Fez a primeira operação de ponte de safena do mundo

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Fez a primeira operação de ponte de safena

René Geronimo Favaloro  (14/7/1923 - 29/7/2000)

René Geronimo Favaloro
(14/7/1923 – 29/7/2000)

René Geronimo Favaloro (La Plata, 14 de julho de 1923 – 29 de julho de 2000), fez a primeira operação de ponte de safena

Formou-se em medicina como melhor aluno de sua turma em 1949. Em 1961 foi trabalhar no Departamento de Cirurgia Torácica e Cardiovascular na Cleveland Clinic a convite do Dr. Donald Effler. Em maio de 1967, realizou a primeira cirurgia de revascularização miocárdica (ponte de safena), e obteve fama e reconhecimento científico mundial. 

Até a metade do século XX, as cirurgias cardíacas eram raras e muito arriscadas. O médico tinha que operar com o coração em pleno funcionamento, o que o impedia de ver com exatidão o que estava fazendo. Esse obstáculo só foi removido em 1953, quando o americano John Gibbon Jr. inventou uma máquina que fornece oxigênio ao organismo enquanto o coração pára de bater. Desde então, as cirurgias se tornaram cada vez mais sofisticadas.

Em 1967, o americano René Favaloro, fez a primeira operação de ponte de safena, para liberar a passagem do sangue numa artéria coronária obstruída. O passo seguinte foi a angioplastia, em que o bloqueio da artéria é removido por um cateter com um balãozinho na ponta.

René Geronimo Favaloro nasceu em La Plata (capital da Província de Buenos Aires) em 14 de julho de 1923. Teve infância pobre e humilde, sendo seu avô sapateiro, o pai carpinteiro e a mãe costureira. Entre seus familiares, apenas um tio paterno teve formação universitária (médico), tendo exercido forte influência em sua formação.

Durante suas férias escolares, ainda mecânico, observava o tio em sua clínica de Avellaneda, acompanhando-o nos finais de expediente nas visitas domiciliares. Esse convívio com a atividade social da profissão não deixou dúvidas sobre o caminho a ser seguido e deu um toque de romantismo a uma carreira marcada pelo rigor científico. Depois da formatura em 1949, exerceu a profissão como médico rural em Jacinto Arauz, La Pampa, durante 12 anos.

Essa etapa de sua vida deixou impressões marcantes em sua personalidade, caracterizando-se por uma grande preocupação social, que estaria presente em todos os empreendimentos de sua vida. Em janeiro de 1962, sua forte vocação pela cirurgia torácica o levou à Cleveland Clinic, onde permaneceu até junho de 1971.

Nesse período, desenvolveu o trabalho fundamental de sua vida. A possibilidade do diagnóstico preciso da doença coronária através da cinecoronariografia desenvolvida por Mason Sones foi a base para o ensaio do tratamento cirúrgico dessa afecção. A rápida difusão dos princípios do ataque direto às obstruções coronárias através das pontes de safena se deveu, indiscutivelmente, à figura e ao carisma de René G. Favaloro.

O amor à pátria e a noção de sua responsabilidade social fizeram com que renunciasse a uma posição de destaque na Cleveland Clinic e aos acenos de uma situação financeira invejável. Retornou a Buenos Aires, em 1971, com o sonho de um visionário que desejava oferecer à Argentina um centro cardiológico de excelência à semelhança da Cleveland Clinic.

Após curta e mal sucedida experiência no então Sanatório Guemes, criou, em 1980, o “Laboratório de Investigação Básica”, que dependia do Departamento de Investigação e Docência da Fundação Favaloro. Na seqüência se transformou em “Instituto de Investigação em Ciências Básicas do Instituto Universitário de Ciências Biomédicas”, que, por sua vez, gerou a Universidade Favaloro, criada em 1998. Na atualidade, a Universidade consta de uma Faculdade de Ciências Médicas, Kinesiologia, Fisiatria, Engenharia, Ciências Exatas e Naturais.

Em 1992, inaugurou o Instituto de Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular da Fundação Favaloro, sem fins lucrativos, que concentrou, desde então, a produção científica, assistencial e formação de recursos humanos na Argentina.

Com o lema “tecnologia a serviço do humanismo médico”, o Instituto realizou 300.000 consultas, 200.000 estudos não invasivos, 17.000 cateterismos diagnósticos, 5.000 cateterismos terapêuticos, 18.000 cirurgias cardiovasculares e 300 transplantes cardíacos.

Com grande preocupação na prevenção da doença coronária, a Fundação Favaloro fez várias publicações para o público leigo, através do centro editor da Fundação Favaloro.

Do ponto de vista científico, teve desempenho inigualável, sendo membro ativo de 24 sociedades, honorário de 42 e correspondente de 4.

Recebeu inúmeras distinções nacionais e internacionais, entre as quais: Prêmio John Scott (1979), outorgado pela cidade de Filadélfia; criação da cátedra de cirurgia René G. Favaloro na Universidade de Tel-Aviv, Israel (1980); distinção da Fundação Conchita Rábago Gimenez Diaz, Madri, Espanha (1982); Mestre da Medicina Argentina (1986); prêmio Destinguished Alummus award da Cleveland Clinic Foundation (1987); The Gairdner Foundation International award, outorgado pela Gairdner Foundation, Toronto, Canadá (1987); prêmio René Leriche (1989), outorgado pela Sociedade Internacional de Cirurgia; prêmio Gifted Teacher award, outorgado pelo Colégio Americano de Cardiologia (1992); prêmio Golden Plate award da American Academy of Achievement (1993); prêmio Príncipe Mahidol, outorgado por sua majestade o rei da Tailândia, Bangkok (1999) e, por último, a distinção no Hospital Pompidou de Paris, de ser reconhecido como um dos pilares da cirurgia cardiovascular.

Em 1999, foi convidado a fazer conferência magna da American Heart Association e escolheu como título “A revival of Paul Dudley White, an overview of present medical practice and of our Society”. Perante uma exigente platéia de cardiologistas de todo o mundo, teve a coragem de analisar alguns aspectos da medicina atual e criticar os modelos éticos de assistência e pesquisa, particularmente nos Estados Unidos. O auditório, notadamente de norte-americanos, atônitos, foram levados a levantar-se de suas cadeiras e aplaudí-lo de pé, constituindo-se em uma impressionante consagração de suas convicções.

Publicou inúmeros trabalhos científicos e algumas monografias, entre as quais: “Surgical treatment of coronary atherosclerosis (1970)”, “Recuerdos de um medico rural (1980)”, De LaPampa a los Estados Unidos (1993)” e “Don Pedro y la educacíon (1994)”.

Sua paixão pela história e cultura o levou a escrever livros de investigação, como “Conoce usted a San Martin?(1987)” e “La memoria de Guayaquil (1999)”.

A par de sua figura imponente, que lhe creditava posição científica invejável, tinha a característica muito rara de infundir confiança, esperança e otimismo em seus circundantes. Multiplicava idéias sadias e de solidariedade, dizendo que preferia ser lembrado mais como docente do que como cirurgião.

Sua extraordinária figura o tornou uma legenda na Argentina, sendo que, nas pesquisas de opinião pública através da Total Research Argentina, figurava seu nome em primeiro lugar, nos índices de popularidade e de confiabilidade, estando à frente de figuras lendárias como Julio Bocca, Carlos Gardel e Valéria Mazza.

Em 1992, foi capa do New York Times, com o título “Um herói mundial que mudou parte da medicina moderna e revolucionou a cardiologia”.

(Fonte: Super Interessante – N° 145 -– Outubro 1999 –- FASCÍCULOS – XX – O século da Ciência – A MEDICINA DUPLICA A LONGEVIDADE – Pág: 5)

(Fonte: http://www.scielo.br – Revista Brasileira Cir Cardiovasc – Vol.15 – No.3 – São Paulo July/Sept. 2000)

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