Tarso de Castro, foi um dos fundadores, em 1969, de O Pasquim

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Crítica: A vida extraordinária de Tarso de Castro

 

Tarso de Castro (Passo Fundo, 11 de setembro de 1941 – São Paulo, 20 de maio de 1991), boêmio inveterado, jornalista gaúcho, um dos fundadores, em 1969, de O Pasquim, do qual foi editor por 80 edições, juntamente com Jaguar, Sérgio Cabral, Luiz Carlos Maciel, dentre outros.

Em 35 anos de carreira, foi editor de semanários e de cadernos como o Folhetim, da Folha de S.Paulo.

Assinou colunas em revistas e jornais. Com seu estilo crítico e irreverente, fez um número grande de desafetos, mas parecia deliciar-se com isso.

“Eu trabalho pra burro pra conseguir inimigos”, dizia Tarso.

Tarso de Castro faleceu em São Paulo, dia 20 de maio de 1991, aos 49 anos, de insuficiência hepática, desde a década de 70, depois de receber ordens dos médicos para parar de beber, mas não obedecia.

Em 1988, teve a primeira crise de cirrose hepática, foi internado dezenas de vezes e se candidatou a um transplante de fígado. Os médicos acharam que, pelo estado em que se encontrava, o transplante não era indicado.

(Fonte: Veja, 29 de maio de 1991 – ANO 24 – Nº 22 – Edição 1184 – DATAS – Pág: 91)

 

 

 

 

 

 

 

Na berlinda da moral

Pautado pelo bom humor e por uma lúcida mirada histórica sobre a arte da imprensa, “A vida extraordinária de Tarso de Castro” é muito mais do que um filme-retrato: é um painel de época sobre as incongruências morais do jornalismo brasileiro nos anos 1960, 70 e 80. É um documentário que se candidata ao posto de matéria de estudo obrigatória para futuros repórteres não apenas por registrar o lado gonzo (em primeira pessoa, e uma primeira pessoa quase sempre alcoolizada) de se correr atrás da notícia, mas por resgatar a dimensão literária de um texto de jornal ou revista. Jaguar, Eric Nepomuceno e Luiz Carlos Maciel ajudam a dar a medida de quem foi o jornalista e escritor gaúcho, morto de cirrose aos 49 anos, em 1991, responsável, entre outras façanhas, pela criação de “O Pasquim”. A revista foi um sopro de Iluminação (com “I” maiúsculo) na Idade das Trevas da ditadura militar, fazendo da irreverência um antídoto contra a censura e intolerância de farda.

 

O brilhantismo e humor de Tarso de Castro na telona (Foto: DIREITOS RESERVADOS)

 

 

Há muito memorialismo em cena no longa de Leo Garcia e Zeca Brito, sobretudo no garimpo de imagens de arquivo. Há um interesse especial pelas pitorescas formas de agir de Tarso: sua forma de abordar seus entrevistados é provocativa, fazendo do escracho um método quase poético de intervenção e de troca. A edição favorece o riso e os afetos mais tenros e ternos, sem diminuir a abrasividade de seu documentado.

(Fonte: http://www.jb.com.br/cultura/noticias/2018/05/24 – Jornal do Brasil – CULTURA – NOTÍCIAS / Por (R.F.) – 24/05/2018)

 

 

 

 

Irreverente, Tarso de Castro criou o histórico Folhetim nos anos 1970

Antes de trabalhar na Folha, jornalista gaúcho editou O Pasquim

 

 

O jornalista Tarso de Castro foi uma das figuras mais controversas e irreverentes que passaram pela Folha, segundo a maioria das pessoas que trabalharam com ele – e também entre os desafetos.

 

Nascido em Passo Fundo (RS), foi um dos fundadores em 1969, do Pasquim, jornal carioca editado por ele. Mais tarde, trabalhou na Folha, onde foi editor da Ilustrada e criou o suplemento semanal Folhetim, em janeiro de 1977. Provocava abertamente a ditadura militar em seus textos.

 

Um dos criadores do famoso Pasquim (símbolo de um jornalismo autoral e satírico, que fez frente à ditadura militar), Tarso foi editor da Ilustrada e criador do Semanário Folhetim, cujo primeiro número circulou em 23 de janeiro de 1977.

 

Um dos elementos que vieram com Tarso foram a linguagem mais coloquial e direta, a ousadia criativa e política, a inovação visual, além da voz das figuras de vanguarda do mundo da cultura e da política.

 

Suas colunas tinham forte componente político em tempos de ditadura militar. De esquerda, Brizolista e inconformado com a censura, fazia provocações abertas ao regime em seus textos.

 

Parte dos cuidados que o jornal tomava para não causar problemas com o poder fazia com que todas as colunas, especialmente as de Tarso, fossem lidas pela chefia e até mesmo pelo então publisher da Folha, Octavio Frias de Oliveira (1912-2007). Ambos tinham afeto mútuo, e Tarso só aceitava cortes ou ajustes se fossem sugeridos pelo seu Frias (como era chamado) e discutidos com ele.

 

Tarso deixou o jornal no final do mesmo ano, mas voltou, em 1982, como colunista da Ilustrada.

 

Tarso, porém, acabou saindo da Folha por conta de um processo de transformação pelo qual passou nos anos 1980, o chamado projeto Folha, comandado pelo então diretor de Redação, Otavio Frias Filho (1957-2018), e no qual o estilo de Tarso não se ajustaria.

 

(Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/folha-100-anos/2020/11 – HUMANOS DA FOLHA / por Sylvia Colombo – 5.nov.2020)

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