Norberto Baldauf, artista comandou o Conjunto Melódico, fez parceria com Elis Regina no início da carreira da cantora

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Músico Norberto Baldauf

 

Norberto Baldauf em 2009, quando lançou seu único CD solo (Tadeu Vilani / Agencia RBS)

 

Durante mais de 50 anos, artista comandou o Conjunto Melódico que levava o próprio nome. Grupo gravou 12 discos e animou bailes por todo o Rio Grande do Sul.

 

Norberto Baldauf (ao piano) com seu Conjunto Melódico nos anos 1960 (Foto: DIREITOS RESERVADOS / Arquivo Pessoal)

Norberto João Baldauf (Porto Alegre, 10 de agosto de 1928 – Porto Alegre, 4 de abril de 2018), músico porto-alegrense, pianista embalou os bailes dos anos 50 e 60, foi  líder do conjunto atuante entre 1953 e 2010.

Norberto João Baldauf nasceu em 10 de agosto de 1928, em Porto Alegre. Formado em Farmácia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1962), tem mestrado em Farmácia pela mesma universidade (1975). Em 1963, passou a lecionar na disciplina de Física da Faculdade de Farmácia da UFRGS e, a partir de 1971, no setor de biofísica do Instituto de Biociências da instituição, onde permaneceu até a aposentadoria, em 1995.

Também lecionou Biofísica na ULBRA, de 1996 a 2006. Como bolsista da Agência Internacional de Energia Atômica, permaneceu durante um ano (1969-1970) na Universidade Phillips de Marburg (Alemanha) no Departamento de Medicina Nuclear. Paralelamente, exerce uma atividade musical, que começou aos 5 anos de idade com aulas de piano. Formado pelo Instituto Musical de Adolfo Fest em 1947, mesmo ano em passou a se dedicar à música popular, atuou inicialmente na Rádio Difusora onde participou da Orquestra de Ernani e Marino, passando depois para a Rádio Gaúcha. Nessa emissora juntou-se ao grupo que daria origem ao Conjunto Melódico de Norberto Baldauf, em 1953.

O Conjunto, que se caracteriza por um repertório romântico, ao longo de 55 anos de carreira, apresentou-se em cerca de cinco mil bailes, festas e jantares-dançantes em vários estados do País e no exterior. Entre 1956 e 1983, o grupo gravou 12 LPs, começando pela série dos Ritmos da Madrugada, Week-End no Rio (que serviu de título para o livro de Marcelo Campos sobre a vida do Conjunto), até o mais recente, Noite do Lembra.

Durante mais de 50 anos, o artista comandou o conjunto melódico que levava o próprio nome. O grupo gravou 12 discos e animou bailes por todo o Rio Grande do Sul. Ele também fez parceria com Elis Regina no início da carreira da cantora.

Pianista que liderou um dos mais populares conjuntos da era de ouro dos bailes no Rio Grande do Sul, passeando por gêneros como jazz, samba, bolero, música italiana e trilha de cinema, seu Conjunto Melódico embalou as festas dos jovens gaúchos nos anos 1950 e 60, como o Baile da Reitoria, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

O grupo, no entanto, terminou apenas por volta de 2010, quando seu público já era de casais adultos nostálgicos que haviam se conhecido e se beijado pela primeira vez ao som da trupe.

Além de tocar versões suaves dos sucessos de cada época, Baldauf e seu conjunto acompanhavam estrelas nacionais em turnê pelo Rio Grande do Sul. Os integrantes conheceram João Gilberto quando o futuro inventor da batida da bossa nova residiu em Porto Alegre, em 1955. Nos anos 1960, uma Elis Regina antes do estrelato assumiu o microfone do conjunto durante uma licença médica do crooner Edgar Pozzer. Ainda em atividade musical aos 79 anos, Pozzer afirma que o público está com saudade daquele tipo de música que hoje “não se ouve em lugar nenhum”:

– Duas vezes por ano, faço um baile para lembrar os velhos tempos. E lota. Em um deles, levei o Norberto. Ninguém esqueceu dele. Foi um nome que marcou a música no Rio Grande do Sul. A nova geração não o conheceu, então não toca no assunto, mas os adultos sim.

Pozzer recorda que o repertório do conjunto era integrado apenas por música romântica:

– O pessoal podia falar no ouvido na namorada porque era como se fosse som ambiental. Hoje, ninguém consegue conversar porque o som dos conjuntos é muito alto.

 

 

Elis Regina, antes do estrelato, canta com o Conjunto Melódico na década de 1960.
(Foto: DIREITOS RESERVADOS / Reprodução /

 

 

Em seus quase 60 anos de carreira, a banda tocou em cerca de 5 mil bailes, segundo estimativa do jornalista Marcello Campos, autor do livro Week-End no Rio – Seis Décadas de Conjunto Melódico Norberto Baldauf (2006). Foram gravados 12 LPs entre 1955 e 1983, todos por grandes selos, embora o campo de atuação fosse principalmente o Rio Grande do Sul, com escapadas para Santa Catarina, Paraná, Uruguai e Argentina. Pela dificuldade de liberação dos fonogramas, segundo Campos, nenhum dos discos foi relançado em CD e nem está disponível em serviços de streaming. Em 2009, Baldauf lançou seu único CD solo, Dance com… Norberto Baldauf – 14 Sucessos Bailáveis.

– Eram dos poucos conjuntos que entravam nos bailes pela porta da frente. Outros entravam pelos fundos – afirma Campos.

O porto-alegrense Norberto Baldauf iniciou seus estudos musicais ainda na infância. Na segunda metade dos anos 1940, já trabalhava em rádio. Em 1952, viajou à Alemanha, onde permaneceu durante um ano. Retornou a Porto Alegre com a ideia de montar o conjunto, inspirado pelo som do pianista inglês George Shearing e do acordeonista norte-americano Art Van Damme. A capital gaúcha teve diversos conjuntos de bailes, mas o de Baldauf se destacava pelo profissionalismo e pelo rigor, como relata Campos:

– Eles ajudaram a arredondar um padrão de som que já existia. Foram mais bem-sucedidos e mais longevos do que seus pares. Muitos jovens músicos de Porto Alegre decidiram montar uma banda depois de ouvir Baldauf.

Baldauf também teve uma destacada carreira acadêmica. Formado em Farmácia, lecionou desde os anos 1960 na Faculdade de Farmácia e no Instituto de Biociências da UFRGS. Depois de aposentado, nos anos 1990, lecionou Biofísica na Ulbra.

Norberto Baldauf morreu em 4 de abril de 2018, aos 89 anos, de uma parada cardiorrespiratória, na capital gaúcha.

(Fonte: http://encontroscomoprofessor.com.br – Norberto Baldauf – 4/9/2008)

(Fonte: Zero Hora – Ano 54 – N° 19.054 – 5 de abril de 2018 – TRIBUTO / MEMÓRIA – Pág: 33)

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