Suzana Amaral, foi premiada por dirigir o filme “A Hora da Estrela”, baseado no livro homônimo de Clarice Lispector

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Suzana Amaral, de ‘A Hora da Estrela’

Cineasta deixa um legado precioso de filmes baseados em obras literárias

 

Amaral foi premiada por dirigir o filme “A Hora da Estrela”, baseado no livro homônimo de Clarice Lispector.

A cineasta, que entrou na universidade depois dos 40 anos, com nove filhos, dirigiu mais de 50 filmes ao longo da vida

Suzana Amaral Rezende (São Paulo, 28 de março de 1932 – Hospital Sírio Libanês, no Centro de São Paulo, 25 de junho de 2020), roteirista, cineasta, diretora e professora. Cineasta de ‘A hora da estrela’. Filme foi premiado no Festival de Berlim, em 1986, com o Urso de Prata de melhor atriz a Marcélia Cartaxo.
Com mais de cinquenta filmes sob a sua direção, na década de 60, mais especificamente em 1968, Suzana prestou vestibular para o curso de Cinema na Escola de Comunicação e Arte da Universidade de São Paulo (USP) e passou. Enquanto conciliava os estudos, a na época universitária também era mãe de nove filhos e prestes a se tornar avó. Uma combinação que afrontava os padrões impostos na época, em que a ditadura militar cerceava direitos com tanta truculência. Nesta época, os primeiros curtas-metragens de sua carreira foram lançados: Eu sou Vocês, Nós Somos Eles, Semana de 22 e Sua Majestade, Piolin.
Em 1972, com o diploma de cineasta já em mãos, Suzana passou a ocupar as salas da ECA por uma outra perspectiva, como professora de roteiro e fotografia. Para aprimorar ainda mais seu repertório acadêmico, em 1976, o próximo passo na sua vida é o mestrado em direção de cinema na Tisch School of the Arts da New York University (NYU), nos EUA, que foi feito concomitantemente ao curso de atuação e direção de filmes no Actor’s Studio. O resultado desse período de estudos foi o documentário Minha Vida, Minha Luta, premiado como melhor média-metragem no Festival de Brasília.

Onde tem uma vontade tem um caminho

De volta ao Brasil, Suzana fez história também com o seu trabalho na televisão com produção e direção em programas para a TV Cultura de São Paulo até 1987, como o curta-metragem Erico Veríssimo (1975), que na época foi feito como uma homenagem póstuma ao escritor. Além disso, também dirigiu a série Pensamento e Linguagem e A Casa de Bernarda Alba, uma adaptação da obra do escritor espanhol Federico García Lorca. Em 1979, seu curta Minha Vida, Nossa Luta recebeu o prêmio de Melhor Filme no Festival de Brasília com o curta  (melhor filme). Na época, a obra serviu de base a atuação dos movimentos pelas creches da periferia de São Paulo.
A Hora da Estrela, filme baseado no romance de Clarice Lispector, teve seu roteiro escrito por Suzana em 1984.  Com a sua direção, a obra caiu  nas graças do público e da crítica. Os prêmios foram muitos também: doze no Festival de Brasília; o Urso de Prata de melhor atriz para a protagonista Marcélia Cartaxo no Festival de Berlim; Festival de Havana, entre outros europeus, asiáticos e latino-americanos. Já nos anos 2000, Suzana filmou o longa-metragem Uma vida em segredo, (2001), Hotel Atlântico (2009).
Suzana Amaral foi uma das maiores cineastas do Brasil, a diretora que conseguiu transpor para o cinema obras literárias de extrema complexidade, como A Hora da Estrela (1985), baseado no livro de Clarice Lispector, que garantiu à atriz Marcélia Cartaxo o prêmio de melhor interpretação no Festival de Berlim de 1986. A adaptação manteve fidelidade ao texto original, mas acrescentou maior dramaticidade à história da jovem nordestina Macabéa, orfã de pai e mãe que se muda para São Paulo para ser datilógrafa e acaba atropelada por um carro de luxo. Só mesmo a sensibilidade de uma realizadora com uma experiência de vida singular (ela criou nove filhos) para tratar com sobriedade e respeito um clássico da literatura brasileira.

Ousada, Suzana também adaptou obras contemporâneas consideradas “intransponíveis’, como Hotel Atlântico (2009), sobre um homem angustiado rodeado pela presença da morte desde que testemunha o transporte de um cadáver num hotel. O filme amplia o universo do romance de João Gilberto Noll, funcionando como uma alegoria da abertura política de um país dominado pela ditadura. A diretora ainda recorreria à grande literatura brasileira para filmar Uma vida em segredo, em 2001, baseada na obra homônima de Autran Dourado.

Há registros na imprensa do nascimento de Suzana em 1928 e 1932, mas ela dizia em entrevistas que não gostava de falar qual era sua idade.
Suzana Amaral dirigiu três longas de ficção durante mais de 35 anos de carreira, e com eles teve uma presença marcante no cinema brasileiro.
Todos os filmes foram adaptações de obras literárias. A estreia foi em “A hora da estrela”, de 1985, baseado no texto original com mesmo nome de Clarice Lispector.
“A hora da estrela” foi consagrado no festival de Berlim, e levou dois prêmios paralelos de direção (o OCIC e o C.I.C.A.E. Award), um Urso de Prata de melhor atriz para Marcelia Cartaxo e uma indicação ao Urso de Ouro para Suzana.
Em 2001, ela lançou o filme “Uma vida em segredo”, baseado na obra homônima de Autran Dourado.

Ela também dirigiu diversos documentários e programas para a TV Cultura. Em 2009 saiu “Hotel Atlântico”, com roteiro adaptado de um romance de João Gilberto Noll, estrelado por Júlio Andrade.

Os dois filmes mais recentes renderam diversos prêmios nacionais, como o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro e no Festival do Rio, e estrangeiros, como nos festivais de Lima e Cartagena.

Suzana Amaral nasceu em São Paulo e se formou em cinema pela Escola de Comunicação Social e Artes da USP, cursado entre 1968 e 1971. Sua estreia como diretora se deu em 1971 com o curta “Sua majestade piolim” sobre o famoso palhaço e suas ligações com o teatro popular; e com “Semana de 22”, um panorama da Semana de Arte Moderna.

Suzana Amaral faleceu na tarde de hoje, 25 de junho de 2020, no Hospital Sírio Libanês, no Centro de São Paulo, aos 88 anos, em consequência de problemas respiratórios.
Segundo o hospital, em 2019, ela teve um AVC e ficou com a saúde fragilizada.
(Fonte: https://www.terra.com.br/diversao/cinema – DIVERSÃO / CINEMA / Por Antonio Gonçalves Filho (Estadão Conteúdo) – 25 JUN 2020)
(Fonte: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/06/25 – POP & ARTE / NOTÍCIA / Por G1 SP – 25/06/2020)
(Fonte: https://claudia.abril.com.br/noticias – NOTÍCIAS / Por Da Redação – Atualizado em 25 jun 2020)

(Fonte: Zero Hora – ANO 57 – N° 19.748 – 27 E 28 JUNHO 2020 – MEMÓRIA / TRIBUTO – Pág: 42)

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