi na igreja e seus estudos musicais se aprofundaram no seminário. Aos 20 anos ele se mudou para Curitiba, com o irmão, mesmo ano que foi para o Rio de Janeiro e, em seguida, para Cuba, para aperfeiçoar seus conhecimentos musicais.

 

Na imprensa especializada foram publicadas matérias jornalísticas afirmando Waltel Branco foi considerado pioneiro na criação de estilos musicais como o Jazz Fusion. O músico morou também nos Estados Unidos, em 1950, e com o cantor João Gilberto criou a Bossa Nova. Morou ainda na Europa e na Ásia, especializando-se em trilhas sonoras.

 

 

Trabalhou com o músico norte-americano Nat King Cole e outros nomes importantes da música dos Estados Unidos. Conheceu o maestro Henry Mancini e como ele fez composição e arranjo para a icônica trilha sonora da Pantera Cor-de-Rosa.

 

 

Em toda a carreira compôs cerca de 5.000 músicas e arranjos. Tocou com cantores brasileiros como Tom Jobim, Roberto Carlos, Dorival Caymmi, Nana Caymmi, Cazuza, Tim Maia, Djavan, Cartola, Gal Costa, Maria Creuza, Vanuza, dentre outros. Na Argentina fez parceria também com os renomados cantores Mercedes Sosa e Astor Piazzola.

 

 

O trabalho de Waltel está presente em boa parte dos discos mais sofisticados que se gravaram no Brasil entre as décadas de 50 e 80. Como responsável pelas trilhas sonoras de novelas da Rede Globo de 1965 até meados dos anos 80, influenciou o gosto musical do brasileiro. De Irmãos Coragem ao especial Pirlimpimpim, tudo tinha um pouco de Waltel, que compunha as músicas-tema usadas nas aberturas das novelas, a música incidental (aquela que se ouve enquanto transcorre a cena), selecionava e fazia os arranjos das canções e compunha parte das trilhas internacionais.

 

Paralelamente, criava peças eruditas para violão, que gravou em quatro discos. Foi homenageado em composições de Guerra Peixe (Prelúdio nº 4 para violão solo) e Radamés Gnattali (Tocata em ritmo de samba nº 2 para violão solo e Estudo nº 2).

 

A natureza técnica do trabalho de arranjador manteve Waltel Branco longe dos holofotes. Era uma unanimidade entre músicos e um desconhecido para o grande público. Numa guinada curiosa, próximo dos 80 anos voltou para a cidade natal, Curitiba, e foi descoberto por músicos e admiradores, muitos deles mais jovens, que o cercavam de atenções. Viveu assim, circulando pelas ruas do centro em elegantes ternos claros e chapéu panamá ou protegido do frio curitibano – de que não gostava – por sobretudos que guardou dos tempos de vacas gordas. Até que, há pouco mais de um ano, foi viver com a filha Jael, em um apartamento em Jacarepaguá, onde morreu em decorrência da diabetes. A família – além de Jael, tinha mais dois filhos – não divulgou imediatamente a morte de Waltel, o que alguns amigos atribuem ao fato de que não pensavam no pai como uma pessoa pública.

 

Waltel Branco era filho de um militar que tocava instrumentos de sopro na banda do Exército, em Curitiba. Por acaso, ele nasceu na cidade de Paranaguá, prematuro, durante um passeio da família. Desde menino quis aprender música, porém os pulmões fracos de criança nascida antes da hora não deixaram que seguisse o rumo do pai. Pensou no violão como alternativa, mas o pai foi contra por causa da má fama do instrumento na época – o violão era o instrumento por excelência do bas-fond . Tanto Waltel insistiu que o pai o autorizou, mas com a condição de que só tocasse clássicos e jamais se apresentasse em botequins. Ele seguiu o combinado. Além do violão clássico, estudou canto gregoriano e regência. Mais tarde, teria aulas de composição com Paulo Silva e Cláudio Santoro e de técnica de violão com Andrés Segóvia, na Espanha.

Mal saído da adolescência, foi para Cuba e tocou com os músicos de jazz e de salsa Mongo Santamaría e Chico O´Farrel. Anos depois, voltaria a Havana a convite de Fidel Castro para formar uma orquestra.

 

Em 1950, mudou-se para os Estados Unidos, onde estudou música incidental com Stanley Wilson, que era o mais prolífico compositor de trilhas sonoras de Hollywood. Durante a temporada americana, tocou e gravou com músicos de jazz como Mel Lewis, Max Bennet e Louis Armstrong. Nessa época, trabalhou com o arranjador Quincy Jones e, por intermédio dele, teria colaborado em alguns arranjos de Henry Mancini.

 

De volta ao Brasil, Waltel foi morar em uma pensão no Rio de Janeiro, onde dividiu um quarto com João Gilberto, que o apresentou à turma da bossa nova. Mas Waltel tinha também outra turma, a das bandas que tocavam sambalanço nas boates de Copacabana. Ele próprio se apresentou por muito tempo na Drink ao lado de estrelas daquele gênero, como Miltinho e Ed Lincoln.

 

Sua reputação de arranjador sofisticado, mas capaz de fazer trabalhos de apelo popular, já era grande, e ele passou os anos seguintes trabalhando com muitos compositores, de Baden Powell e Luiz Bonfá a Djavan e Cazuza – “Faz parte do meu show” tem a marca registrada de Waltel, com o violão em primeiro plano e a entrada gradual dos outros instrumentos.

Também fez arranjos para Dorival Caymmi (o mais conhecido é o de “Retirantes”, a canção do lerê, lerê que abria A escrava Isaura ), Flora Purim, Maria Creuza, Vanusa, Zé Kéti, Pery Ribeiro, Carlinhos Vergueiro, Sérgio Ricardo, Toni Tornado, Jane Duboc, Elis Regina e Tim Maia.

 

 

O jornalista Felippe Aníbal, que está escrevendo um livro sobre Waltel Branco, diz que há mitos que cercam o maestro. O mais repetido é o de que teria composto o tema da Pantera Cor-de-Rosa para o filme de Blake Edwards. A canção, uma das mais conhecidas do século XX (é aquela que repete taram taram), está registrada em nome de Henry Mancini. Waltel gravou um LP em 1966 chamado “Mancini também é samba”, em que apresenta e interpreta arranjos que fez para sucessos do compositor americano, entre eles o tema da Pantera Cor-de-Rosa, que havia sido lançado três anos antes. Talvez venha daí a confusão sobre a autoria, que o curitibano não esclareceu. Para Felippe Aníbal, ele se queixou: “Fiz coisas mais importantes, mais elaboradas, e as pessoas se lembram do tema da Pantera Cor-de-Rosa”.

 

 

Na velhice, Waltel viveu com os poucos recursos de uma aposentadoria minguada e dos direitos autorais de cerca de 400 composições – não tinha o registro de muitas mais que fez em parceria com outros músicos – gerando em torno de si outro mito, o do músico talentoso que é deixado na penúria. Segundo os amigos, sua situação financeira se deveu mais ao seu desapego e desinteresse por planejamento. Quando ganhava bem, viveu bem.

Nos últimos anos, enfrentou o avanço da surdez que o levou a compor sem tocar um instrumento, criando a música diretamente na pauta. Alguns desses seus trabalhos tardios foram entregues a amigos. A maioria ficou nas caixas que mantinha há décadas com os arranjos originais e que agora pertencem à família.

(Fonte: https://epoca.globo.com – MÚSICA / Por Marleth Silva – 14/12/2018)

(Fonte: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2018/12/15 – POP & ARTE – MÚSICA / Por Mauro Ferreira, G1 15/12/2018)

(Fonte: https://www.correiodolitoral.com – Por Redação em 14 dez, 2018)

Fonte: Osvaldo Capetta / Prefeitura de Paranaguá

Powered by Rock Convert
Share.