Noémia de Sousa, foi uma poetisa e jornalista moçambicana, ‘Mãe dos poetas moçambicanos’

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Combativa. Noémia fez poemas contra poder colonial - Arte sobre foto de reprodução

Combativa. Noémia fez poemas contra poder colonial – Arte sobre foto de reprodução

Noémia de Sousa (Moçambique, 20 de setembro de 1926 – Cascais, 4 de dezembro de 2002), foi uma poetisa e jornalista moçambicana, considerada a ‘Mãe dos poetas moçambicanos’

O texto “Súplica”, retirado do único livro publicado por ela em vida, “Sangue negro”

Carolina Noémia Abranches de Sousa Soares, nascida em setembro de 1926, em Lourenço Marques (hoje Maputo), Moçambique e faleceu em 4 de dezembro de 2002, em Cascais, Portugal, é pouco conhecida deste lado do Atlântico. Talvez por isso, existem raros registros de sua passagem por aqui, durante a primeira metade do século.

Marxista, Noémia costumava declarar que não via sentido em reunir em livro sua produção. “Sangue negro” veio em 2001 pela Associação dos Escritores Moçambicanos, pouco tempo antes de sua morte, aos 76 anos, na cidade portuguesa de Cascais. Dez anos depois, a editora Marimbique publicou uma nova versão.

Ela queria que seus poemas fossem lidos de mão em mão, através de textos avulsos, fotocopiados pelos moçambicanos. A escritora, que também era jornalista, colaborou com revistas e publicações como “Mensagem”, “Itinerário”, “Notícias do bloqueio”, “O brado africano”, “Moçambique 58”, “Vértice” e “Sul”.

PSEUDÔNIMO CONTRA A REPRESSÃO

 

Sua poesia combativa, impregnada das turbulências políticas vividas por Moçambique, pregava abertamente o fim do colonialismo. Em 1948, aos 22 anos, ela publicou na imprensa seu primeiro poema: “Canção fraterna”. O período de criação foi intenso, mas durou pouco. Noémia escreveu todos os seus poemas até 1951. Para burlar a repressão, adotou pseudônimos. Primeiro, assinava N. S. Depois, escolheu Vera Micaia.

Com José Craveirinha, conterrâneo do bairro de Mafalala, na capital, Maputo, criou o movimento Negritude, influenciado pelo neorrealismo português. A exaltação dos valores africanos contra o racismo da metrópole era o ponto em comum de suas produções intelectuais.

O engajamento a levou à prisão. E a prisão, ao exílio. Em 1951, Noémia fugiu para Portugal, onde trabalhou na Reuters e na agência Lusa. Anos depois, foi viver em Paris, onde também trabalhou na embaixada do Marrocos. Seus problemas com o poder colonial só cessaram em 1975, quando o regime salazarista chegou ao fim em Portugal.

Durante o conflito de libertação, ela aderiu à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), mas depois acabou se afastando. Finalmente, a partir da independência, ainda em 1975, sua produção poética passou a ser estudada nas escolas locais.

Quando o escritor pernambucano Marcelino Freire deixou a última mesa da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), depois de emocionar a plateia ao ler um poema da moçambicana Noémia de Sousa, foi logo cercado pelos colegas. O queniano Ngugi wa Thiong’o e o irlandês Cólm Tóibín queriam mais. Autor de “Contos negreiros” (Record), Freire encantou o público e os escritores com o texto “Súplica”, retirado do único livro publicado por ela em vida, “Sangue negro”.

Sabe-se que Noémia fez amizade com Jorge Amado, a quem dedicou um poema. Sobre a similitude entre as duas nações, que comungam a língua portuguesa, ela escreveu: “Aqui, nesta povoação africana/ O povo é o mesmo também/ É irmão do povo marinheiro da baía,/ Companheiro de Jorge Amado,/ Amigo do povo, da justiça e da liberdade”, diz a pesquisadora baiana Carla Sousa, da Universidade Estadual da Bahia, especialista na obra de Noémia.

— Quando estão nos jornais, os poemas ganham repercussão. Ela queria que o povo se mobilizasse, reagisse. Evoca a necessidade do surgimento de um movimento revolucionário. Por isso, se recusava a publicar livros. Queria que seus textos fossem lidos pelo povo, ensinados nas escolas — diz Carla, que escreveu as teses “Noémia de Sousa: Modulação de uma escrita em turbilhão” e “Sob o signo da resistência: a poética de Noémia de Sousa no período de 1948-1951 em Moçambique”.

(Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura/livros -16751056 – CULTURA – LIVROS/ POR MATEUS CAMPOS – 14/07/2015)

(Fonte: http://pt.slideshare.net/bibliotecaavelarbrotero  – Autores de Língua e Expressão Portuguesa na Biblioteca Escolar da ESAB – Biblioteca Avelar Brotero 13 de outubro de 2014)

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