Ruth de Souza, primeira atriz brasileira indicada a prêmio no exterior e primeira negra a se apresentar no Theatro Municipal do Rio de Janeiro

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Atriz Ruth de Souza deixou seu nome marcado na história cultural brasileira

 

Ruth de Souza ao lado da escritora Carolina Maria de Jesus, na Favela Canindé, em São Paulo, em 1961. A atriz protagonizou a adaptação para o teatro do livro de Carolina, ‘Quarto de despejo’ — (Foto: Acervo Ruth de Souza/Acervo Pessoal)

 

Primeira atriz brasileira indicada a prêmio no exterior e primeira negra a se apresentar no Theatro Municipal do Rio de Janeiro

 

 

Ruth de Souza primeira atriz brasileira indicada a prêmio no exterior. (Foto: Divulgação, TV Globo / PurePeople)

 

 

Ao longo da carreira, Ruth atuou em diversos filmes, peças teatrais e novelas, com destaque para ‘A Cabana do Pai Tomás’ e ‘Sinhá Moça’

 

 

Ruth Pinto de Souza (Rio de Janeiro, 12 de maio de 1921 – Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro, 28 de julho de 2019), foi a primeira atriz negra a construir carreira nos principais meios de atuação (cinema, TV e teatro).

 

 

Com mais de 70 anos dedicados à dramaturgia, Ruth de Souza é ícone de várias gerações de atores. Ela foi pioneira ao longo de sua carreira: foi a primeira atriz negra a se apresentar no Theatro Municipal do Rio e a construir carreira na dramaturgia. Foi também a primeira brasileira indicada a um prêmio internacional de cinema – no Festival de Veneza de 1954.

 

 

Ruth Pinto de Souza, ou simplesmente Ruth de Souza, fez história e foi decisiva para o reconhecimento do artista negro no Brasil. Foi a primeira a subir ao palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, e numa peça de Eugene O’Neill, O Imperador Jones. Ruth foi pioneira no Teatro Experimental do Negro. Em 1948, estreou no cinema num papel de Terra Violenta, adaptado do romance Terras do Sem Fim, de Jorge Amado.

 

 

Em 1959, foi tão marcante em Oração para Uma Negra, de William Faulkner, de novo no teatro, que ganhou uma bolsa de um ano da Fundação Rockfeller para estudar nos EUA. Voltou de lá mais consciente ainda, numa época em que os negros norte-americanos começavam a se mobilizar na luta por direitos civis.

Ruth de Souza fez muita novela – e algumas pertencem à história. O Bem AmadoOs Ossos do BarãoO Rebu. O último papel de sua vida na minissérie Se Eu Fechar os Olhos Agora. Fez muito cinema também, e participou de obras seminais como A Morte Comanda o CangaçoO Assalto ao Trem PagadorAs CariocasO Homem Nu. Nasceu no Rio, mas criou-se numa fazenda de Minas Gerais.

 

 

A atriz atuou em dezenas de programas na televisão, desempenhando o último papel de sua vida na minissérie Se eu fechar os olhos agora, exibido pela Globo em 2019.

Recorde a trajetória de Ruth

 

 

Filha de lavrador e lavadeira, Ruth Pinto de Souza nasceu em 12 de maio de 1921, no Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro, e se tornaria a primeira negra a subir no palco do Theatro Municipal com a peça ‘O Imperador Jones’. No final dos anos 1940, quando já havia engatado na carreira, ganhou uma bolsa de estudos em universidade americana exclusiva para negros. A estreia na TV ocorreu na década seguinte na extinta TV Tupi. ‘A Deusa Vencida’ (1965) foi sua primeira novela.

Mais tarde, acumulou diversos trabalhos: ‘A Cabana do Pai Tomás’, ‘O Bem Amado’, ‘O Rebu’, ‘Helena’, ‘Sétimo Sentido’, ‘Cambalacho’, ‘Pacto de Sangue’, ‘Senhora do Destino’, ‘Duas Caras’, ‘Mister Brau’ e ‘Se Eu Fechar os Olhos Agora’, seu último papel na telinha. No cinema foram mais de 30 filmes, com destaque para ‘O Assalto ao Trem Pagador’, ‘Jubiabá’ e ‘O Vendedor de Passados’. Com a versão cinematográfica de ‘Sinhá Moça’ foi indicada ao Leão de Ouro de Melhor Atriz no Festival Internacional de Cinema de Veneza.

Trajetória

Ruth de Souza Pinto nasceu em 12 de maio de 1921, no bairro do Engenho de Dentro, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Passou a infância com a família em Porto do Marinho (MG) e, após a morte do pai, voltou ao Rio com a mãe. Viveram em uma vila de lavadeiras e jardineiras em Copacabana.

Interessada em teatro, procurou e se uniu ao Teatro Experimental do Negro, grupo fundado por Abdias Nascimento e Agnaldo Camargo. Foi com o grupo que, em 8 de maio de 1945, atuou pela primeira vez no Theatro Municipal, que até então só tinha recebido atrizes brancas e ajudou a abrir as portas para artistas negras no Brasil. A peça encenada foi “O Imperador Jones”, de Eugene O’Neil.

Mais de 20 novelas

Na televisão, foi uma das pioneiras. Passou pela TV Tupi, pela Record, TV Excelsior e, em 1968, Ruth de Souza foi contratada pela Globo para atuar na novela “Passo dos ventos”, onde interpretou a mãe de santo Tuiá, uma mulher sábia cujos antepassados eram escravos, no Haiti.

Seu último trabalho foi na minissérie “Se eu fechar os olhos agora”, que foi ao ar este ano, na Globo. Na história recriada por Ricardo Linhares a partir do romance original de Edney Silvestre, ela viveu Madalena. Idosa e abandonada, a personagem era “adotada” pelos meninos Paulo Roberto (João Gabriel D’Aleluia) e Eduardo (Xande Valois) antes de ser assassinada de forma brutal e misteriosa.

Filha de um lavrador e de uma lavadeira, desde criança Ruth sonhava em ser atriz. “Eu era apaixonada por cinema. Queria ser atriz, mas naquela época não tinha atores negros, e muita gente ria de mim: ‘Imagina, ela quer ser artista! Não tem artista preto’. Eu ficava meio chateada, mas sabia que ia fazer; como, não sabia”, declarou a atriz no site Memória Globo.

Como uma das pioneiras da TV brasileira, a atriz participou de programas de variedades e musicais no início das transmissões da TV Tupi, até adaptar para a televisão, com Haroldo Costa, a peça “O filho pródigo”, que havia encenado no Teatro Experimental do Negro. A primeira novela foi “A deusa vencida” (1965), de Ivani Ribeiro, na TV Excelsior.

Na Globo, a atriz atuou em mais de 20 novelas. Entre elas: “A cabana do Pai Tomás”, “Pigmalião 70”, “Os ossos do barão”, “O rebu”, “Duas vidas” e “O clone”.

Em “Sinhá Moça” Ruth fez uma dupla inesquecível com Grande Otelo. Também atuou em seriados como “Memorial de Maria Moura” e “Na Forma da Lei”.

Carreira no cinema

No cinema, Ruth participou de mais de 30 filmes, incluindo a versão para a telona de “Sinhá Moça”, de Tom Payne. O longa levou Ruth a concorrer ao prêmio de melhor atriz do Festival de Veneza de 1954.

Em entrevista ao Memória Globo, ela lembra que, por pouco, não levou o prêmio e ainda superou atrizes consagradas como Katherine Hepburn e a Michèle Morgan – Lili Palmer foi a vencedora.

“Era muito importante o festival, Veneza, o festival de Veneza naquela época acho que era mais importante que o de Cannes, era muito importante. E aí, quando veio a notícia de que Lili Palmer tinha ganho o prêmio e eu tinha perdido por dois votos. Dois votos… Então, a Katherine Hepburn e a Michèle Morgan ficaram para trás, ficaram em quarto lugar, não sei.. Para mim, foi como se eu tivesse ganho o prêmio, foi muito importante para a minha carreira, inclusive”, contou Ruth.

A atriz esteve também no clássico “O assalto ao trem pagador” (1962), de Roberto Farias, e “As filhas do vento”, de Joel Zito Araujo, com o qual foi premiada no Festival de Gramado de 2004.

Ruth de Souza era grande admiradora do cinema por entender que era onde o artista negro tinha mais oportunidades.

“O cinema sempre deu mais oportunidade para o negro, desde o Grande Otelo. Eu tive sorte na continuidade de trabalho, tanto no teatro quanto na televisão. Sempre tive trabalho, mas são poucos os negros que têm. Isso foi benção de Deus”, declarou.

Ruth de Souza faleceu em 28 de julho de 2019, a atriz Ruth de Souza. Ela tinha 98 anos e estava internada no Centro de Tratamento Intensivo do Hospital Copa D’Or, em Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro.

Artistas conscientes de sua admirável negritude, como o casal Lázaro Ramos/Taís Araújo, com toda certeza sabem disso, mas não custa lembrar.

Aqui, homenagem a essa grande atriz brasileira, que certamente deixou sua marca na cultura brasileira. Não houve racismo nem preconceito capaz de tirar o brilho dessa mulher.

(Fonte: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2019/07/28 – NOTÍCIA / POP & ARTE / Por G1 Rio – 28/07/2019)

(Fonte: https://www.terra.com.br/diversao/tv – DIVERSÃO / TV – 28 JUL 2019)
(Fonte: https://www.terra.com.br/diversao/gente/purepeople – ENTRETENIMENTO / FAMOSOS / PUREPEOPLE / (Por Guilherme Guidorizzi) – 28 JUL 2019)
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