Vânia Bambirra, foi um dos mais importantes nomes da Teoria Marxista da Dependência ao lado dos economistas Theotônio dos Santos e Ruy Mauro Marini

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Cientista política e militante Vânia Bambirra

Grande nome da vertente marxista da Teoria da Dependência, Vânia publicou diversos livros em espanhol.

Theotônio dos Santos, Vânia Bambirra e Herbert de Souza, o Betinho, na chegada ao Brasil após o exílio – (Arquivo O Globo)

Vânia Bambirra (Belo Horizonte, 1940 – Rio de Janeiro, 9 de dezembro de 2015), cientista política e militante. Ela foi um dos mais importantes nomes da Teoria Marxista da Dependência e, apesar de ser mineira de nascimento, foi exilada durante a Ditadura Militar e escreveu a maior parte de seus livros em espanhol.

Ao lado de intelectuais, como Ruy Mauro Marini, André Gunder Frank e Theotonio dos Santos, formulou a Teoria Marxista da Dependência, uma interpretação crítica, marxista não-dogmática, dos processos de reprodução do subdesenvolvimento na periferia do capitalismo.

Durante o seu bacharelado em Sociologia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 1961, integrou um grupo com vários intelectuais, entre eles Theotonio do Santos, para defender a recente Revolução Cubana, que ainda gerava dúvidas em todo o continente. Participou também da Organização Revolucionária Política Operária (Polop), que “previu” o Golpe de 1964.

Após a vitória dos militares no Brasil, começou uma peregrinação pela América Latina. Primeiro foi para o Chile, onde produziu muitos dos seus livros e integrou o Centro de Estudos Socio-Econômicos (Ceso), onde desenvolveu juntos com diversos marxistas uma nova leitura da realidade latino-americana e influenciou o programa de governo de Salvador Allende. Após o golpe de Pinochet, foi para o México onde escreveu “Revolução Cubana – Uma Interpretação”, até hoje uma das obras mais importantes sobre o processo ocorrido na ilha. Ela também se tornou doutora em economia pela Universidade Nacional Autônoma do México (Unam) já em 1988.

A militante marxista Vânia Bambirra, uma das criadoras da Teoria da Dependência e cientista política reconhecida na América Latina pela autoria de obras fundamentais para a compreensão, e destruição, do capital. Nascida em Minas Gerais e filha de um militante do Partido Comunista Brasileiro, Bambirra militou na Organização Revolucionária Marxista-Política Operária (Polop) e durante a ditadura militar foi obrigada a deixar o país, seguindo para o Chile, onde aprofundou os estudos sobre as transformações que ocorriam nas relações da América Latina com as potências imperialistas. Atingida no Chile pelo golpe militar de Pinochet, Vânia mudou-se, junto com outros militantes, para o México, onde permaneceu até 1979, quando retornou para o Brasil com a anistia.

Em 1979 volta anistiada para o Brasil e entra para o PDT de Leonel Brizola. Já em 1990, se torna professora titular do departamento de Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UNB). Ainda trabalhou, entre 2001 e 2002, da Secretaria de Estado de Administração e Reestruturação do Governo do Estado do Rio de Janeiro e membro do conselho fiscal do Banerj.

Suas críticas ao reformismo, que nos anos 80 ganharam força principalmente com a consolidação do PT, fizeram com que seus estudos não ganhassem a repercussão devida no país, ao contrário do que ocorreu em diversos outros países sul-americanos, onde suas obras possuem maior destaque. Bambirra manteve sua militância e dedicação no busca do avanço da teoria revolucionária em toda sua vida.

Comunista atenta às mudanças da forma de dominação do capitalismo, foi uma defensora do caminho revolucionário e jamais permitiu que as novas formas de dominação social e econômica nublassem a real perspectiva de ruptura com a burguesia. Por isso sempre situou a Revolução Cubana como um marco na história dos países latino-americanos.

“Eu queria entender o mundo, e era o marxismo que me dava os instrumentos para isso” disse Vânia em entrevista para o Instituto de Estudos Latino Americanos (Iela) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). No mesmo depoimento explicou que seu sobrenome é inventado. “Meu avô era Braga, mas como chamavam ele de Bamba e ele era birrento, ficou Bambirra”.

Vânia Bambirra faleceu em 9 de dezembro de 2015, no Rio de Janeiro.

(Fonte: http://www.mmarxista5.org/nacional – NACIONAL – 10 de dezembro de 2015)

(Fonte: https://www.brasildefato.com.br – BRASIL DE FATO – CULTURA / Por Bruno Pavan, De São Paulo (SP) – 10 de dezembro de 2015)

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