Primeira vitória de Ayrton Senna na Fórmula-1

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Ayrton Senna
Em meio às desesperanças da década de 80, as façanhas do piloto na Fórmula-1 ajudaram a confortar a combalida auto-estima de todo um país
Em 1º de maio de 1994, o Brasil acompanhou pela televisão a morte de um grande herói. Na sétima volta do Grande Prêmio de San Marino, o piloto Ayrton Senna da Silva viu-se com o volante do carro solto nas mãos. A barra que o prendia à direção se partira no limiar de uma curva. O piloto habilidoso subitamente descobriu-se impotente para fazer o que melhor sabia: manobrar o veículo. Empunhando o volante inútil como a um escudo, espatifou-se contra um muro de concreto a 300 km/h. Em estado de choque diante do televisor, milhões de brasileiros viram o ídolo desfalecido e ensangüentado agonizar. Aos 34 anos, morria o piloto cujas vitórias na Fórmula-1 enchiam de orgulho patriótico as manhãs de domingo.
Senna prenunciava a carreira brilhante no automobilismo desde a infância. Com o kart construído pelo pai, o menino paulistano fez sua primeira corrida aos oito anos. Meteu a mão num saco plástico e de lá tirou um papelzinho com o número 1 escrito. Conquistava assim sua primeira pole position. Disputando com adversários maiores de 18 anos, disparou na frente e liderou a corrida até três voltas do final, quando foi abalroado e capotou.
Multicampeão de kart, Fórmula-Ford e Fórmula-3, Senna entrou pela primeira vez num Fórmula-1 em 1983. Convidado a testar um protótipo, simplesmente bateu o recorde do circuito de Donington, na Inglaterra. No ano seguinte, estreava como piloto da equipe Toleman. Chamou a atenção por compensar no braço a diferença de motor entre sua baratinha e os melhores carros. A primeira vitória viria em Detroit, em 1986, a bordo de uma Lotus preta e dourada. Na véspera, a Seleção Brasileira fora eliminada da Copa do Mundo. O país vivia uma grande ressaca esportiva.
Extravasando a frustração nacional, Senna venceu e desfilou pelo circuito com uma bandeira verde e amarela desfraldada. Num período em que o futebol e a economia do país viviam seu pior momento, ele dirigia uma máquina de alta tecnologia e fazia pilotos do mundo todo comerem poeira. Acabou convertido em símbolo do que os brasileiros esperavam de si e do seu país.
Convidado a correr pela poderosa equipe McLaren em 1988, obteve o primeiro dos seus três títulos mundiais. Encarado como um fenômeno pelos especialistas, tornou-se recordista de pole positions, de voltas no comando, de poles sucessivas e de vitórias ponta a ponta.
Ao morrer, dois meses antes de o Brasil voltar a vencer uma Copa do Mundo, deixava sobretudo a imagem de piloto que se entregava por inteiro. O GP do Brasil de 1991 é um bom exemplo. Senna correu grande parte da prova com apenas a sexta marcha funcionando. Numa circunstância em que outros abandonariam a pista, fez um esforço brutal para o carro não apagar e venceu. Parou logo depois de cruzar a linha de chegada. Extenuado, com espasmos musculares por todo o corpo, não lhe restavam forças sequer para chegar aos boxes.

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