Paulo Thiago, dirigiu longas importantes como “Vagas para moças de fino trato”, “Policarpo Quaresma, herói do Brasil”, “Orquestra dos meninos”, “Jorge, um brasileiro” e Sagarana, o Duelo

0
Powered by Rock Convert

Paulo Thiago (1945-2021), diretor de filmes como “Vagas Para Moças de Fino Trato”, “Policarpo Quaresma, Herói do Brasil” e “Orquestra dos Meninos”

 

O cineasta Paulo Thiago, em 2007 (Foto: Leo Aversa / Agência O Globo)

 

Paulo Thiago Ferreira Paes de Oliveira (Aimorés, em Minas Gerais, 8 de outubro de 1945 – Rio de Janeiro, 5 de junho de 2021), cineasta, foi um dos maiores talentos do cinema brasileiro, foi um dos fundadores da Associação Brasileira dos Cineastas, organizações importantes para a classe.

 

Nome fundamental na cinematografia brasileira, ele deixa obras importantes, como  “Policarpo Quaresma, herói do Brasil” (1997), “Sagarana, o duelo” (1973) e “Jorge, um brasileiro” (1989), filmes notabilizados por esmiuçar aspectos da cultura nacional.

 

Paulo Thiago dirigiu longas importantes como “Vagas para moças de fino trato” (1993), “Policarpo Quaresma, herói do Brasil” (1997), “Orquestra dos meninos” (2008), “Jorge, um brasileiro” (1989) e Sagarana, o Duelo (1974), que foi o filme representante do Brasil na Competição Oficial do Festival de Berlim. Levou o prêmio de direção no Festival de Trieste, na Itália, com o longa “Jorge, um brasileiro” (1987), baseado no romance homônimo de Oswaldo França Jr.

 

Seu primeiro filme, “Os senhores da Terra”, lhe rendeu o prêmio da FIPRESCI, que poucos cineastas do Brasil conquistaram.

 

Além de diretor, atuou ainda como produtor em filmes como “Aparecida, o milagre” (2010), de Tizuka Yamasaki; “Engraçadinha” (1981), de Haroldo Marinho Barbosa; e “Beijo na Boca” (1982), de Euclydes Marinho.

Nascido em Aimorés, em Minas Gerais, o diretor foi morar no Rio de Janeiro ainda criança. Ele chegou a cursar economia e sociologia política na PUC, mas seus dias de universitário acabaram lhe desenvolvendo a paixão pelo cinema e o lançando numa trajetória completamente diferente de seus planos originais.

 

Seu primeiro filme foi o documentário “A Criação Literária de João Guimarães Rosa”, lançado em 1969, que chegou a ser premiado no Festival de Santarém, em Portugal.

 

No ano seguinte, lançou seu primeiro longa-metragem de ficção, “Os Senhores da Terra”, também reconhecido internacionalmente ao ser incluído no Festival de Karlovy Vary.

Seus próximos trabalhos o consagraram de vez. “Sagarana, o Duelo” (1974) foi selecionado para a mostra competitiva do Festival de Berlim e “Soledade, a Bagaceira” (1976) foi premiado no Festival de Brasília.

 

Ele também fez “Batalha dos Guararapes” (1978), que se tornou um dos primeiros épicos do cinema brasileiro, e “Águia na Cabeça” (1984), pioneiro ao abordar o jogo do bicho e a contravenção do Rio de Janeiro.

 

Ao longo da carreira, Paulo Thiago se especializou em retratar o homem comum em luta contra adversidades maiores que suas capacidades, e essa temática teve seu auge em “Jorge, um Brasileiro” (1989), centrado num caminhoneiro com uma missão de entrega impossível, que refletia as condições da categoria.

 

Com seus trabalhos, também participou da retomada do cinema brasileiro nos anos 1990, alcançando sucesso com “Vagas Para Moças de Fino Trato” (1993), premiado no Festival de Brasília, e “Policarpo Quaresma, Herói do Brasil” (1998), sobre um populista fanático de direita que busca o poder e hoje parece terrivelmente premonitório.

 

O diretor dedicou duas obras consecutivas ao poeta Carlos Drummond de Andrade, o documentário “Poeta de Sete Faces” (2002) e a ficção “O Vestido” (2003), adaptação de um poema do escritor. Por sinal, essa era outra característica de sua filmografia. Depois de estrear com “A Criação Literária de João Guimarães Rosa”, ele filmou “Saragana”, de Guimarães Rosa.

 

A alternância ainda se refletiu de forma temática em dois filmes seguidos com fundo musical, “Coisa Mais Linda: Histórias e Casos da Bossa Nova” (2005), documentário sobre a Bossa Nova, e “Orquestra dos Meninos” (2008), a história de Mozart Vieira, que ensinou música a crianças pobres de Pernambuco e, recusando-se a participar do jogo político local, sofre vingança e tem seu trabalho questionado por uma falsa acusação de abuso de alunos.

 

“Orquestra dos Meninos” serviu como resumo da temática mais emblemática do diretor, exemplificando a luta de brasileiros para melhorar de vida e de país, sempre em luta com interesses de poderosos, fossem os coronéis de “Os Senhores da Terra” ou a manipulação política da “Batalha dos Guararapes”.

 

O diretor ainda fez “Doidas e Santas” (2016), a rara comédia de sua carreira, e “A Última Chance” (2017), exibido no Festival do Rio e protagonizado por Marcos Pigossi, sobre a história de um ex-presidiário que se redime graças às artes marciais (ele fez um documentário sobre esse personagem real em 2013), além de “​Memórias do Grupo Opinião” (2019), que esteve na 24ª edição do festival É Tudo Verdade, apresentando a trajetória do grupo teatral carioca Opinião, marco da resistência contra a ditadura.

 

Entre os projetos que desenvolvia, ficaram incompletos “Rabo de Foguete”, filme baseado na obra de Ferreira Gullar, e um documentário sobre o grupo musical MPB4.

 

Mas Paulo Thiago não foi só diretor.

 

Ele produziu filmes como “Engraçadinha” (1981), de Haroldo Marinho Barbosa, “O Bom Burguês” (1983), de Oswaldo Caldeira, “Fulaninha” (1986), de David Neves, “Beijo na Boca” (1986), de Euclydes Marinho e “Aparecida, O Milagre” (2010), de Tizuka Yamasaki.

 

Filmografia premiada

 

Nascido em Vitória, no Espírito Santo, e com certidão registrada em Aimorés, em Minas Gerais, Paulo Thiago se mudou para o Rio de Janeiro aos cinco anos. Apesar de ter concluído graduações em economia e sociologia política na PUC-Rio, deixou-se levar pela paixão que nutria por cinema e literatura em suas primeiras incursões profissionais.

A estreia como cineasta se deu com o documentário “A criação literária de João Guimarães Rosa” (1969), que repassa narrativas do sertão inspiradas em clássicos do autor de “Grande sertão: veredas”. Em 1970, Paulo Thiago dirigiu seu primeiro longa, “Os senhores da terra”, sobre uma cidade no interior do país atemorizada por poderosos coronéis e criadores de gado. O filme arrematou o prêmio da Federação Internacional de Críticos de Cinema, a FIPRESCI, algo que poucos cineastas brasileiros conquistaram.

 

Com “Sagarana, o duelo” (1973), inspirado no livro “Sagarana”, de Guimarães Rosa, o diretor foi indicado ao Urso de Ouro, sendo o único representante brasileiro daquele ano no Festival de Berlim.

 

Outros títulos marcantes compõem sua filmografia, como “Vagas para moças de fino trato” (1993), com as atrizes Maria Zilda Bethlem, Lucélia Santos e Norma Bengell; “Policarpo Quaresma, herói do Brasil” (1997), baseado na obra de Lima Barreto; “Orquestra dos meninos” (2008), cinebiografia do maestro Mozart Vieira; e “Jorge, um brasileiro” (1989), sucesso de bilheteria estrelado por Carlos Alberto Riccelli, sobre as dores e amores de caminhoneiros que cruzam diariamente o Brasil.

‘Ele viveu o cinema de maneira integral’

Além de diretor, Paulo Thiago atuou como produtor em longas como “Aparecida, o milagre” (2010), de Tizuka Yamasaki; “Engraçadinha” (1981), de Haroldo Marinho Barbosa; “O Bom burguês”, de Oswaldo Caldeira; e “Beijo na boca” (1982), de Euclydes Marinho.

O diretor e produtor também foi presidente o Sindicato da Indústria Cinematográfica e Audiovisual do Rio de Janeiro, além de um dos fundadores da Associação Brasileira dos Cineastas, organizações importantes para a classe. A produtora Mariza Leão reforça a importância do legado deixado pelo cineasta:

 

Projetos inéditos

 

Um de seus últimos trabalhos foi “Memórias do Grupo Opinião” (2019), documentário que recompõe a história do grupo teatral carioca conhecido por mobilizar frentes de resistência contra a ditadura militar. A produção integrou a seleção da 24ª edição do Festival É Tudo Verdade.

 

Em 2017, ele dirigiu o drama “A última chance”, em que o ator Marco Pigossi encarna um jovem da periferia carioca que abandona o universo do crime ao se tornar um lutador de MMA.

 

Nos últimos anos, antes de a pandemia eclodir no Brasil, Paulo Thiago se dedicava a dois projetos inéditos: um documentário sobre o grupo musical MPB4 e uma obra ficcional baseada em “Rabo de foguete: os anos de exílio”, autobiografia assinada por Ferreira Gullar (1930-2016).

 

Também presidiu o Sindicato da Indústria Cinematográfica e Audiovisual do Rio de Janeiro e a Associação Brasileira de Produtores Cinematográficos, além de ter sido um dos fundadores da Associação Brasileira dos Cineastas.

Paulo Thiago faleceu em 5 de junho de 2021, aos 75 anos, no Rio de Janeiro. Ele estava internado no hospital Samaritano desde o dia 7 de maio e sua morte foi causada por uma parada cardíaca após uma doença hematológica.

Desde o início de maio, Paulo Thiago estava internado no Hospital Samaritano, na Zona Sul do Rio de Janeiro, onde tratava uma doença hematológica rara e difícil de ser diagnosticada, e que compromete a produção dos componentes do sangue.

— Paulo Thiago era um apaixonado pelo Brasil e pelo cinema. O negócio dele era fazer cinema como um conhecedor profundo do país. Em todas as suas obras, é o Brasil que está retratado na tela — conta a produtora Glaucia Camargos, viúva do cineasta, com quem foi casada por 42 anos e com quem gerou os filhos Pedro Antonio, também cineasta, e Paulo Francisco, músico.

— Paulo Thiago viveu o cinema de maneira integral. Dirigiu, produziu e não fugiu da luta politica. E sempre fazendo amigos. Sorte que fui um deles — enaltece o cineasta Sérgio Rezende.

— Impossível falar de Paulo Thiago  sem reconhecer seu amor profundo pelo Brasil, pelo cinema brasileiro. Sua obra marcante e vibrante expressa seus valores éticos e morais. Um brasileiro inesquecível. O Brasil perde um de seus mais importantes pensadores — ressalta.

O cineasta Pedro Antônio, filho de Paulo Thiago, afirma que deseja prosseguir o projeto “Rabo de foguete”, focada na trajetória de Gullar durante a ditadura militar brasileira. Apenas o roteiro da cinebiografia sobre o poeta havia sido finalizado, escrito pelo próprio Paulo Thiago. O ator Samuel Toledo já havia sido convidado para o papel principal (Gullar), mas as filmagens não puderam ser iniciadas devido à pandemia.

(Fonte: https://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil – NOTÍCIAS / BRASIL / por Pipoca Moderna / fornecido por Microsoft News – 05/06/2021)

(Fonte: GAÚCHAZH – ANO 58 – N° 20.041 – 7 DE JUNHO DE 2021 – MEMÓRIA / TRIBUTO – Pág: 22)

(Fonte: https://oglobo.globo.com/cultura – CULTURA / O Globo – 05/06/2021)

Powered by Rock Convert
Share.