Stanislav Petrov, era responsável por monitorar mísseis contra a URSS. Numa falha, seu equipamento acusou um ataque americano, mas ele decidiu esperar para avisar seus superiores, evitando um contra-ataque soviético.

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Oficial soviético que ajudou a evitar uma guerra nuclear

 

Stanislav Petrov

Em 1983, este homem salvou o mundo do apocalipse nuclear (Foto: Imgur/ Reprodução)

 

 

Stanislav Yevgrafovich Petrov (Ucrânia, 7 de setembro de 1939 – 19 de maio de 2017), oficial soviético que impediu uma crise nuclear entre os EUA e a URSS e, por conseguinte, uma possível III Guerra Mundial na década de 1980

Stanislav Petrov era responsável por monitorar mísseis contra a URSS. Numa falha, seu equipamento acusou um ataque americano, mas ele decidiu esperar para avisar seus superiores, evitando um contra-ataque soviético.

Em 26 de setembro de 1983, Stanislav Petrov trabalhava no monitoramento de lançamentos de mísseis em países inimigos. Nas primeiras horas daquele dia, os sistemas de alerta balístico da União Soviética detectaram mísseis vindo em sua direção.

Leituras de dados de computador sugeriam que havia sido lançado um ataque dos Estados Unidos. O protocolo soviético determinava que a atitude a ser tomada em casos como esse seria o lançamento imediato de um ataque nuclear de retaliação.

Mas Petrov decidiu não relatar o ataque a seus superiores, apostando na interpretação de que se tratava de um alerta falso.

Ele tinha ordens claras de, em casos como esse, reportar imediatamente o ocorrido a seus superiores. A opção segura seria a de passar a responsabilidade das decisões para seus superiores.

Mas sua decisão pode ter salvado o mundo.

Stanislav Petrov nunca se considerou um herói, embora tenha contribuído decisivamente para impedir uma catástrofe. (Foto: El Confidencial/ EFE / Reprodução)

“Eu tinha todos os dados (que sugeriam um ataque de mísseis em andamento). Se eu tivesse mandado meu relato para meus superiores, ninguém teria contestado meus dados”, disse Petrov à BBC 30 anos depois daquele dia. Mas Petrov congelou diante da situação.
“A sirene tocou, mas fiquei parado por alguns segundos, encarando a tela vermelha com a palavra ‘lançado’ escrita”, disse. O sistema, com bom nível de confiabilidade, estava alertando sem grandes margens para dúvida de que os Estados Unidos tinham lançado um míssil.
“Um minuto depois, a sirene soou de novo. Um segundo míssil havia sido disparado. Depois um terceiro, um quarto e um quinto. Os computadores mudaram o alerta de ‘lançado’ para ‘ataque de mísseis'”.
“Não havia regras sobre quanto tempo tínhamos para ponderar antes de relatar um ataque. Mas nós sabíamos que cada segundo de adiamento era uma perda de tempo precioso, e que a liderança política e militar da União Soviética precisava ser alertada sem atrasos”.
“Tudo que eu precisava fazer era pegar o telefone e fazer contato direto com os altos comandantes — mas eu não conseguia me mexer. Eu me sentia como se estivesse sentado em cima de uma frigideira”, lembrou Petrov.
Ele resolveu consultar fontes secundárias, como especialistas que operam radares de satélites, que disseram não ter detectado mísseis. Mas o que mais chamou sua atenção foi a intensidade dos alertas feitos pelos computadores.
“Havia 28 ou 29 testes de segurança. Depois que o alvo fosse identificado, o alerta teria que passar por todos esses testes. Eu não via como isso podia ser possível nessas circunstâncias”.
Petrov chamou o plantonista do quartel-general do Exército soviético e alertou para uma falha no sistema. Caso estivesse errado, a primeira explosão nuclear poderia acontecer em poucos minutos.
“Vinte e três minutos depois percebi que nada tinha acontecido. Se um ataque de verdade tivesse acontecido, eu já teria recebido notícias. Foi um alívio enorme”, lembrou, com um sorriso.
Petrov contou que foi o único entre seus colegas que tinha tido uma educação em escolas civis. “Meus colegas eram soldados profissionais, ensinados a dar e receber ordens”.
Ele acredita que, caso tivesse sido outra pessoa no seu lugar, provavelmente o alerta teria sido informado aos superiores. Por dez anos, ele não falou sobre o assunto.
“Achava que era uma vergonha para o Exército soviético que nosso sistema tivesse falhado desta forma”, disse à BBC. Depois do colapso da União Soviética, a história foi amplamente contada na imprensa e Petrov ganhou vários prêmios internacionais.
Apesar de tudo, ele não se via como um herói. “Era meu trabalho”, diz ele. “Mas eles tiveram sorte que era eu quem estava trabalhando naquela noite”.

Stanislav Petrov morreu aos 77 anos.

(Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia – MUNDO / Por G1 – 18/09/2017)

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