O dia em que pela primeira vez na história do futebol brasileiro um jornalista atuou como profissional

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#TBT: O dia em que um repórter de PLACAR entrou em campo pelo São Paulo

 

A diretoria do Tricolor aceitou a ideia da revista e pela primeira vez na história do futebol brasileiro um jornalista atuou como profissional

 

 

Charles Marzanasco Filho, repórter, pronto para entrar em campo no jogo amistoso entre São Paulo e seleção paulista. (Foto: Ronaldo Kotscho/Placar)

 

 

“Jamais acontecera nada parecido na história do futebol brasileiro: a diretoria do São Paulo aceitou e o repórter Charles Marzanasco Filho, craque das horas vagas, jogou com a camisa tricolor, dentro do Morumbi”. A edição de PLACAR de número 606, de 31 de dezembro de 1981, trouxe o resultado de uma ideia de pauta improvável e que, graças ao prestígio da revista, acabou dando certo: pela primeira vez no futebol brasileiro, um jornalista entrou em campo para atuar entre atletas profissionais.

 

É bem verdade que o jogo foi apenas um amistoso, entre São Paulo e um selecionado dos demais times paulistas, mas a audácia em propor tal experiência revela o DNA de PLACAR, que nunca teve medo de ousar nos seus 50 anos de existência. O problema foi convencer a Federação Paulista de Futebol, responsável por organizar o jogo, e o então técnico do São Paulo, Formiga, que não queriam deixar o repórter participar da partida.

Intitulado “Eu joguei na máquina Tricolor”, o texto de Marzanasco só foi possível por um pedido especial do diretor do São Paulo Jaime Franco. Ele queria a participação do repórter na partida para fazer uma espécie de homenagem ao trabalho da imprensa na cobertura esportiva.

 

A reportagem traz os detalhes da experiência, desde o rachão do qual participaram os membros da comissão técnica e os diretores do clube – o treinador Formiga não deixou o jornalista treinar entre os profissionais – até os bastidores das conversas no banco de reservas antes da entrada de Marzanasco no gramado. Já nos corredores do Morumbi, delegados da Federação resistiam à sua presença dentro de campo.

Vestido como um jogador do Tricolor, Charles subiu a escadaria que leva ao gramado do Morumbi de cabeça baixa, nervoso, de mãos dadas com Mário Sérgio. Sua apreensão era de se deparar com o estádio cheio, e com expectativa de que os jogadores deveriam saudar os torcedores. Saiu correndo envergonhado quando percebeu o público pequeno nas arquibancadas (e que os reservas iam direto para o banco, sem cumprimentar a torcida).

 

O São Paulo vencia com facilidade por 3 a 1 no segundo tempo e Charles tinha certeza de que entraria pelo menos nos 15 minutos finais. Até Careca (então atacante do Guarani de Campinas) descontar e deixar o técnico Formiga apreensivo. A virada em 4×3 da seleção paulista veio e o repórter tomou coragem para pedir para entrar, já aos 43 minutos da etapa final. Deu tempo para roubar uma bola do volante Éderson, armar um contra-ataque e lançar Tatu, que parado com falta. “Tinha que, pelo menos, tocar na bola. Achava que seria muito triste entrar e não fazer nada em campo”, escreveu.

 

A curiosidade é que Charles não era funcionário de PLACAR, e sim de QUATRO RODAS, outra publicação da Editora Abril, voltada para o mercado automobilístico. O repórter escalado originalmente era bom de bola, mas, são-paulino doente, ficou emocionado demais e não conseguiu entrar em campo. Sobrou para Charles, outro torcedor do Tricolor, realizar um verdadeiro sonho de criança.

 

(Fonte: https://veja.abril.com.br/placar – PLACAR / Por Alexandre Senechal – 12 mar 2020)

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