Pioneiro da indústria paulista e articulador dos empresários desde a década de 20

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Pioneiro da indústria paulista

 

Nadir Dias de Figueiredo (São João del-Rei, 2 de dezembro de 1891 – São Paulo, 10 de abril de 1983), pioneiro da indústria paulista e articulador dos empresários desde a década de 20. Nascido de família modesta em São João Del Rey, Minas Gerais, em 2 de dezembro de 1891, que viveu pelo menos seis décadas como o líder máximo dos industriais brasileiros e que, era dono do maior complexo nacional produtor de vidros, a Nadir Figueiredo S.A., com oito industrias espalhadas pelo país.

 

 

Senhor dos bastidores da vida empresarial brasileira e figura-chave na aventura industrial que o Brasil viveu neste século 20, ele foi um “capitão de indústria” clássico, cuja biografia viveu temperada pelo ativismo político. A primeira empresa de Figueiredo – uma oficina para o conserto e venda de máquinas de escrever – apareceu em 1912, no Largo do Tesouro, centro de São Paulo. Daí para a frente, suas empresas não pararam de crescer, e tampouco sua importância política.

 

Juntamente com Roberto Simonsen (1889-1948), Eduardo Jafet, Manuel Barros Loureiro, além de seu irmão Morvan Dias de Figueiredo (1890-1950) fundou a Companhia Bandeirantes de Seguros Gerais.

 

No final dos anos 20 ele liderou o movimento de fortalecimento da indústria nacional, juntamente com Roberto Simonsen, que resultou na fundação do Centro e posteriormente Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. A experiência que adquiriu na Revolução de 1932, ao liderar a mobilização industrial em favor do movimento, serviu-lhe para 1964, quando desempenhou papel idêntico. “Mas éramos todos legalistas” testemunha o atual vice-presidente da FIESP, Mário Amato.

 

Mesmo assim, nas primeiras 48 horas de abril de 1964 os industriais distribuíram 2 milhões de cruzeiros em equipamentos militares as forças rebeldes, tudo sob o olho clínico de Nadir Figueiredo. “Era um homem conciliador”, diz Amato, e fez todos os presidentes da FIESP de Roberto Simonsen a Theobaldo de Nigris, mas nunca aceitou um cargo para si. Sua primeira derrota ocorreu em 1980, quando De Nigris não conseguiu a reeleição. Desde 1957 ostentava o título de “Líder n° 1 da Indústria Brasileira.

 

Quando o então presidente João Goulart proferiu o célebre discurso na Central do Brasil, no dia 13 de março de 1964, o industrial Nadir Figueiredo ficou perturbado. O país, constatou ele, estava deslizando para o caos e o regime caminhava para o fim. Nadir Figueiredo ainda buscou uma conciliação. Chamou a sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) o ex-presidente Juscelino Kubitscheck e, na frente de um grupo de empresários, pediu-lhe que tentasse convencer Goulart de que era preciso evitar que o país caísse num buraco.

Juscelino respondeu que isso não era mais possível, pois Jango tinha o apoio dos comandos militares e a sustentação de sargentos e tenentes. Figueiredo concluiu, segundo relatou Raphael Noschese, presidente da FIESP na época, e que assistiu a reunião: “Não resta outra saída, senão derrubar o governo. Ou isso, ou o país descamba para o desastre”. Ir direto ao ponto era próprio do espírito desse homem pioneiro.

Nadir Figueiredo morreu no dia 10 de abril de 1983, aos 91 anos de idade, de insuficiência cardíaca, em São Paulo.

(Fonte: Veja, 20 de abril, 1983 – Edição 763 – Memória – Pág; 102 – Datas – Pág; 88)

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