Primeiro caso de AIDS no Brasil

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H.A.L, executivo de uma multinacional: o primeiro caso de AIDS no Brasil. Executivo norte-americano, homossexual, residente no Brasil há 14 anos, mas que viajava constantemente para o exterior, Europa, Estados Unidos e inclusive para a África, onde pode ter sido infectado pelo vírus da AIDS, devido à sua preferência por parceiros negros, foi o primeiro caso de AIDS documentado no Brasil, em novembro de 1981. Este dado comprova a tese de que o vírus entrou no país através de integrantes de grupo de risco, pertencentes à classe média, e que estiveram pelo menos uma vez no exterior: Entretanto, o primeiro brasileiro – pelo menos mais famoso – que teria morrido de AIDS ao que tudo indica foi o cineasta Glauber Rocha, em 22 de agosto de 1981. A primeira ocorrência no Brasil foi registrada por um médico carioca, dr. Carlos Leite, diagnosticista e professor de Clínica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e um dos 14 médicos brasileiros membros do American College of Physicians. O dr. Carlos Leite só identificou o caso do seu paciente como sendo AIDS em abril de 1983, um mês após a morte de H.A.L., ao saber no CCD – Centro de Controle de Doenças de Atlanta (EUA) de casos de AIDS com linfoma limitado ao cérebro. Após uma revisão do material informativo sobre o paciente, enviou uma comunicação a Atlanta em maio. Dois meses depois, recebia a confirmação de que o seu paciente se enquadrava no diagnóstico da doença.
Pela ordem cronológica dos fatos, o primeiro caso de AIDS cientificamente documentado no Brasil foi registrado por uma equipe da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp (São Paulo) da qual fazia parte o dr. Fernando Lopes Gonçales Jr., professor assistente de Doenças Infeccionais e Parasitárias. O paciente, C. S., homossexual masculino, professor universitário, foi atendido pela equipe em julho de 1982, com um quadro grave de pneumonia por Pneumocystis carinii, que evoluiu para a morte em cinco dias. Os primeiros sintomas da doença haviam surgido sete meses antes, em fins de 1981, provavelmente em conseqüência de uma infecção pelo vírus da AIDS adquirida durante férias, em Paris, em 1981.
Um mês depois, um outro caso se manifestava em São Paulo: o artista plástico W. B. S. Começou a ter os primeiros sintomas da doença em agosto de 1982. No dia 5 de setembro, a dra. Valéria Petri, dermatologista da Escola Paulista de Medicina, diagnosticou o caso sarcoma de Kaposi (um tipo de câncer de pele) e posteriormente como uma manifestação de AIDS.
O primeiro caso de transmissão autóctone (por parceiros infectados residentes no Brasil) foi relatado pela equipe do dr. Vicente Amato Neto, professor titular da Clínica de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. O paciente, um biólogo de 41 anos, proprietário de uma escola no interior de São Paulo, e homossexual desde os 14 anos de idade, procurou o médico em dezembro de 1982, com um histórico de febre, emagrecimento de 20 kg em dois anos, com fígado e baço aumentados e gânglios inchados. O diagnóstico se completou: AIDS. Quatro meses depois, morreu.
Entretanto, só depois que o famoso costureiro mineiro Marcus Vinicius Resende Gonçalves, mais conhecido como Markito, morreu na madrugada de 4 de julho de 1983 num hospital de Nova York, para onde havia viajado em busca de tratamento, a população brasileira começou a tomar conhecimento pela imprensa de que a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) não era uma doença estranha ao país e começava a fazer suas primeiras vítimas no Brasil.

(Fonte: O Livro do Mês de Playboy – PACIENTE ZERO – O Homem que trouxe a AIDS p/ a América por Luiz Antonio Maciel)

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