Tab Hunter, galã gay que arrancou suspiros adolescentes nos anos 1950

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Estrela de ‘O Parceiro de Satanás’, o ator era um dos grandes ícones da Hollywood dos anos 50

 

 

O ator Tab Hunter em foto de 2013. (Foto: Fred Prouser/Reuters)

 

 

Tab Hunter, galã que arrancou suspiros adolescentes nos anos 1950

 

 

O ator Tab Hunter em casa, em Los Angeles, por volta de 1955 – (Foto: Earl Leaf / Michael Ochs Archives / Getty Images)

 

 

Ator americano teve de esconder namoro com ator de Psicose

 

Tab Hunter (11 de julho de 1931 – 8 de julho de 2018), ator norte-americano, um dos ícones de Hollywood nos anos 1950.

 

Hunter foi uma das estrelas mais populares do cinema norte-americano noa ano 1950, graças a filmes como Montanhas em Fogo Qual Será Nosso Amanhã. Além da carreira como ator, Hunter se destacou também como o cantor da música Young Love, que chegou a liderar a lista de músicas mais populares dos EUA, a Billboard Hot 100.

 

Resumo do galã dos anos 1950 – loiro, alto, bronzeado, de rosto quadrado-, o nova-iorquino ganhou o apelido de “o cara dos suspiros” por sua imensa base de fãs.

 

Incensado pelas adolescentes, Hunter viveu também as adversidades que artistas gays enfrentaram, várias das quais descritas na autobiografia com a qual anunciou a sua saída do armário, em 2005.

 

Nascido em julho de 1931, como Arthur Andrew Kelm, filho de pais separados, mudou-se com a mãe para a Califórnia na infância e largou os estudos para se juntar à Guarda Costeira quando era adolescente.

 

O porte atlético e o rosto bem barbeado despertaram os olhos de agentes. Seu primeiro papel de destaque nos cinemas foi vivendo o marinheiro de “Ilha do Deserto”(1952). Ali, ele passa a maior parte da trama descamisado.

 

Naquela década, quando o sistema dos estúdios ainda vivia o seu auge, Hunter assinou contrato com a Warner Bros.

 

No estúdio, atuou em filmes como “Qual Será Nosso Amanhã”, “Mares Violentos”, “Montanhas em Fogo” e “Impulsos da Mocidade”, nos quais fez uma sucessão de militares, caubóis e universitários de olhos sonhadores.

 

 

O ator Tab Hunter em 1967 (AP)

 

 

Foi quando ele namorou o também ator Anthony Perkins (o Norman Bates de “Psicose”). Para driblar tabloides e suspeitas da indústria, os dois tinham que sair sempre acompanhados de outras duas mulheres, fingindo que se tratava de casais heterossexuais.

 

 

Entre Natalie Wood e Peggy Lee o ator Tab Hunter posa em premiação, em 1955. (AP Photo, File)

 

 

Em sua autobiografia, “Tab Hunter Confidential: The Making of a Movie Star”, que virou documentário da Netflix, o ator conta que tinha de armar encontros públicos com atrizes para ludibriar jornalistas.

 

“O dilema é que ser verdadeiro comigo mesmo, e me refiro à sexualidade, era impossível em 1953”, escreveu o ator no livro de memórias.

 

Em meio ao nascente rock’n’ roll, Hunter se lançou como cantor fazendo a mais bem-sucedida versão de “Young Love”, quarta música mais ouvida em todo o ano de 1957, segundo a revista “Billboard”.

 

No ano seguinte, o galã protagonizou seu filme mais famoso, a comédia “O Parceiro de Satanás”, de George Abbott (1887-1995) e Stanley Donen.

 

Na história, um homem de meia idade vende a alma ao Diabo em troca da vitória de seu time de beisebol. O demônio vai além: rejuvenesce o torcedor e o transforma num craque do esporte, vivido por Hunter.

 

A “O Parceiro de Satanás” se seguiram “Lutando Só pela Glória”(1958) e “Mulher Daquela Espécie” (1959). Nesse último, dirigido por Sidney Lumet, fez par amoroso com a italiana Sophia Loren.

 

 

O ator Tab Hunter e a atriz Tuesday Weld em jantar em Los Angeles em 27 de julho de 1959. (Foto: AP)

O ator Tab Hunter e a atriz Tuesday Weld em jantar em Los Angeles em 27 de julho de 1959. (Foto: AP)

 

 

 

A partir dos anos 1960, a carreira de Hunter entrou em decadência. Perdeu seu posto de galã para atores mais jovens e passou a fazer filmes bem menos aclamados, caso de “Mar Raivoso” (1964) e “Monstros da Cidade Submarina” (1965). A partir daí, foi mais presente nos palcos da Broadway.

 

No começo dos anos 1980, o ator teve uma breve reabilitação nos cinemas graças ao diretor John Waters, o papa das produções underground.

 

Em “Polyester” (1981), primeiro filme comercial de Waters, interpretou Todd Tomorrow, o alvo amoroso da dona de casa Francine, vivida pela travesti Divine. Os dois atores voltariam a trabalhar juntos no faroeste cômico “A Louca Corrida do Ouro”, em 1985.

 

O astro de Hollywood mantinha um relacionamento há mais de 30 anos com o produtor Allan Glaser. Hunter confirmou ser homossexual apenas em 2005, ao publicar uma autobiografia, Tab Hunter Confidential: The Making of a Movie Star, que se tornou um sucesso de vendas nos EUA. O livro foi adaptado para um documentário pela Netflix.

Tab Hunter morreu em 8 de julho de 2018, aos 86 anos, três dias antes do seu 87º aniversário.

Aposentado desde 1992, Hunter deixa o marido, o produtor de cinema Allan Glaser.

O romance secreto que teve com Anthony Perkins vai virar um filme, produzido por J. J. Abrams e Zachary Quinto. A produção vai se chamar “Tab & Tony”.

(Fonte: https://cultura.estadao.com.br/noticias/cinema – NOTÍCIAS – CINEMA – CULTURA / Por EFE – 09 Julho 2018)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Tab Hunter, o Don Juan gay de Hollywood que morreu esquecido

Hunter era o protótipo do americano puro sangue, o orgulho de qualquer sogra, um “gato” – ou “pão”, como então se dizia

 

 

 

Tab Hunter – (Silver Screen Collection / Agência O Globo)

 

 

 

 

Seu rosto enfeitava os cadernos das adolescentes da década de 1950 no mundo inteiro. Alto, louro, olhos azuis, aplomb e bronzeado de surfista, Tab Hunter era o protótipo do americano puro sangue, o orgulho de qualquer sogra, um “gato” — ou “pão”, como então se dizia. Pura estampa, palpável “star power”, não exalava inteligência ou sensibilidade especial, o oposto de seu companheiro de geração e estúdio James Dean.

Ao morrer precocemente, Dean virou lenda. Ao viver seis décadas e 73 filmes a mais que o concorrente, Hunter ganhou tempo de sobra para suportar o ostracismo. Seu “crepúsculo dos deuses” anoiteceu de vez no último domingo, quando uma parada cardíaca o fulminou três dias antes de ele completar 87 anos. Aposentado desde 1992, vivia num rancho da Califórnia, na companhia de cachorros, cavalos — sua maior paixão — e do produtor e factótum Allan Glaser — sua segunda maior paixão.

Ao contrário de Tony Curtis, a gamação das garotas da década anterior, Hunter não deu o pulo do gato. Além do talento para uma metamorfose igual a que Curtis logrou, faltaram-lhe os papéis necessários ao upgrade. Encarnou caubóis, estudantes, variados tipos atléticos e rurais e até guia de cemitério — na comédia macabra O ente querido —, mas a imagem mais corriqueira que dele ficou foi a de um eterno soldado em dramas de guerra e paz, vez por outra envolvido com mulheres mais velhas: Linda Darnell em Ilha do deserto, Dorothy Malone em Qual será nosso amanhã? e Sophia Loren em Mulher daquela espécie.

Trabalhou com diretores de renome — Joseph Losey, William Wellman, Raoul Walsh, Stanley Donen, Sidney Lumet —, mas não em seus filmes de maior envergadura. É possível supor que sua carreira teria tomado outro rumo se ele fosse confirmado no papel que acabou sendo entregue a James Dean em Juventude transviada, embora maior seja a suspeita de que o ídolo teen dos tempos da brilhantina não convenceria como um rebelde sem causa.

Nascido em Nova York com o nome de Arthur Kelm, já se chamava Art Gelien, por imposição materna, ao chegar a Hollywood, onde atraiu a atenção de um caçador de talentos quando recolhia, sem camisa, o estrume dos cavalos de uma academia de equitação. Por sorte, não era um olheiro qualquer, mas Henry Willson, que descobrira Rhonda Fleming, Jennifer Jones, e transformara um ex-caminhoneiro chamado Roy Fitzgerald em Rock Hudson. Antes de ser submetido ao primeiro teste diante de uma câmera — só lhe pediram que tirasse a camisa —, Art Gelien já era Tab Hunter.

 

Mas o filho predileto de Gertrude Gelien só conheceu o estrelato ao compor um par romântico com Natalie Wood em Montanhas em fogo Impulsos da mocidade. No embalo, arriscou-se numa carreira paralela de cantor, que não foi além do primeiro single, uma baladinha chamada “Young love”, que, depois de cinco semanas no topo do hit parade, em 1957, sumiu de todas as vitrolas sem deixar vestígio.

Na mesma época, numa jogada publicitária que funcionou com Rock Hudson, fabricaram um envolvimento amoroso entre Hunter e Wood, que não deu nem podia dar em nada, pois ela amava Robert Wagner, e seu parceiro na tela também tinha outros interesses. A exemplo de Rock Hudson e inúmeros Don Juan de Hollywood, Hunter era gay.

 

Só em suas memórias, publicadas em 2005, o ator tornou público seu segredo de polichinelo. Teve um longo caso com o ator Anthony Perkins, namorou o bailarino russo Rudolf Nureyev e o patinador Ronnie Robertson, mas a queda de sua popularidade, a partir dos anos 1960, nada teve a ver com sexo. Substituído na preferência do estúdio e no coração das fãs por um fac-símile cinco anos mais jovem, Troy Donahue, Hunter buscou na televisão um recomeço que lhe deu sustento, mas não o lustro almejado.

 

Seu show na TV durou um ano e fez apenas aparições em inúmeros seriados famosos; ao buscar, como Clint Eastwood, um novo caminho na Europa, conseguiu até uma estrela de xerife num faroeste espaguete. O mercado, porém, já fizera suas escolhas, todas morenas.

 

Redescoberto aos 50 anos por um cineasta underground, John Waters, o antigo garotão da Warner revelou-se às novas gerações em Polyester, comédia ultrajante — no bom sentido —, em que dividia a marquise com o travesti Divine, dupla insólita que prometia outras pândegas, mas que foram interrompidas pela morte de Divine, em 1988. Aí, sim, deu por encerrada sua perseverante carreira.

(Fonte: https://epoca.globo.com – A VIDA QUE ELE LEVOU – TRIBUTO / POR SÉRGIO AUGUSTO – 15/07/2018)

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