Tornou-se a primeira mulher a comandar uma grande bolsa de valores norte-americana

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Adena Friedman, de estagiária a CEO da Nasdaq

Executiva norte-americana fez carreira dentro da empresa e tornou-se a primeira mulher a comandar uma grande bolsa de valores norte-americana.

 

Adena Friedman, 52, é uma executiva norte-americana. Desde janeiro de 2017, ela ocupa o cargo de CEO da Nasdaq, bolsa de valores eletrônica sediada em Nova York, nos Estados Unidos. É a segunda maior bolsa do mundo, se considerado o valor de capitalização de mercado das empresas listadas, atrás apenas da concorrente Bolsa de Valores de Nova York (NYSE, na sigla em inglês). Lá são negociadas as ações de algumas da empresas mais badaladas do mundo, como Apple, Alphabet (Google), Amazon, Microsoft, Facebook e Netflix.

Friedman é a primeira mulher a chefiar uma grande bolsa de valores dos Estados Unidos. Ela é funcionaria de carreira da empresa. Entrou em 1993, como estagiária, e galgou posições ao longo dos anos até chegar a diretora Financeira, em 2009. Saiu em 2011 para trabalhar como diretora Financeira da empresa de private equity Carlyle Group. Em 2014, retornou à Nasdaq como diretora de Operações.

São prioridades da executiva a diversificação dos negócios e a consolidação da Nasdaq como uma grande empresa de tecnologia. Além do pregão, a companhia fornece soluções tecnológicas para bolsas de valores e outros empreendimentos ao redor do mundo. “Nós fornecemos o tipo de tecnologia que hoje movimenta o mercado de capitais pelo mundo”, disse Friedman ao jornal The New York Times.

Mais recentemente, ela tem batalhado para aumentar a diversidade no mercado. Em 2020, a Nasdaq apresentou à comissão de valores mobiliários dos EUA (SEC, na sigla em inglês) proposta para exigir das companhias listadas a publicação de dados internos sobre o tema. Além disso, as empresas devem incluir em seus conselhos pelos menos dois membros que se enquadrem no conceito, ou explicar por que não os têm. A SEC aprovou o requerimento em agosto de 2021.

A nova regra requer um conselheiro mulher e outro de uma minoria sub-representada, ou LGTBQ+. “Nós apoiamos a proposta porque ela representa um passo adiante para os investidores na diversidade dos conselhos”, diz nota da SEC. Segundo o órgão regulador, há uma demanda crescente por maior diversidade nas empresas, e a medida da Nasdaq aumenta a qualidade das informações disponíveis aos investidores para tomada de decisões.

Internamente, a Nasdaq já havia adotado uma política de entrevistar pelo menos uma mulher ao selecionar alguém para uma vaga de executivo sênior. “Isso realmente faz a diferença”, comentou a executiva, segundo o NYT.

Ela comandou o negócio durante a pandemia de Covid-19 e disse que a empresa estava preparada para uma rápida transição para o modelo de trabalho remoto. “Mas nós tivemos que gerenciar o maior volume [de transações]já visto na história dos mercados de ações e de opções dos Estados Unidos”, declarou Friedman à McKinsey Quartely, publicação da consultoria McKinsey. “Foi realmente um período muito intenso, especialmente para os nossos funcionários”, acrescentou.

Quem é Adena Friedman

Adena Robinson Testa nasceu em Baltimore, Maryland, nos EUA, em 17 de janeiro de 1969. Ela é filha do casal Michael David Testa e Adena W. Testa. O pai trabalhava da empresa de asset management T. Rowe Price, onde chegou a diretor de Investimentos. A mãe, advogada, foi sócia do escritório de advocacia Stewart, Plant & Blumenthal, em Baltimore.

“Meus pais se casaram quando ainda estavam na faculdade, então minha mãe não se formou imediatamente. Ela teve filhos, mas voltou a estudar na [Universidade] Jonhs Hopkins. Quando eu tinha nove anos, ela decidiu entrar na faculdade de Direito e acabou se tornando a primeira mulher sócia do escritório [em que trabalhava]”, contou Friedman ao NYT.

A executiva diz que a transformação da mãe, de dona de casa em tempo integral em profissional de sucesso, teve forte influência em sua formação. O pai, no entanto, costumava levar a filha ao escritório e despertou seu interesse pelo mercado, influenciando na escolha da profissão. “Foi uma parte importante do que me atraiu ao setor”, afirmou Friedman ao Wall Street Journal. Ela tem um irmão que seguiu carreira no mercado financeiro também.

Esta escolha, porém, não foi imediata. Estudou numa escola só para meninas, a Roland Park Country School, em Baltimore. “Eu queria ser astronauta”, disse. Apesar do incentivo de seu professor de Ciências, não levou a ideia adiante.

De 1987 a 1991, fez faculdade no Williams College, em Massachusetts, onde se formou em Ciência Política. Chegou a trabalhar com o então senador e futuro vice-presidente dos EUA, Al Gore, mas ficou decepcionada com a lentidão da política e chegou à conclusão que nos negócios poderia ter um “impacto mais imediato”. Ela é filiada ao Partido Democrata, segundo o jornal Washington Post.

 

De 1991 a 1993, estudou na escola de negócios da Universidade Vanderbilt, em Nashville, no Tennessee, onde obteve um MBA. Ao terminar, começou a trabalhar na Nasdaq.

 

No mesmo ano, 1993, ela se casou com Michael Cameron Friedman, “um advogado que se tornou ceramista”, de acordo com o Washington Post. O casal tem dois filhos.

 

Liderança feminina

Friedman afirma que nunca se sentiu discriminada na Nasdaq por ser mulher, embora tivesse poucas colegas quando entrou na empresa. Ela conta que seu chefe na época não fazia distinções. “Quando fui promovida pela primeira vez, eu estava grávida”, disse. O superior replicou: “Tudo bem, você vai sair por três meses e depois estará de volta”. “Ele nem levou isso (o fato de ela ser mulher e estar grávida) em consideração ao tomar a decisão (de promovê-la)”, observou.

E lá ela ficou. Foi chefe área de produção de dados, do setor de estratégia corporativa e diretora financeira. De acordo com seu perfil no site da Nasdaq, Friedman teve papel de destaque na estratégia de aquisições promovida pela empresa, que resultou nas compras da plataforma eletrônica de negociações Inet, usada em bolsas da Escandinávia e dos Balcãs; da OMX, operadora das bolsas de Copenhague, Estocolmo, Helsinque, entre outras; e das bolsas da Filadélfia e de Boston. Isso transformou a Nasdaq de fato numa multinacional.

De 2011 a 2014, como diretora financeira da Carlyle Group, Friedman trabalhou ativamente no processo de abertura de capital da empresa. De volta à Nasdaq, ela assumiu o cargo de diretora de Operações, até tornar-se CEO, em 2017, em substituição a Robert Greifeld, que esteve à frente do negócio de 2003 a 2016.

 

Carreira de Adena Friedman

 

A executiva tem fé no mercado de capitais, defende que as empresas lancem ações em bolsa desde o início e quer que os investimentos sejam cada vez mais acessíveis ao cidadão comum. Em sua opinião, as pessoas deveriam poder investir em novos negócios e não só quando as companhias já estão maduras e, só então, decidem abrir o capital.

 

Segundo o Washington Post, ela se refere em parte às “unicórnios”, startups que valem mais de 1 US$ bilhão. Os investimentos nos estágios iniciais do negócio são geralmente restritos, e os pequenos investidores acabam de fora “dos anos de maior crescimento destas companhias”.

 

Adena Friedman foi escolhida pela revista norte-americana Forbes como uma das 100 mulheres mais poderosas do mundo em 2020. Ela ocupa a 33a posição. A revista Fortune, por sua vez, a colocou na 43a posição em sua lista de mulheres mais poderosas de 2021. Ambas as publicações destacam a proposta de diversidade nos conselhos das empresas, apresentada pela Nasdaq.

 

Fortune ressalta que as tecnologias fornecidas pela Nasdaq são utilizadas atualmente em 130 mercados internacionais. Em 2020, a empresa faturou US$ 5,6 bilhões, uma aumento de 32% sobre 2019. O ganhos de Friedman no ano passado são estimados em quase US$ 16 milhões. “Eu trabalho pacas”, disse ela ao WP.

 

A executiva é faixa preta em taekwondo, esporte que começou a praticar ao levar os filhos nas aulas. À BBC, ela disse que a arte marcial a ajudou a ser mais corajosa nos negócios. “É uma grande disciplina para corpo e a mente. Me deu a sensação que o sucesso está sob meu controle”, afirmou. “Me ajudou também a ter menos medo de levar um soco [metafórico]. Eu sei que podem me acertar, e isso não é a pior coisa do mundo”, acrescentou.

 

Em 06 de outubro de 2020, a CEO da Nasdaq participou de uma reunião com o presidente dos EUA, Joe Biden, e outras lideranças empresariais. Ela falou que muita demora na aprovação da elevação do teto da dívida do país pode fazer com os mercados reajam “muito, muito negativamente”.

(Fonte: https://www.infomoney.com.br)

Para saber mais

Entrevista para a McKinsey Quartely

Entrevista para a revista Time

Entrevista para a BBC

Entrevista para o WP

Entrevista para o NYT

Reportagem do WSJ

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