Orlando Letelier, ex-embaixador chileno nos Estados Unidos, ex-ministro da Defesa de seu país

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Orlando Letelier (Temuco, 13 de abril de 1932 – Washington, 21 de setembro de 1976), ex-embaixador chileno nos Estados Unidos, ex-chanceler, importante membro de oposição a Pinochet e, ex-ministro da Defesa de seu país em 1973. Em 1974 disse a amigos que não se sentiria em segurança se permanecesse no Chile. Nesse período Letelier acabava de deixar a prisão, onde ficara um ano, desde a deposição de Salvador Allende pelos militares chilenos. No ano seguinte ele já estava em Caracas, na Venezuela, mas continuava temeroso. “Eles vão matar-me”, declarou então a um jornalista americano – e explicou que, por “eles”, se referia aos agentes da Dina, sigla de Dirección de Inteligência Nacional, a temível polícia secreta chilena.

Logo depois, Letelier mudou para Washington. E ali, aos 44 anos, morreu no dia 21 de setembro, como realmente temia: uma bomba explodiu em seu carro, no qual se dirigia para o trabalho no Instituto de Estudos Políticos, em companhia de um colega, Ronni Karpen Moffitt, também morta, e de seu marido, Michael Moffit, hospitalizado com ferimentos leves. Não houve provas de que o atentado tenha sido praticado pela Dina – mas isso não impediu que, imediatamente e de todas as partes, o regime presidido pelo general Augusto Pinochet começasse a ser acusado.

Uma carta – James Abourezk, senador democrata por Dakota do Sul, não manifestou a menor dúvida sobre a autoria do crime. “A tirania da ditadura chilena alcança agora os Estados Unidos”, disse ele. E o senador democrata Edward Kennedy ressaltou que a morte de Letelier ocorria apenas dez dias depois de o governo chileno ter cassado a sua cidadania. Ante uma barreira crescente de acusações semelhantes, o embaixador do Chile em Washington, Manuel Trucco (1875-1954), argumentou com lógica exemplar – o atentado contra Letelier não poderia ocorrer em pior momento para seu país.

A chancelaria chilena denunciou o crime como “mais um ato que se insere na campanha liderada pela União Soviéticac contra o Chile”. Igualmente ponderáveis, porém, eram os indícios que faziam pesar suspeitas sobre a Dina. Vários amigos de Letelier afirmaram que ele vinha recebendo constantes ameaças anônimas de morte se continuasse a “prejudicar o Chile no exterior”. E Eqbal Ahmed, colega de trabalho do ex-ministro, mencionou até uma carta que ele teria recebido de “uma autoridade chilena”, informando-o de um debate que teria havido entre “falcões” e “pombos” em Santiago, pra decidir sobre sua eliminação.

Seja como for, e ao menos em teoria, o governo chileno seria o principal interessado em que as investigações determinadas pelo presidente Gerald Ford para esclarecer o crime cheguem rapidamente a uma conclusão.

“Um chefe” – Nos últimos meses Letelier se transformara num dos mais ativos e eficientes críticos das violações dos direitos humanos no Chile. Recentemente, conseguira demover o governo holandês de investir 63 milhões de cruzeiros) no setor de mineração do Chile. E, no início do mês de outubro de 1976, deveria reunir-se com exilados chilenos em Washington, num esforço para unificar a ação da oposição à junta militar no exterior. Finalmente, para tornar ainda mais denso o quadro de suspeitas, a morte de Letelier é apenas mais uma na série de atentados contra pessoas incômodas ao regime de Santiago.

A lista foi inaugurada em 1974 pelo general Carlos Prats, comandante do Exército durante o governo de Allende. Tido como figura-chave na eventualidade de uma modificação significativa no poder em Santiago, Prats morreu vítima de uma bomba jogada em seu automóvel, em outubro de 1974, em Buenos Aires. No mesmo ano, o general Alberto Bachelet, um oficial da corrente “constitucionalista” das Forças Armadas, que se opusera ao golpe contra Allende, morreu na prisão, oficialmente vítima de um enfarte. Em outubro de 1975, o deputado demovrata-cristão Bernardo Leighton, exilado em Roma, foi gravemente ferido a tiros. E no próprio Chile, cinco meses depois, morreu num misterioso acidente aéreo o general Oscar Bonilla, considerado um moderado, e eventual opção para o poder.

No entanto, definitivamente embaraçosa para a junta militar chilena – e para o governo americano – foi a revelação feita pelo New York Times de que desde 25 de agosto se encontrava nos Estados Unidos “um importante chefe da Dina, acompanhado de quatro homens e uma mulher”. Informado dessa presença por William Wipfler, diretor do Conselho Nacional Ecumênico, o deputado Donald Fraser alertou o Departamento de Justiça – e divulgou o fato depois de constatar que, o FBI não entrara em contato com Wipfler.

No mesmo dia, os diretores do Instituto de Estudos Políticos manifestavam a preocupação de que “poderia ocorrer algo parecido com um Watergate internacional se se tentasse encobrir qualquer aspecto da investigação sobre o atentado”. O embaixador Orlando Letelier morreu no dia 21 de setembro de 1976, em Washington, na explosão de uma bomba em seu automóvel.
(Fonte: www.correiodopovo.com.br – ANO 116 – Nº 356 -– Cronologia – 21 de setembro)
(Fonte: Veja, 29 de setembro de 1976 –- Edição 421 -– POLÍTICA/CHILE – Pág; 45/46)

 

 

 

Condenado: dia 15 de novembro de 1990, a doze anos de prisão, pela Corte de Washington, o exilado cubano José Dionísio Suárez, 51 anos, por haver participado do atentado que matou o ex-chanceler do Chile Orlando Letelier, em 1976, em Washington. Em setembro de 1990, Suárez confessou ter cedido explosivos para o espião chileno Michael Townley explodir o carro em que viajava Letelier.
(Fonte: Veja, 21 de novembro de 1990 – ANO 23 – N° 46 – Edição 1157 – DATAS – Pág; 86)

 

 

 

 

O ex-embaixador chileno nos Estados Unidos, Orlando Letelier, foi morto ontem no bairro diplomático de Washington em consequência da explosão de uma bomba colocada em seu automóvel. Ronnie Moffit, uma auxiliar que o acompanhava, também morreu no atentado e o marido dela, Michael Moffit, ficou gravemente ferido.
O governo do Chile, que na semana passada decretou a cassação da cidadania chilena de Letelier, emitiu uma nota na qual repudia o atentado e contesta as acusações de que estaria envolvido.

Ex-ministro do governo Allende, no qual ocupou as pastas de Relações Exteriores, Interior e da Defesa, Letelier, 44 anos, vivia em Washington desde 1974, quando foi liberado pela Junta chilena depois de um ano de prisão. Era diretor do Instituto Transnacional de Estudos Políticos e professor da American University, além de liderar um movimento de oposição à ajuda militar e econômica norte-americana a Santiago.
Sua morte provocou enérgicos protestos no Congresso norte-americano, onde o senador democrata Eward Kennedy exaltou a luta de Letelier pelos direitos humanos no Chile e exigiu uma “severa investigação sobre esse grave assassínio”.

WASHINGTON – Orlando Letelier, ex-embaixador chileno nos Estados Unidos e também ex-ministro das Relações Exteriores, do Interior e da Defesa, durante o governo de Salvador Allende, foi morto ontem num atentado à bomba, em Washington.
O automóvel de Letelier trafegava pelo bairro diplomático da capital norte-americana, quando uma violenta explosão destruiu o carro, que rodou várias vezes na rua antes de se chocar com um Volkswagen estacionado em frente à Embaixada da Romênia. No atentado também morreu Ronnie Karpen Moffitt, de 25 anos, assistentes de Letelier no Instituto Transnacional de Estudos Políticos de Washington, dirigido pelo ex-ministro chileno.
O marido de Ronnie, Michael Moffitt também estava no automóvel e ficou gravemente ferido. Ele está internado no hospital da Universidade George Washington e segundo um boletim médico foi colocado fora de perigo.

O governo militar chileno havia cassado na semana passada a cidadania chilena de Orlando Letelier, de 44 anos, que vivia em Washington, onde também era professor da American University, desde que foi libertado pela Junta Militar, em 1974. O automóvel azul, de modelo recente, estava registrado em nome do ex-ministro. Pedaços de vidro do carro foram encontrados a cerca de 30 metros do local da explosão.

Letelier e Ronnie (que teve suas pernas destroçadas) chegaram ainda com vida ao hospital universitário, mas morreram quando eram atendidos pelos médicos.

A explosão ocorreu numa pequena praça, chamada Sheraton Oval, nas proximidades das embaixadas romena e da Irlanda, e a cerca de cem metros da residência do embaixador chileno, que ficava do outro lado da avenida Massachussets.
(Fonte: www.almanaque.folha.uol.com.br/mundo – Publicado na Folha de S.Paulo, 22 de setembro de 1976)

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