Pioneiro na arte autóctone brasileira

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Vicente do Rego Monteiro (1899-1970), pernambucano brasileiro. Sempre foi um peixe fora da água no modernismo brasileiro. Ao contrário de seus colegas da Semana de 22, que mesmo sendo fazendeiros de café eram simpáticos às idéias da esquerda, ele era integralista, a versão brasileira do fascismo.
Enquanto os outros pintores mostravam-se iconoclastas, Rego Monteiro reforçava suas convicções católicas pintando cenas bíblicas. Por isso mesmo, um de seus únicos entusiastas, à época de suas primeiras exposições em São Paulo, foi Monteiro Lobato, exatamente o mesmo que, poucos anos antes, havia se indignado com os quadros de Anita Malfati, transformando-se no inimigo número 1 dos modernistas.
Sem ambiente no Brasil, Rego Monteiro conseguiu a proeza de fazer nome na França, onde foi adotado pela chamada Escola de Paris, da qual faziam parte os cubistas Picasso e Braque. No meio dos artistas seus conterrâneos em Paris, Rego Monteiro foi o mais atuante, o mais solicitado e o que alcançou verdadeiro renome.
Rego Monteiro não é nenhum gênio da pintura, mas tem o mérito do pioneirismo. Antes que a antropofagia virasse moda entre os modernistas, já procurava aprofundar-se na arte autóctone brasileira, investigando e deixando-se influenciar pela pintura marajoara.
Juntar os traços indígenas aos experimentalismos da vanguarda européia foi o grande achado de Rego Monteiro – ele fez isso em 1919, e toda a escola modernista repetiria esse procedimento. Era algo tão novo que a crítica paulistana, sem saber como classificá-lo, rotulou-o de futurista. Avaliação disparatada. Rego Monteiro era mais futurista na atitude do que na obra, teve o mérito de desbravar caminhos para a arte brasileira.

(Fonte: Revista VEJA, 03 de Setembro de 1997 – ARTE – Celso Masson – ANO 30 – N.º 35 – Edição 1511 – Editora ABRIL – Pág. 133)

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