União Europeia

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União Europeia: 60 anos de avanços e crises

 

União Europeia

Foto de 19 de março de 1951 das negociações sobre o projeto europeu – (Foto: INTERCONTINENTALE/AFP/Arquivos)

 

 

Do Tratado de Roma até Maastricht, passando pela criação do euro e pela crise migratória, esses são os momentos que marcaram os 60 anos de construção europeia.

Tratado de Roma

Foto dos líderes europeus em Roma – AFP

– Ata de nascimento –

Em 9 de maio de 1950 Robert Schuman (1886—1963), ministro francês de Relações Exteriores, coloca a pedra fundamental europeia ao propor à Alemanha, apenas cinco anos após o fim da guerra, integrara produção franco-alemã de carvão e aço em uma organização aberta a todos os países da Europa.

Um ano depois é assinado o Tratado de Paris, que criou a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA), pela Alemanha, Bélgica, França, Holanda, Itália e Luxemburgo.

Em 25 de março de 1957 os seis países assinam em Roma o Tratado de Fundação da Europa Política e Econômica, que institui a Comunidade Econômica Europeia (CEE), mercado comum baseado na livre circulação com a o fim das barreiras alfandegárias entre os Estados-membros.

No início de 1958 são criadas instituições comunitárias: o Conselho, a Comissão e a Assembleia Parlamentar.

– A CEE cresce –

Em janeiro de 1973 o Reino Unido, a Dinamarca e a Irlanda se unem à CEE, seguidos pela Grécia (1981), Espanha e Portugal (1986), Áustria, Finlândia e Suécia (1995).

O Tratado de Maastricht (Holanda), segunda ata de fundação da construção europeia, é assinado em 7 de fevereiro de 1992. O acordo estipula a adoção da moeda única e instaura a União Europeia.

Desde janeiro de 1993 o Mercado Único se transforma em realidade com a libre circulação das mercadorias, serviços, pessoal e capital. Apenas em março de 1995 os acordos de Schengen (Luxemburgo) permitem aos cidadãos membros da UE de viajarem sem controles fronteiriços.

Em 1 de janeiro de 2002 o euro entra na vida cotidiana de cerca de 300 milhões de pessoas. Somente Grã-Bretanha, Dinamarca e Suécia optam por conservar suas moedas nacionais.

No dia seguinte da queda do muro de Berlim, em 1989, e com a subsequente desintegração da União Soviética, os países do leste europeu começam o processo de adesão à UE.

Em maio de 2004 o bloco abre suas portas para Polônia, República Tcheca, Hungria, Eslováquia, Lituânia, Letônia, Estônia, Eslovênia, mas também para Malta e Chipre.

Bulgária e Romênia entram em 2007 e a Croácia em 2013.

– Tempos de crise –

Na primavera de 2005 a recusa a uma constituição europeia pelos eleitores franceses e holandeses mergulha a UE em uma crise institucional.

O Tratado de Lisboa, destinado a melhorar o funcionamento das instituições de uma UE ampliada, tenta tirar o bloco da crise. Foi ratificado com dificuldade em 2009.

Nesse mesmo ano o governo grego anuncia um forte aumento de seu déficit, primeira sinal de alarme de uma grande crise financeira. Grécia, Irlanda, Espanha, Portugal e Chipre pedem ajuda a seus sócios e ao Fundo Monetário Internacional (FMI), que impõe drástricas medidas de austeridade.

Em plena crise financeira, a crise da dívida derruba um a um dos governos europeus, aumentando a desconfiança com a UE.

Recém saída da crise financeira, a UE enfrenta sua pior crise migratória desde o fim da Segunda Guerra Mundial, com a chegada de milhares de solicitantes de asilo. A UE fracassa na implementação de um plano de ação para conter a crise.

Em setembro de 2015 a Alemanha, que abriu suas portas aos imigrantes, reinicia o controle de fronteiras. A decisão de Berlim repercute em outros países, principalmente da Europa central, que não querem receber refugiados.

A crise do Brexit foi um novo golpe na União Europeia, já debilitada pelo avanço das formações antieuropeias. Em junho de 2016 cerca de 17,4 milhões de britânicos, 51,9% dos eleitores, votam a favor da saída do Reino Unido da UE, algo nunca imaginado.

(Fonte: http://istoe.com.br – EDIÇÃO Nº 2467 – União Europeia – NOTÍCIAS – ARTIGOS – AFP – 25.03.17)

 

UE: a história do sonho europeu em sete capítulos

 

As delegações da Bélgica, França, Alemanha Federal, Itália, Luxemburgo e Países Baixos, durante a decisão sobre o tratado que deu origem à Comunidade Econômica Europeia (CEE) - AFP/Arquivos

As delegações da Bélgica, França, Alemanha Federal, Itália, Luxemburgo e Países Baixos, durante a decisão sobre o tratado que deu origem à Comunidade Econômica Europeia (CEE) – (AFP/Arquivos)

 

 

A União Europeia, criada pelo Tratado de Roma há 60 anos e ameaçada pela separação do Reino Unido, é a última tentativa na longa e sangrenta história da unificação do continente europeu.

Estas foram as tentativas de unificar, sob a mesma bandeira, povo ou nação, mais notáveis da história do Velho Continente.

– Império Romano –

QUANDO: 27 a.c.- 476, e sua queda ante os povos germânicos.

ONDE: Desde o norte da Inglaterra até o norte da África, da costa atlântica europeia até o Oriente Médio.

A visão de uma Europa unida tem estado ancorada no tempo. Há séculos imperadores expandiram a sua influência através de um território ainda maior do que o atual da UE.

O tratado fundador da União Europeia, o Tratado de Roma de 1957, foi assinado em uma cidade que foi a sede da civilização europeia e do poder centralizado por meio milênio.

Roma sobreviveu mais tempo do que qualquer outro regime, ruindo finalmente em meio a lutas internas, suas ambições e invasões bárbaras.

– Carlos Magno –

QUANDO: 768-814

ONDE: do leste europeu ao oeste da França, e uma grande parte da Itália.

Roma foi o centro do projeto europeu lançado por Carlos Magno, o rei dos francos.

Instalado principalmente em Aachen, na Alemanha, Carlos Magno lutou em guerras sem fim para unir seu vasto reino sob um trono e foi coroado imperador de Roma pelo Papa Leão III (750-816), sendo o primeiro desde a queda do Império Romano.

Cristão fervoroso, Carlos Magno impôs sua fé através das fronteiras feudais da Europa, instituindo reformas políticas e um renascimento intelectual.

O Sacro Império Romano perdurou depois de Carlos Magno, mas como uma confederação de ducados alemães e cidades-Estado.

– Carlos V –

QUANDO: 1515-1555

ONDE: Espanha, Itália, Alemanha, Holanda e América do Sul.

O único governante do Sacro Império Romano que procurou a unidade da Europa em uma escala comparável à da União Europeia de hoje foi Carlos de Habsburgo.

Carlos V era um belga francófono, de mãe espanhola e pai flamengo, que tentou construir uma Europa com base em um catolicismo convicto, leis comuns e colonialismo.

Mas os europeus provaram ser muito díspares e pouco dispostos a pagar impostos para um autocrata com sede na Bélgica, com o qual tinha pouco em comum.

Carlos V abdicou depois de governar por 34 anos, aposentando-se em um mosteiro na Espanha

– Napoleão Bonaparte –

QUANDO: 1799-1815

ONDE: Da Espanha até os arredores de Moscou

A Revolução Francesa, filha do Iluminismo, mudou a Europa para sempre, especialmente porque um ditador corsa tentou impor seus valores além do que é a atual UE.

Influenciado pela Roma antiga, Napoleão transformou a Revolução Francesa em um império familiar, e embarcou em uma década de batalhas militares, que terminou com sua derrota final em Waterloo, agora um subúrbio de Bruxelas.

Napoleão sentia profundamente o passado romano da Europa. Deu a Paris um Arco do Triunfo de estilo romano para celebrar seus soldados caídos na guerra e criou a Legião de Honra, uma ordem de distinção, como o Legio Honoratorum romano.

Também evocou Carlos Magno em sua coroação imperial em 1804.

– Victor Hugo –

QUANDO: anos 1840

Após o Congresso de Viena, que marca o fim das guerras napoleônicas, a Europa tornou-se um continente de Estados-nação que trabalham em conjunto de forma prudente para preservar um equilíbrio de poder nas mãos de forças conservadoras.

Contra isso, os intelectuais como o francês Victor Hugo e o italiano Giuseppe Mazzini (1805-1872) defendiam um Estados Unidos da Europa, baseado na paz e num propósito comum que alimentaria as revoluções de 1848, que serviram de base para as visões da Europa posterior à Segunda Guerra Mundial.

– Adolf Hitler –

QUANDO: 1938-1945

ONDE: A maior parte da Europa, partes do Norte da África e Rússia

A visão de Europa de Hitler sob a suástica nazista era menos um sonho do que uma busca distorcida do “Lebensraum” (espaço vital) para uma Grande Alemanha.

Roma voltou a ser uma inspiração, sob a forma da águia nazista e outra iconografia marcial, bem como os grandes projetos de arquitetura de Hitler.

Havia também grandes reminiscências napoleônicas, particularmente no que foi outra tentativa fracassada de conquistar a Rússia.

Boris Johnson, atual ministro britânico de Relações Exteriores, provocou indignação em 2016 quando comparou a UE com Napoleão e Hitler.

– União Europeia –

QUANDO: 1957 – ?

ONDE: Os atuais 28 membros

Em 1950, apenas cinco anos após a Segunda Guerra Mundial, o ministro francês das Relações Exteriores, Robert Schuman, apresentou propostas para uma união econômica entre a França e a Alemanha Ocidental, inspirado pelas ideias do economista Jean Monnet (1888–1979), que durante muito tempo foram consideradas como uma fantasia pacifista.

Um ano depois, seis países – Bélgica, França, Alemanha, Itália, Luxemburgo e Holanda – instituíram a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, com base no Tratado de Roma, assinado em 25 de março de 1957, estabelecendo o precursor da UE.

O Reino Unido tornou-se o primeiro país a deixar a União, mas a UE é um capítulo na história da Europa que permanece inacabado.

(Fonte: http://istoe.com.br – EDIÇÃO Nº 2467 – União Europeia – NOTÍCIAS – ARTIGOS – AFP – 25.03.17)

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