Paul Valéry, estreou com o apoio do grande simbolista Stéphane Mallarmé, abandonando em breve a vida literária

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Paul Valéry (30 de outubro de 1871 – Paris, 20 de julho de 1945), filósofo, poeta de exatidão extrema

Poucos poetas cultivaram o orgulho da solidão como esse francês, nascido em outubro de 1871 e morto em julho de 1945, que, embora estreando com o apoio do grande simbolista Stéphane Mallarmé (1842-1898), logo abandonou a vida literária, pois via nela o perigo da auto-idolatria.

Nessa solidão, Valéry produziu uma das obras mais singulares das letras francesas do século XX. Uma obra constituída de alguns poemas da mais alta qualidade formal e quase trezentos cadernos cheios de reflexões, registradas ao longo de cinco décadas, e livros que vão de uma teoria da criação artística e ensaios sobre a língua, as artes, as ciências e a política.

A Serpente e o Pensar traz, ao lado dos originais franceses, a tradução de um poema longo, Esboço de uma Serpente, e uma centena de pensamentos dos cadernos do poeta que dizia “o difícil é sempre novo”.

Não se pense, por isso, que Valéry fosse um poeta de vanguarda. Pelas tempestades das inovações artísticas ocorridas no início do século XX, ele passou incólume, refinando até a sua pureza última o legado do simbolismo que recebera de Mallarmé.

Seu livro Charmes, no entanto, datado de 1922, tornou-se um modelo de poesia hermética e pura, servindo a muitos escritores de vanguarda – do mesmo modo como seus ensaios sobre dança, música e pintura tornaram-se leitura obrigatória para os criadores dessas artes.

Muito mais de vanguarda são os pensamentos contidos nos cadernos, onde uma mente sensível de poeta colide ou coincide com a do cientista e pensador. “A obra de arte me dá ideias, ensinamentos, não prazer”, escreveu Valéry, que também dizia: “Prefiro ser lido muitas vezes por um só do que uma só vez por muitos”.

 

 

 

 

 

Paul Valéry faleceu em 1945.

 

(Fonte: Veja, 10 de outubro de 1984 – Edição 840 – LIVROS/ Por Paulo Leminski – Pág: 97)

 

 

 

 

 

 

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