Sérgio Vieira de Mello, diplomata brasileiro, representante especial do secretário-geral da ONU

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O homem que quis consertar o mundo

 

Vieira de Mello, o emissário da paz

 

Sérgio Vieira de Mello (Rio de Janeiro, 15 de março de 1948 – Bagdá, Iraque, 19 de agosto de 2003), diplomata brasileiro, representante especial do secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas) no Iraque.

 

 

Vieira de Mello atuara com sucesso em missões na Bósnia e no Timor Leste. Foi representante especial das Nações Unidas no Iraque.

 

 

Em todas as zonas de conflito em que atuou em seus 34 anos de carreira na ONU “em lugares como Bangladesh, Sudão, Moçambique, Líbano, Ruanda, Kosovo e Timor Leste”, Vieira de Mello mostrava a mesma preocupação com a dignidade das vítimas da guerra, do desterro, da fome.

 

 

O diplomata brasileiro é retratado como uma encarnação dos melhores ideais humanitários que inspiraram a fundação da ONU depois da II Guerra Mundial.

 

 

Foi uma figura emblemática das limitações da ONU. Sua trajetória revela a relativa impotência da organização diante das grandes catástrofes humanas da história recente.

 

 

Nascido em março de 1948, o carioca Sérgio Vieira de Mello era filho de um diplomata, Arnaldo, que foi compulsoriamente aposentado pela ditadura militar em 1969. Sérgio costumava invocar a humilhação imposta ao pai pelo governo brasileiro quando lhe perguntavam por que nunca se alistou no Itamaraty. Recém-formado em filosofia pela Universidade Sorbonne, em Paris, encontrou trabalho no Alto Comissariado para Refugiados da ONU no mesmo ano em que seu pai deixava a diplomacia.

 

 

Vieira de Mello participara dos protestos estudantis de Paris, em 1968, e a princípio levou as mesmas ideias para seu trabalho em Bangladesh e no Sudão. Sofreu um choque de realidade em 1982, ao lado das forças de paz no Líbano – a invasão do país por Israel, em desacordo com resoluções da ONU, foi uma amarga decepção para o ainda ingênuo Vieira de Mello, que a partir de então se tornou mais pragmático.

 

 

Sua carreira não foi isenta de equívocos. Durante a Guerra da Bósnia, o brasileiro se mostrou excessivamente cioso da política de neutralidade da ONU e negligenciou a natureza desigual do conflito. Deixou de condenar os crimes de guerra sérvios com a firmeza necessária – chegou até a andar pelas lojas de Belgrado em busca de um presente para Slobodan Milosevic, o ditador da Sérvia.

 

 

O próprio Vieira de Mello revisaria essas posturas. No seu retorno aos Bálcãs, em 1999, durante uma nova investida expansionista da Sérvia “desta vez sobre a província do Kosovo”, ele se mostrou bem menos condescendente e até aprovou o bombardeio da Otan às posições sérvias. Na sua atuação durante a independência do Timor Leste do jugo da Indonésia, entre 1999 e 2002, Vieira de Mello também se mostraria inflexível nas denúncias dos crimes indonésios.

 

 

Vieira de Mello sacrificou a vida familiar pelo trabalho. Sempre em lugares perigosos, sobrou-lhe pouco tempo de convivência com os dois filhos que teve com Annie, sua mulher francesa. Mas, homem charmoso, nunca teve dificuldade em arranjar companhia feminina. No Camboja, carregou uma namorada holandesa para negociações na selva com os guerrilheiros genocidas do Khmer Vermelho.

 

No Timor Leste, conheceu a argentina Carolina Larriera, também funcionária da ONU, com quem pretendia se casar. Carolina trabalhava na ONU de Bagdá em 2003, quando ocorreu o atentado. Perfeito oposto do burocrata acomodado (e às vezes corrupto) que prospera em muitos escritórios da ONU, Vieira de Mello era um homem de ação. Desempenhava suas funções com destemor. No tempo que passou em Sarajevo, por exemplo, recusava-se a sair à rua com o colete à prova de balas que é padrão da ONU – seria um desrespeito com a população local, que não tinha proteção, dizia.

 

 

Carolina Larrierra

Vieira de Mello estava em processo
de separação e namorava a argentina Carolina Larrierra (ao lado), 30 anos,
também funcionária da ONU

 

 

Sem autonomia de combate, as forças de paz da ONU muitas vezes são chamadas para missões paliativas, nas quais se limitam a “monitorar” massacres em curso. As determinações do Conselho de Segurança da ONU que Vieira de Mello era chamado a cumprir se revelavam freqüentemente vagas, porque os países-membros não querem se comprometer com linhas de ação claras. O diplomata brasileiro se viu confrontado com a impotência da ONU diante de tragédias humanas.

 

 

Sua especial conjunção de firmeza e habilidade de negociação se mostrou quando, como chefe do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU, Vieira de Mello foi recebido pelo presidente George W. Bush na Casa Branca.

 

 

Quando Bush falou das medidas excepcionais exigidas pela guerra ao terrorismo, Vieira de Mello concordou e lembrou que ele mesmo autorizara que as forças da ONU atirassem para matar em confrontos com milícias pró-Indonésia no Timor Leste. Com isso, surpreendeu e encantou o presidente americano e conseguiu esticar a audiência de quinze para trinta minutos – nos quais não deixou de cobrar o governo americano por sua postura ambígua em relação à tortura e pelas violações de direitos humanos na prisão de Guantánamo.

 

A explosão de um caminhão-bomba em frente à representação das Nações Unidas em Bagdá, na terça-feira 19, encerrou a brilhante carreira do embaixador Sérgio Vieira de Mello, 55 anos. Um das 23 vítimas do atentado, o brasileiro chefiava a missão humanitária da ONU no Iraque. Com a espinhosa missão de pacificar o país depois da guerra, ele morreu soterrado nos escombros.

 

O corpo do diplomata foi velado no Rio de Janeiro, onde nasceu, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan.

 

O brasileiro Sérgio Vieira de Mello, havia chegado a Bagdá em 2 de junho de 2003, e sua máxima era: “o quanto antes o povo iraquiano se governar, melhor”.

Acadêmico eminente, acabava de deixar suas funções em Beirute como ministro da Cultura para ir a Bagdá a pedido do então secretário-geral da ONU, Kofi Annan.

 

Cogitado para receber o Prêmio Nobel da Paz, o brasileiro teve sua candidatura impedida. As regras do Nobel não permitem premiação póstuma.

Sérgio Vieira de Mello, morto no atentado em Bagdá, foi sepultado em Genebra, na Suíça.

(Fonte: Veja, 23 de janeiro de 2008 – Ano 41 – N° 3 – Edição 2044 – LIVROS/ Por Jerônimo Teixeira – Pág: 90/91)(Fonte: https://www.terra.com.br/istoegente/213/aconteceu – Edição 213 – ACONTECEU – TRIBUTO / por Dirceu Alves Jr. – 31/08/2003)
(Fonte: http://noticias.terra.com.br/brasil – BRASIL – 17 de Agosto de 2013)
Sammy Ketz, chefe do escritório da AFP em Beirute.
AFP – Todos os direitos reservados.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nomeado

Na sexta-feira 23, o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Melo foi escolhido representante da Organização das Nações Unidas (ONU) no Iraque,
onde vai coordenar a volta dos refugiados. Ele já foi chefe da administração transitória no Timor Leste.

(Fonte: https://www.terra.com.br/istoegente/200/aconteceu – Edição 200 – ACONTECEU / por Dirceu Alves Jr. – 02/06/2003)

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