Primeiro brasileiro com três medalhas em uma única edição olímpica

0
Powered by Rock Convert

Canoísta é primeiro brasileiro a ganhar três medalhas em uma mesma Olimpíada

Ao lado de Erlon, Isaquias leva a prata e se consagra nas águas da Lagoa

Brasileiros ditam ritmo da prova, mas, no fim, são passados por time da Alemanha. Isaquias se torna 1º brasileiro com três medalhas em uma única edição olímpica

 

O primeiro atleta a conquistar três medalhas olímpicas na canoa numa mesma edição

É prata! Agora com Erlon, Isaquias fatura 3ª medalha no Rio

Dupla brasileira conquista a segunda colocação na prova do C2 1.000m, e jovem canoísta de 22 anos se isola como o maior medalhista do país em Jogo Olímpicos

Você já presenciou o nascimento de um mito? Como precisar o exato momento em que uma pessoa cruza uma linha e muda de status? O instante em que anos de esforço, dedicação e sacrifício transformam um atleta de ponta em um herói olímpico? Isaquias Queiroz pode responder melhor do que ninguém. Eram 9h25 de 21 de agosto de 2016, um sábado, quando ele e o companheiro Erlon de Souza fecharam em segundo lugar o C2 1000m na final olímpica da Rio 2016.

 

 Isaquias Queiroz, ao lado de Erlon de Souza, não decepcionou na canoagem velocidade. Se a meta era conquistar três medalhas nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, o objetivo foi alcançado. O competidor faturou sua terceira láurea na prova do C2 1.000m, dessa vez em duplas, ao ficar com a prata, no Estádio da Lagoa. O ouro acabou com a Alemanha, e o bronze com a Ucrânia. 

Uma festa completa logo cedo para todos os brasileiros. Se alguém ainda tinha alguma dúvida, Isaquias se firma como o principal atleta do país na Rio-2016. E também como um dos principais de toda história olímpica. Aos 22 anos e em sua primeira Olimpíada, o canoísta se transformou no maior medalhista do Brasil em uma única edição dos Jogos de maneira isolada. Além da láurea obtida neste sábado, ele tinha uma prata no C1 1.000m e o bronze no C2 200m. 

Não foi apenas o desempenho de Isaquias e Erlon nas águas da Lagoa que impressionou. O público presente, dentro e fora do Estádio, foi surpreendente. Minutos antes do início das competições, eram longas as filas para entrar no local. Quem não tinha um ingresso se juntava nas grades ou até mesmo em cima de algumas árvores para poder acompanhar as provas. 

Ninguém se arrependeu do que viu. Como um dos favoritos a um lugar no pódio, afinal, são os atuais campeões mundiais no C2 1.000m, os brasileiros fizeram uma prova constante. Se no dia anterior, nas eliminatórias, eles já tinham terminado com o melhor tempo, o resultado da decisão não foi diferente. Após dominarem quase toda a final, eles só foram ultrapassados pelos alemães na reta final. Mas nada que diminuísse a festa. 

Se até o início da Rio-2016 o Brasil nunca tinha conquistado uma medalha na canoagem, a situação se transformou completamente nessa edição dos Jogos. A modalidade termina com o mesmo número de láureas do judô e da ginástica artística, dois esportes mais populares no País. Algo histórico. Assim como todos os feitos de Isaquias Queiroz. E ele só tem 22 anos.

As águas da Lagoa Rodrigues serviam, naquele momento, de batismo para um mito do esporte nacional: Isaquias se transformava no único brasileiro a conseguir três medalhas numa única edição dos Jogos Olímpicos. A prata se juntava à outra já conquistada no C1 1000m e ao bronze no C1 200m. Para a torcida brasileira, pouco importava que o alemão Sebastian Brendel, agora com a ajuda de Jan Vandrey, ficasse novamente com o ouro – ele já havia sido a pedra no caminho do brasileiro no C1 1000m, prova que também venceu. A Ucrânia, de Ianchuck e Mishchuk, ficou em terceiro.

 

O feito de Isaquias não se restringe ao Brasil. Ele também se transformava no único atleta a ganhar três medalhas na canoa numa única edição dos Jogos – outros atletas conseguiram três medalhas, mas em provas de canoa e caiaque.

Isaquias sonhava com o ouro, mas a prata não causou decepção. Nem nele nem no público, que apoiou com entusiasmo a dupla brasileira do início ao fim. O mais novo mito do esporte vibrou com seu feito e agradeceu à torcida.

– Eu me sinto realizado. Meu objetivo era ter as três provas. Dedico para todo mundo que me ajudou. Estou orgulhoso e feliz por quebrar esse recorde como atleta brasileiro. Não é só meu. Minha equipe toda está de parabéns. Não é só para mim. Estou satisfeito e muito feliz. Vim com um objetivo. Agradeço primeiro ao Comitê Olímpico, que trouxe o Jesús [Morlán, treinador da dupla], esse apoio. Tivemos recorde de público aqui – afirmou Isaquias Queiroz.

Isaquias Queiroz festeja com seu parceiro Erlon de Souza a conquista da prata (Foto: AFP)

Isaquias Queiroz festeja com seu parceiro Erlon de Souza a conquista da prata (Foto: AFP)

 

A parceria vitoriosa da canoagem velocidade saiu do Rio de Contas para o Rio de Janeiro.  Agora, foi do Rio de Janeiro para o mundo. Isaquias, filho de Ubaitaba, e Erlon, rebento de Ubatã, deram suas primeiras remadas nesse rio prateado, berço da canoagem do Brasil, que corta mais 11 cidades no estado da Bahia e produz canoístas a cada novo nascimento, já que a embarcação é o principal meio de transporte do local. Eles cresceram, deram duro, superaram, cada um, suas próprias dificuldades. Tudo sob a batuta de Jesús Morlán, que já tinha levado o espanhol David Cal a cinco medalhas olímpicas e, em 2013, resolveu acreditar no projeto da canoagem brasileira.

 

 

Isaquias fez coração para a torcida e apontou para seu parceiro ao ser aplaudido (Foto: REUTERS/Marcos Brindicci)

Isaquias fez coração para a torcida e apontou para seu parceiro ao ser aplaudido (Foto: REUTERS/Marcos Brindicci)

 

 

O estrangeiro teve visão: tirou os meninos da represa de Guarapiranga, foi para a raia olímpica da USP, em São Paulo, mas viu que não daria certo dividir a lagoa com amadores. Os atletas precisavam de foco total. Após muita pesquisa, o comandante fez uma mudança drástica: levou a seleção brasileira para a pacata Lagoa Santa, em Minas Gerais. Adotou um sistema de treinamento de oito semanas de trabalho e apenas uma de folga. Deixou sua família na Colômbia e passou a morar e dividir tudo, até tarefas domésticas, com Isaquias, Erlon e os outros canoístas que fazem parte do time, Ronílson e Nivalter.

Ao longo do tempo, a equipe teve inúmeras conquistas. Dentre elas, vale destacar os dois ouros de Isaquias na prova do C1 500m nos mundiais de Duisburg 2013 (levou também bronze no C1 1000m) e Moscou 2014 (ainda ficou em terceiro no C2 200m, com Erlon), e o ouro mais recente, em Milão 2015, no C2 1000m, com o parceiro habitual (ganhou também o bronze no C1 200m). Agora, adiciona à sua coleção a prata de Erlon e Isaquias, e a outra prata e o bronze do baiano de 22 anos. Que as águas passem, mudem, se renovem… Mas a canoagem nunca vai se esquecer do que viu nas águas da Lagoa Rodrigo de Freitas na Olimpíada do Rio nesta semana.

 

 

Isaquias Queiroz e Erlon de Souza: uma parceria que deu certo (Foto: Damien MEYER / AFP)

Isaquias Queiroz e Erlon de Souza: uma parceria que deu certo (Foto: Damien MEYER / AFP)

 

Veja os tempos da final do C2 1000m:

Ouro – Brendel/Vandrey (ALE) – 3m43s412
Prata – Isaquias Queiroz / Erlon de Souza (BRA) – 3m44s819
Bronze – Ianchuk/Mishchuk (UCR) – 3m45s949
4) Vasbanya/Mike (HUN) -3m46s198
5) Shtokalov/Pervukhin (RUS) – 3m46s776
6) Torres/Jorge (CUB) – 3m48s133
7) Radon/Dvorak (RTC) – 3m49s352
8) Kochnev/Mirbekov (UZB) – 3m52s920

 

Confira a lista de atletas que levaram mais de uma medalha na Olimpíada na canoagem velocidade, seja na canoa (provas C) ou no caiaque (provas K)**:

Moscou 1980
Vladimir Parfenovich – 3 medalhas (K1 500m; K2 500m; e K2 1000m – Ouro) – União Soviética

Los Angeles 1984
Lars-Erik Moberg – 3 medalhas (K1 500m; K2 500m; e K4 1000m – Prata) – Suécia
Agneta Andersson – 3 medalhas (K1 500m e K2 500m – Ouro e K4 500m – Prata) – Suécia

Seul 1988
Vanja Gesheva – 3 medalhas (K1 500m – Ouro; K2 500m – Prata; e K4 500m – Bronze) – Bulgária
Birgit Schimdt – 3 medalhas (K1 500m – Prata; K2 500m – Ouro; e K4 500m – Ouro) – Alemanha Ocidental

Barcelona 1992
Rita Köbán – 3 medalhas (K1 500m – Prata; K2 500m – Bronze; e K4 500m – Ouro) – Hungria

Rio 2016
Isaquias Queiroz – 3 medalhas (C1 1000m – Prata; C1 200m – Bronze; e C2 1000m – Prata) – Brasil

* Cahê Mota, Carol Fontes, Danielle Rocha, Marcelo Russio e Richard Souza

**Isaquias Queiroz é o primeiro atleta a conquistar três medalhas olímpicas na canoa numa mesma edição. Porém, no caiaque, a primeira foi Rita Köban, da Hungria.

(Fonte: http://globoesporte.globo.com/olimpiadas/canoagem/noticia/2016/08 – RIO 2016 – Por Gabriel FrickeRio de Janeiro, RJ – 20/08/2016)

(Fonte: https://esportes.terra.com.br/lance – ESPORTES – LANCE! / Por Felipe Domingues, Guilherme Cardoso e Jonas Moura – 20 AGO 2016)

Powered by Rock Convert
Share.