Ronaldo Bôscoli, produtor e (marido da cantora Elis Regina)

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Ronaldo Bôscoli (Rio de Janeiro, 28 de outubro de 1928 – 18 de novembro de 1994), produtor, criador e personagem da bossa nova e (marido da cantora Elis Regina).

Bôscoli foi o letrista, repórter e principal publicista da bossa nova, movimento que viu nascer dentro da própria casa, um quarto-e-sala em Copacabana, onde se espremia ao lado do futuro parceiro Luiz Carlos Mièle, o compositor Chico Feitosa e João Gilberto.

Muito antes disso nascera “em berço de ouro”, pela fortuna do avô materno que um dia enlouqueceu e se suicidou. Sobrinho-neto da lendária compositora Chiquinha “Ó Abre Alas” Gonzaga, primo de Jardel Filho e Bibi Ferreira, depois cunhado de Vinicius de Moraes e marido de Elis Regina, desde pequeno achou que seria artista.

Tornou-se jornalista esportivo, já que era craque em natação e futebol, além de torcedor do Fluminense. “Depois de Theda Bara você é a última vamp da História”, setenciou sobre ele um colega de redação, Nelson Rodrigues, um dos numerosos personegns com quem cruzaria ao longo da vida.

Esses são os relatos que Eles e Eu – Memórias de Ronaldo Bôscoli, saborosas histórias principalmente para quem as viveu, mas mostrando também momentos que são glória ou terror exclusivamente do autor.

No primeiro caso, Ronaldo Bôscoli como padrinho de majestade: foi ele quem apresentou o rei Pelé ao rei Roberto Carlos assim como apresentara Tom Jobim a Vinicius de Moraes.

Ao contrário do que se poderia esperar, o relato de Ronaldo Bôscoli de como ele brilhou e sofreu num Rio de Janeiro de contos de fadas não é um tiroteio cheio de balas perdidas. É quase um agradecimento por ter convivido com gente invariavelmente interessante, de A, de Adolpho Bloch, dono da Manchete e ex-patrão (“Uma pessoa encantadora por sua ingenuidade e sagacidade”), a W, de Wilson Simonal, superastro que foi varrido de cena depois que o acusaram de delator durante a ditadura militar (“Tem um grande coração. É vidrado na mãe dele”).

As exceções são o falecido cronista Antonio Maria, chamado de “ababaca” e uma de “canalhão”, sem maiores explicações, e o jornalista e compositor Nelson Motta, que “tinha uma frustração enorme porque queria ser eu e ter, inclusive, minha mulher, Elis”.

Nara Leão, a musa da Avenida Atlântica, rica e talentosa, destronada pelo furacão Maysa e seus olhos verdes, que eram dois oceanos não pacíficos, foram outras mulheres da sua vida. “No meu currículo amoroso constam não só as mulheres que todo mundo sabe, como também as garotas mais bonitas da praça”, orgulha-se o homem.

No seu currículo de poeta, constam versos de enorme sucesso, como os de Lobo Bobo, O Barquinho ou Se é tarde me perdoa/ Mas eu não sabia que você sabia/ Que a vida é tão boa/Eu cheguei mentindo/Eu cheguei partindo/Eu cheguei à toa.

Aos 66 anos, Ronaldo Bôscoli morreu de câncer, num hospital do Rio de Janeiro, cinco meses depois de ter ditado essas suas lembranças. Nelas via-se sem lugar num mundo em que não se imaginava “milionário, simulando pilotar uma orgia de fios-dentais afagando meus cabelos acaju”.

 

 

(Fonte: Veja, 25 de setembro de 1968 – Edição 3 – Editora Abril – pág; 27)

(Fonte: Veja, 23 de novembro de 1994 – ANO 27 – Nº 47 – Edição 1367 – LIVROS/ Por GERALDO MAYRINK – Pág: 100/101)

 

 

 

 

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