Primeiro popstar da bola

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Primeiro popstar da bola desperdiçou grana que não gastou com bebida e mulheres

 

 

“Gastei boa parte do meu dinheiro com bebidas, mulheres e carros rápidos. O resto eu desperdicei.

 

Há exatos 15 anos, no dia 25 de novembro de 2005, o mundo se despediu do autor dessa icônica frase, um atacante que ganhou um título de Liga dos Campeões da Europa, venceu uma Bola de Ouro, está na lista de melhores do século passado feito pela Fifa e é até hoje tratado como um deus pela torcida do Manchester United.

 

Mas a revolução provocada pelo norte-irlandês George Best (Belfast, 22 de maio de 1946 – Londres, 25 de novembro de 2005) não foi dentro das quatro linhas. O primeiro da linhagem de eternos camisa 7 dos Red Devils alterou o DNA do que é pertencer à prateleira de cima do futebol mundial. Ele foi, simplesmente, o primeiro popstar da bola.

 

Entre 1963 e 1974, período em que defendeu o United e viveu o auge de sua carreira, jogadores de futebol eram reconhecidos e acompanhados pelos gols que marcavam, passes que acertavam e dribles que desmontavam as defesas adversárias.

 

Com Best, era diferente. Sua intensa vida amorosa, repleta de misses e personalidades dos mundos da moda, cinema e televisão, os escândalos que provocava devido ao consumo excessivo de álcool, os carros que comprava e dirigia em alta velocidade… tudo a respeito dele chegava à boca do povo.

 

 

George Best um dos maiores nomes do futebol britânico em todos os tempos. (Foto: DIREITOS RESERVADOS)

 

 

E o norte-irlandês não se importava nem um pouco com essa exposição toda. Pelo contrário, fazia questão de alimentá-la com frases de efeito, fotos sensuais e vazamentos de suas peripécias sexuais. Era como se já vivesse na era do Instagram muito antes de as redes sociais serem inventadas.

 

Vaidoso ao extremo, o craque do United adorava ser paparicado por onde passava e, em uma época que ninguém falava de marketing esportivo, acabou descobrindo que a fama era também uma ótima forma de ganhar dinheiro. Símbolo sexual e ídolo dos (e das) jovens, ganhou o apelido de quinto Beatle.

 

“Sou o cara que levou o futebol das páginas internas para a capa dos jornais”, costumava se gabar.

 

Seu estilo fez escola. Pelé, contemporâneo do norte-irlandês nos gramados, passou a compartilhar sua vida pessoal e o gosto pela música depois de deixar o Santos, em 1974. Mais tarde, quando assinou com o New York Cosmos, abraçou de vez o marketing, participou de filmes e passou a vender os mais variados tipos de produto.

 

Trinta e seis anos depois da aposentadoria de Best, todo jogador de futebol alto escalão tem logo sua vida pessoal vasculhada assim que começa a despertar para o estrelato e sabe que essas “pílulas de vida real são importantes para alimentar os fãs que os acompanham.

 

Só que os excessos cometidos pelo astro norte-irlandês cobraram um preço alto. Enrolado com a vida de celebridade, acumulando um escândalo atrás do outro e cada vez mais afundado na dependência em álcool, deixou o United aos 28 anos e declarou que estava aposentado.

 

Best logo voltou atrás nessa decisão e, durante uma década, rodou por times das mais variadas divisões da Inglaterra, atuou na Escócia, foi um dos precursores do soccer norte-americano e se arriscou até no futebol de Hong Kong.

 

Os problemas continuaram depois da aposentadoria. Em 1990, apresentou-se bêbado em um debate na BBC. Doze anos depois, foi submetido a um transplante de fígado por causa da cirrose e jurou que nunca mais beberia.

 

No ano seguinte, já estava consumindo álcool novamente. Em 2005, foi novamente internado devido a uma falência renal. No hospital, recebeu uma carta que terminava com a seguinte assinatura do segundo maior jogador de todos os tempos, Pelé.

 

Morto aos 59 anos, Best teve seu último ato de estrelato já depois de deixar esse mundo. Seu cortejo fúnebre foi acompanhado pessoalmente por 100 mil pessoas e parou Belfast, a capital da Irlanda do Norte e sua cidade natal.

 

Relembre outras frases marcantes de George Best

 

“Se eu tivesse nascido feio, vocês não ouviriam falar de Pelé. Dou-me muito bem com as garotas, gosto de diversão e de aproveitar o dinheiro que ganho. Por isso, não me dedico inteiramente ao futebol(…). Por isso, poderia ser melhor que Pelé, se quisesse.

 

“Em 1969, eu abandonei as mulheres e o álcool. Foram os piores 20 minutos da minha vida.

 

“Dizem que tentei dormir com sete Misses Mundo. Não é verdade. Foram só quatro. As outras três é que vieram atrás de mim.”

 

“Eu costumava sonhar que driblava o goleiro, parava a bola em cima da linha, me agachava até ficar de joelhos e aí empurrava a bola para dentro do gol. Na final da Liga dos Campeões de 1968, quase fiz isso, mas não tive coragem. Meu técnico teria um ataque cardíaco.

 

“Se você me fizesse escolher entre driblar quatro jogadores e marcar um gol de 30 jardas [27 metros] contra o Liverpool ou ir para cama com a Miss Universo, seria uma escolha difícil. Felizmente, fiz os dois.

 

“Odeio táticas, elas me aborrecem. O que me importa são meus dribles. Chego a sonhar com eles.

 

(Fonte: https://www.uol.com.br/esporte/futebol/colunas/rafael-reis/2020/11/24 – ESPORTE / FUTEBOL / por Rafael Reis – 24/11/2020)

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