Arquiteto marcante na paisagem carioca

Arquiteto Paulo Casé em uma de suas obras, o Rio Cidade de Ipanema (Foto: Marcelo Carnaval / Agência O Globo / Jornal O Globo)
Profissional assinou dezenas de projetos e também foi um dos mais controversos da área
Autor de projetos, como os dos Marriot e Le Méridien e do Parque Aquático Maria Lenk

Parque Aquático Maria Lenk é uma das obras assinadas pelo escritório de Paulo Casé (Foto: Renato Sette Camara/Prefeitura do Rio)
Ao longo de seis décadas, notabilizou-se como um profissional de vanguarda, aliando estética e funcionalidade e tem com projetos de destaque hotéis de luxo e o parque aquático Maria Lenk
Obra foi marcada pela ousadia e capacidade de unir funcionalidade e estética
Paulo Hamilton Casé (Tijuca, Rio de Janeiro, 1931 – Copacabana, 27 de agosto de 2018), arquiteto e urbanista carioca, autor de projetos como o Parque Aquático Maria Lenk, as Quadras Cariocas da Barra da Tijuca, o Favela Bairro Mangueira, a Cidade das Crianças, em Santa Cruz (RJ), e a sede da Confederação Nacional do Comércio, em Brasília, além de diversos hotéis de luxo e agências bancárias em várias cidades do país.
Ao longo de seis décadas, Casé se notabilizou projetando hotéis de luxo, como o Le Méridien (atual Hilton), no Leme (zona sul), e o JW Marriot, em Copacabana, na mesma região, e obras de urbanismo, como os projetos Rio-Cidade Bangu (nesse bairro da zona oeste) e Favela-Bairro da Mangueira, na zona norte. Outro projeto foi o parque aquático Maria Lenk, na Barra da Tijuca (zona oeste). Nesse bairro o arquiteto também projetou muitos imóveis – um de seus últimos projetos foi o Centro Metropolitano.
Com dezenas de projetos, foi um dos nomes que mais marcaram a paisagem urbana do Rio de Janeiro na segunda metade do século 20.
Carioca, Casé era uma apaixonado pelo Rio, onde projetou de hotéis de luxo, como o icônico Le Méridien (atual Hilton), no Leme, a obras no campo do urbanismo, como o Favela-Bairro da Mangueira. A assinatura de Casé está presente hoje por toda a cidade.
Na Zona Oeste, fez a Cidade das Crianças, em Santa Cruz, e o projeto Rio-Cidade Bangu:
— Quando cheguei à parte mais central de Bangu, vi aquela via com barro no chão, 42 graus, falta de sombra e, não à toa, quase ninguém circulando. Criei então um sistema de cobertura, com aspersores lançando água, para diminuir a temperatura, e projetei escadas rolantes, que passaram a ligar dois Bangus antes separados pela linha férrea — disse o arquiteto na mesma entrevista.
Casé também é o arquiteto por trás Rio-Cidade Ipanema, que dividiu opiniões. O polêmico Pórtico de Ipanema – no cruzamento da Rua Visconde de Pirajá com a Avenida Henrique Dumont – acabou depois derrubado, em meio a reclamações de moradores. Entre as obras do urbanista estão ainda o Hotel Merriott, em Copacabana, e o Parque Aquático Maria Lenk.
Paulo Casé também foi um dos mais controversos – criou o Obelisco de Ipanema, marco urbanístico edificado no programa Rio Cidade, na Rua Visconde de Pirajá, nos anos 1990.
Acerca do projeto, comentou em entrevista publicada em 2012: “Eu fiz conscientemente o que tinha que fazer, eu tinha que criar um fato para as pessoas irem para a rua falarem da cidade”.
Realmente foi bem-sucedido em gerar acalorados debates acerca do monumento, que chegou a ter um abaixo-assinado pedindo sua remoção. E, de fato, acabou demolido na gestão Eduardo Paes.
Ser um oposicionista é uma condição que pareceu recorrente em sua trajetória. Formou-se na Antiga Faculdade Nacional de Arquitetura, quando ainda o academicismo predominava no corpo docente local e se estimulavam projetos em estilo eclético.
Contudo, Casé veio a fazer parte de um grupo com grande interesse pelo modernismo que aflorava no Brasil naqueles anos 1950, estudando os trabalhos de Lúcio Costa, Oscar Niemeyer e Sergio Bernardes fora das salas de aula.
Seu arquiteto favorito desde aquela época, entretanto, era o americano Frank Lloyd Wright. Seus primeiros projetos se aproximam da vertente da arquitetura moderna conhecida como brutalista.
São desse período os Edifícios Estrela da Lagoa Rodrigo de Freitas, de 1970, e o Asahi, de 1972, na esquina da Avenida Paulista com a rua Pamplona, em São Paulo.
Nascido no bairro da Tijuca em 1931, e tendo passado boa parte da juventude em Copacabana, Paulo Casé encarnou a figura intelectual genuinamente carioca, de posições fortes, que se explicitaram no período em que foi colunista do Jornal do Brasil.
Seu interesse pela vida das favelas se explicitou no livro “Favela: Arenas do Rio” e no projeto do Favela Bairro para a Mangueira, onde fez um conjunto habitacional de blocos desalinhados e um viaduto curvilíneo que liga a parte baixa ao alto do morro.
Considerado um arquiteto de vanguarda, Casé foi autor, de projetos como de vários hotéis em todo o país. Entre eles, o Marriot e o Le Méridien (hoje Hilton), em Copacabana.
O arquiteto é filho de Graziela e Ademar Casé, radialista pioneiro no Brasil, e irmão do diretor de TV Geraldo Casé e do publicitário Maurício Casé, além de tio da atriz Regina Casé.
Considerado um arquiteto de vanguarda, trabalhou mais de seis décadas na profissão, aliando estética e funcionalidade. De acordo com informações do site do escritório de Casé, a frase que permeia todo o trabalho do arquiteto é “a questão é o homem, sempre o homem, sempre ele a frente de tudo”. O escritório é membro oficial do Green Building Council do Brasil, pelo “compromisso na aplicação de soluções ambientalmente eficientes e eficazes em seus projetos.”
Na página do escritório dele também aparecem no portfólio projetos como o do Parque Aquático Maria Lenk, da Cidade das Crianças, do Favela-Bairro da Mangueira, do Rio Cidade de Ipanema e Bangu, e da Universidade Estadual da Zona Oeste (Uezo).
Paulo Casé morre no Rio de Janeiro, aos 87 anos, em 27 de agosto de 2018, cerca de um mês após sofrer um acidente vascular cerebral.
Ele estava internado no Hospital Copa Star, em Copacabana.
(Fonte: https://oglobo.globo.com/rio – RIO DE JANEIRO / POR LUDMILLA DE LIMA – 27/08/2018)
(Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-08 – GERAL / Por Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil – 27/08/2018)
(Fonte: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2018/08/27 – RIO DE JANEIRO / NOTÍCIA / Por Nicolás Satriano, G1 Rio – 27/08/2018)
(Fonte: https://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral – GERAL / NOTÍCIAS / Por Fábio Grellet, O Estado de S.Paulo, 27 Agosto 2018)
(Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2018/08 – ILUSTRADA / Por Francesco Perrota-Bosch – 27.ago.2018)

