Stéphane Courtois, ex-maoísta convertido em crítico feroz do marxismo, é um historiador especializado sobre o comunismo

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Stéphane Courtois (Dreux, França, 25 de novembro de 1947 – ), ex-maoísta convertido em crítico feroz do marxismo, é um historiador especializado sobre o comunismo

Courtois argumenta no livro (“O Livro Negro do Comunismo”), lançado em janeiro de 1998, na França para coincidir com o octogésimo aniversário da Revolução Bolchevicque na Rússia e sete depois de a União Soviética sucumbir, onde a trajetória do comunismo pode ser traçada sob variadas perspectivas – mas nenhuma delas é mais dramática e ilustrativa que a contabilidade do número de vítimas.

Stéphane Courtois argumenta que o crime é intrínseco ao comunismo e não apenas um instrumento de Estado ou um desvio stalinista de uma ideologia de princípios humanitários. Courtois também sugere a equiparação do comunismo ao nazismo, com base na ideia de que ambos partilham a mesma lógica do genocídio.

“Os mecanismos de segregação e de exclusão do totalitarismo de classe são muito parecidos com os do totalitarismo de raça”, escreve Courtois.

Courtois criou a semente da discórdia, organizador da obra, implantou na introdução as teses que irritaram a tal ponto os outros autores que por pouco a publicação não foi suspensa. Courtois foi acusado de sensacionalista e de “obcecado” em atingir a cifra de 100 miçhões de mortos com o objetivo de causar impacto publicitário.

Não há dúvida de que abusou do estudo para esticar o máximo possível a contagem de mortos, sobretudo em relação à América Latina, onde foram juntados na mesma contabilidade as vítimas de Cuba, única experiência efetivamente comunista do hemisfério, com as do sandinismo na Nicarágua e as do grupo terrorista Sendero Luminoso no Peru.

Os 150 000 mortos latino-americanos encontrados por Courtois significam um número injustificado e estapafúrdio, sob qualquer ponto de vista. Pode-se dizer que Fidel Castro provocou um êxodo significativo de seus conterrâneos (20% dos 11 milhões de cubanos vivem no exílio), mas em matéria de mortos seu desempenho é relativamente modesto.

No auge do paredón, nos anos 60, quando o regime podia alegar que enfrentava resistência armada à revolução, entre 10 000 e 17 000 cubanos teriam sido executados. Mais recentemente, foi em 1994, quando 20 000 balseros se lançaram ao mar para fugir de Cuba em embarcações precaríssimas, que se teria registrado um número expressivo de mortos, a maioria afogada na tentativa desesperada de vencer o Estreito da Flórida.

Diferenças na conta de chegada não invalidam o debate mais amplo proposto por Stéphane Courtois a respeito dos crimes do comunismo e de seu parentesco com o nazismo. Ambos, beberam na mesma origem totalitária. Compartilhavam da mesma crença no partido único, na ideologia incontestável e no domínio total do aparato estatal pelo partido. E ambos recorrem maciçamente à polícia política e à repressão implacável de dissidentes.

 

 

(Fonte: Veja, 4 de fevereiro de 1998 – ANO 31 – Nº 5 – Edição 1532 – HISTÓRIA/ Por Izalco Sardenberg – Pág: 58/61)

 

 

 

 

 

 

 

 

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