Pierre Klossowski, foi um dos interlocutores de Georges Bataille (escritor e pensador) e André Masson (artista plástico)

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Ensaísta francês era uma das últimas testemunhas de fase gloriosa da cultura europeia

Pierre Klossowski (Paris, 9 de agosto de 1905 – Paris, 12 de agosto de 2001), escritor, ensaísta e artista plástico

Embora Pierre Klossowski nunca tenha ocupado o panteão central -e mais midiático- da intelligentsia do país, ele era uma das últimas testemunhas de toda uma fase gloriosa da cultura europeia e francesa no século 20, e um dos seus personagens mais intrigantes e perturbadores.

Tanto seu pai (Erich Klossowski) quanto sua mãe (Elizabeth Spiro) eram pintores. De origem polonesa, a família imigrou para a Itália e mais tarde para a França, no início do século. Na infância, Pierre Klossowski conviveu com o pintor Pierre Bonnard, professor de sua mãe, o escritor André Gide e o poeta Rainer Maria Rilke, que foi para ele uma espécie de tutor.

Na juventude, associou-se aos surrealistas e foi um dos interlocutores de Georges Bataille (escritor e pensador) e André Masson (artista plástico). Os filósofos Michel Foucault e Gilles Deleuze estavam entre seus admiradores.

Talvez por causa da Ocupação na França, os primeiros livros de Klossowski só foram publicados quando ele já havia passado dos 40 anos (“Sade, Meu Próximo” é de 1947, traduzido no Brasil). A primeira exposição de seus desenhos só ocorreu em 1952.

Seus romances, durante muito tempo considerados escandalosos, ocupam um lugar extravagante na literatura francesa do século passado, bem como seu ensaísmo filosófico e mais ainda as suas esculturas e pinturas.
Em quase toda a sua obra, o erotismo é um tema dominante, mas numa combinação complexa com filosofia e teologia, que ele estudou na juventude.

Entre os seus romances, “Le Baphomet” chegou a ser traduzido no Brasil (está esgotado). O restante ainda está esperando uma boa versão brasileira, como a trilogia “Les Lois de l’Hospitalité” (As Leis da Hospitalidade), da qual faz parte “Roberte Ce Soir”, talvez a sua melhor ficção.

Para os cinéfilos, Pierre Klossowski é um dos personagens-chaves de “Au Hasard Balthazar” (Ao Acaso Balthazar, 1966), de Robert Bresson: é quem chicoteia impiedosamente o jumento que dá nome e é o personagem central desse filme magnífico.

O diretor franco-chileno Raoul Ruiz adaptou um de seus livros (A Vocação Suspensa) no filme “A Hipótese do Quadro Roubado”. Dois textos de Klossowski também aparecem em “Salò ou os 120 Dias de Sodoma”, de Pier Paolo Pasolini.
Recentemente, foi publicado no Brasil “Nietzsche e o Círculo Vicioso” (editora Pazulin), de Klossowski, um dos mais radicais estudos sobre o pensador alemão. A obra leva ao paroxismo a análise nietzschiana da dimensão mistificatória da metafísica, do encerramento da história e do aparecimento de um novo tempo mítico.

Para os pós-modernos, Klossowski é um dos nomes de referência no que diz respeito à crítica do princípio de identidade e da representação, com sua perspectiva de um mundo que se tornou “fábula” e “narrativa”, como ele expõe em “Un Si Funeste Désir” (Um Desejo Tão Funesto).

Morreu em Paris, dia 12 de agosto de 2001, três dias após completar 96 anos (em 9 de agosto) e quase seis meses depois da morte do pintor Balthus, seu irmão, ocorrida também num domingo (18 de fevereiro).

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1308200110 – PERSONALIDADE – Com agências internacionais – ALCINO LEITE NETO – DE PARIS – 13 de agosto de 2001)

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