“Todo ser humano tem potencial, mas ele depende muito de alguém que dê força.” Miro Bayer, tricampeão estadual do Circuito Sesc de Corridas

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“Todo ser humano tem potencial, mas ele depende muito de alguém que dê força.”

Dos Jogos Abertos de Panambi a uma trajetória, como atleta, que contribuiu na formação de sua personalidade e nos seus relacionamentos diários, o corredor Miro Bayer completou em setembro de 2013, 40 anos de Cotripal, na qual trabalha no setor de contabilidade.

Natural da linha Mambuca, em Condor, Miro, veio residir em Panambi, com sua família, aos 6, e corre desde 1977 representando a Associação dos Funcionários da Cotripal (Afucopal). “Para correr não tem idade. Esses dias não apareceu na TV um chinês de 102 anos que ainda corre?”, questiona Miro. Hoje a Afucopal tem uma equipe de corredores formada, que em abril completou nove anos e disputa anualmente em torno de 30 competições.

Em um ambiente de sua casa especialmente dedicado à sua coleção de conquistas e participações, são aproximadamente 250 medalhas – segundo ele, umas 75 de 1º lugar e outras 75 de 2º – e 50 troféus, além de várias fotos de suas participações e premiações. “Estar no pódio, principalmente lá em cima, no 1º lugar, no alto, é uma satisfação inexplicável”, revela. Bastante extrovertido, e dono de um alto astral facilmente perceptível logo nos primeiros minutos de conversa, Miro orgulha-se de tudo o que conseguiu construir a partir de sua trajetória como atleta – e não estamos falando apenas de suas conquistas, mas, principalmente, dos laços de amizade criados durante estes 36 anos e dos vínculos pessoais que cultivou. “O atletismo me trouxe tudo. Família, saúde, amizades”, afirma o atleta, casado e pai de dois filhos, de 28 e 14 anos.

Tricampeão estadual do Circuito Sesc de Corridas (2008 e 2009, na categoria de 50 a 54 anos, e 2012, dos 55 aos 59) e bicampeão do extinto Enescoop (Encontro Estadual Esportivo de Cooperativas) em 1982 e 1983, Miro começou no atletismo em 1977, nos também extintos Jogos Abertos de Panambi, organizados pela Câmara Júnior (JCI), que envolviam e movimentavam bastante a cidade. Miro começou despretensiosamente – ele se inscreveu apenas para ser um dos representantes da Afucopal nas provas de atletismo, sem ter experiência. No dia 7 de setembro daquele ano, correu os 800m e terminou em 2º lugar. Dois dias depois, com uma estratégia diferente, correu os 1.500m – e venceu. “Nos 800m, fiz uma largada muito intensa, passei a maior parte da prova na frente, mas nos últimos 80 metros me amoleceram as pernas e fui ultrapassado. Para os 1.500m, um colega de Cotripal me recomendou que eu não largasse daquele jeito, que eu conduzisse a prova com mais calma e no final desse um pique, um gás. Nos últimos 300 metros dei uma arrancada e deixei o adversário comendo poeira”, diverte-se ao relembrar, falando com um ar de nostalgia.

Miro e a equipe de corredores da Afucopal, que já correram em diversas cidades da região e do Estado, sempre tiveram o apoio da cooperativa em suas disputas, mas o corredor lamenta muito aquilo que ele enxerga como uma falta de incentivo dos governos ao atletismo. “Todo ser humano tem potencial, mas ele depende muito de alguém que dê força. Sozinho é difícil. A motivação do atleta depende de apoio”, diz.

Sobre aquilo que o atletismo proporcionou
“Eu sempre chego em casa bem-humorado, não tem mau humor para mim. E também, sempre que vou a outras cidades para disputar provas, o pessoal me conhece, vem me cumprimentar, então o atletismo possibilita isso, essa integração, sem contar a saúde: em 40 anos de Cotripal, só tive um dia de atestado. Hoje eu me sinto um cara realizado em tudo, não me sinto frustrado por nada. Potencial para ir adiante na carreira eu tinha, mas pensar em ser um grande atleta do mundo, um profissional, nisso eu nunca pensei. Isso exige muito, exige sacrifício, e eu não iria largar emprego e família.”

Sobre perseverança em sua vida
“Às vezes eu brinco: eu nunca mudei de time, nunca mudei de mulher, de empresa, de religião, eu procuro ser perseverante. Então, em tudo aquilo que eu faço, procuro perseverar e dar o melhor de mim. Para a prática do atletismo, você precisa gostar, levar uma vida saudável, cuidar da alimentação, não ter vícios, e manter a disciplina, porque chega o inverno, um frio danado, de zero grau, e dá vontade de ficar dentro de casa. Não. É a saúde em primeiro lugar, é querer estar com a equipe, estar motivado, sempre querendo correr mais, melhorar seu tempo e buscar seus objetivos.”

Sobre conhecer o seu limite
“A gente nunca sabe se chegou ao nosso limite. Dificilmente o ser humano conhece totalmente o seu potencial, o seu limite. Ele sempre procura melhorar. E no atletismo, o que estimula é cada segundo que o atleta melhora no seu tempo, isso vai dando um estímulo maior. Talvez, com a minha idade, eu reduza viagens longas e desgastantes para competir, mas não penso em parar, porque sei os benefícios que o esporte traz. Se você passa um dia sem treinar, parece que falta alguma coisa. Quando eu dou uma treinada e depois chego em casa, aí sim posso dizer que meu dia está completo.”

Sobre como o atletismo é encarado no País
“Lamento que os governos invistam pouco no atletismo. Na minha maneira de ver, está faltando incentivo para outras modalidades que não o futebol. Eu cheguei até aqui porque a própria cooperativa sempre me deu apoio. É o que eu digo: todo ser humano tem potencial, mas ele depende muito de alguém que dê força. A motivação do atleta depende de apoio. Já vi muitas pessoas de Panambi com potencial desistirem por falta de apoio. E tirar dinheiro do próprio bolso para pagar combustível, alimentação, pedágio, isso não dá. Se formos comparar com outros países, estamos muito atrasados.”

(Fonte: http://www.toprevista.com.br – A Revista – Galeria – Edição Nº 155 – Maio/2013)

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