Sonny Mehta, lendário editor da Knopf, um dos nomes mais reverenciados do mundo literário, lançou autores como Bruce Chatwin, Ian McEwan, Germaine Greer, Salman Rushdie, entre outros

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Sonny Mehta, editor de extremo silêncio e bom gosto

Educado para ser diplomata, indiano se tornou um dos nomes mais reverenciados do mundo literário

 

O editor Sonny Mehta em evento na New York Public Library, em 2015. (Foto: Rebecca Smeyne/The New York Times)

 

Sonny Mehta, o ‘Fred Astaire da edição’

 

À frente da prestigiosa Knopf, editor construiu uma identidade própria com curiosidade e grandes nomes

 

Ajai Singh “Sonny” Mehta (9 de novembro de 1942 – Manhattan, 30 de dezembro de 2019), lendário editor da Knopf, presidente e editor-chefe da editora “Alfred A. Knopf”.

 

O editor e astuto presidente da Alfred A. Knopf, guia de uma das editoras mais prestigiosas do mundo para novos patamares com uma mistura da literatura premiada de nomes como Toni Morrison e Cormac McCarthy com best-sellers como 50 Tons de Cinza Os Homens Que Não Amavam As Mulheres, falava de maneira cuidadosa e escolhia as palavras sabiamente, auxiliando a Knopf com sucesso mesmo quando a indústria enfrentou mudanças ásperas de consolidação corporativa, a queda de milhares de livrarias independentes e a ascensão dos livros digitais.

 

Nova York, foi a cidade onde Sonny – um indiano de nascimento que dividiu grande parte da sua vida entre Londres e Nova York – era o grande ícone do mundo editorial.

 

Seu primeiro grande feito foi simplesmente uma revolução no mundo dos paperbacks britânicos, com a recriação da Picador, pela qual lançou autores como Bruce Chatwin, Ian McEwan, Germaine Greer, Salman Rushdie, entre outros.

 

De família indiana afluente, Sonny foi criado para ser diplomata e desagradou muito aos pais saindo de Cambridge, quando decidiu seguir carreira como editor. Mal sabiam eles que seu filho viria a ser o editor mais reconhecido do mundo, rapidamente.

 

Sonny foi laureado com todas as honrarias atribuídas a editores, mas era um homem avesso a prêmios e badalações. Seu carisma vinha do silêncio e do extremo bom gosto literário e visual. Manteve com essas qualidades a importância do selo editorial que administrou por 32 anos.

 

Em 1987, ao ser convidado para ser o terceiro presidente da Knopf, depois de Alfred Knopf e Bob Gottlieb, foi recebido em Nova York como um indiano radicado em Londres, isto é, com preconceito e desdém. Respondeu a isso com seu habitual silêncio e basicamente com grandes livros.

 

 

Editor e publisher bem sucedido desde a metade dos seus 20 anos, ele sucedeu o reverenciado Robert Gottlieb em 1987 como apenas o terceiro editor-chefe da Knopf nos seus 72 anos de existência e nas décadas seguintes moldou sua própria ficha de sucesso crítico e comercial. Ele continuou a publicar autores celebrados contratados por Gottlieb, incluindo Morrison e Robert Caro, adicionando novos talentos como Chimamanda Ngozi Adichie e Karen Russell.

 

A Knopf também foi a casa de alguns dos livros mais vendidos dos últimos tempos. Em 2008, Mehta adquiriu os direitos nos EUA de uma trilogia de ficção policial de um jornalista sueco, a saga Millenium de Stieg Larsson, que vendeu dezenas de milhões de cópias. Em 2012, o selo Vintage ganhou um leilão disputado por uma trilogia erótica que naquele tempo só podia ser lida online, os romances 50 Tons, de E.L. James.

 

Quando Mehta ganhou um prêmio por sua trajetória do Center for Fiction, tributos foram escritos por Joan Didion, Haruki Murakami e Anne Tyler, que elogiou “sua precisão” e “confiança hábil” e o chamou de “o Fred Astaire da edição”.

 

O catálogo da Knopf frequentemente refletia a própria curiosidade de Mehta. Numa mesma temporada, ele poderia lançar ficção de Toni Morrison e Gabriel García Márquez, romances policiais de P.D. James e James Ellroy, poesia de Anne Carson e Philip Levine, história de John Keegan e Joseph Ellis, humor de Nora Ephron e memórias de Bill Clinton ou Andre Agassi.

 

Filho de um diplomata indiano, Mehta viveu em diversos lugares, de Genebra ao Nepal, antes de se formar na universidade de Cambridge em história e literatura inglesa. Ele precisou de pouco tempo para deixar uma marca no cenário literário de Londres introduzindo na Inglaterra as profanidades de Hunter S. Thompson. Com a Pan Books, lançou trabalhos de autores em ascensão, como Ian McEwan e Salman Rushdie, além de contratar diversos bestsellers, como Douglas Adams. Ele foi a escolha pessoal de Gottlieb para substituí-lo.

 

No ano de 2019, cinco dos dez melhores livros do ano, escolhidos pelo New York Times, foram das duas editoras que ele dirigia, a Knopf e a Doubleday.

Sonny Mehta faleceu em 30 de dezembro de 2019, aos 77 anos, em um hospital em Manhattan, depois de enfrentar duas pneumonias que o atacaram de uma só vez.

(Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2020/01 – ILUSTRADA / OPINIÃO / Expressa a opinião do autor do texto LUIZ SCHWARCZ – 1º.jan.2020)

(Fonte: https://www.terra.com.br/diversao – DIVERSÃO / ENTRETENIMENTO / Por Hillel Italie  – TRADUÇÃO GUILHERME SOBOTA – 2 JAN 2020)

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