Criador de ‘Tristeza’, Nilton de Souza era ligado ao samba e à folia
Nilton de Souza (15 de outubro de 1936 – Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro, 10 de fevereiro de 2018), cantor e compositor o Niltinho Tristeza
Niltinho é autor dos clássicos “Tristeza/ Por favor vá embora…” e “Liberdade! Liberdade! Abra as asas sobre nós”, samba-enredo campeão da Imperatriz Leopoldinense de 1989, que depois virou abertura da novela “Lado a lado” da TV Globo.
Tristeza foi autor do samba-enredo campeão pela Imperatriz Leopoldinense no carnaval de 1989. A música se tornaria depois tema de abertura da novela Lado a Lado, da TV Globo.
O apelido do compositor veio de sua composição mais famosa, “Tristeza”, de 1963. A letra “Tristeza, por favor vá embora / Minha alma que chora…” foi composta em parceria com Haroldo Lima e regravada diversas vezes desde então.
“Liberdade! Liberdade! Abra as asas sobre nós”
“Liberdade! Liberdade! Abra as asas sobre nós”, de Niltinho Tristeza, Preto Joia, Jurandir e Vicentinho, levou a Imperatriz ao título em 1989 e ganhou o Estandarte de Ouro. A melodia que o encantou não tinha nada a ver com o enredo, sobre o centenário da Proclamação da República.
A transformação da música de amor em samba-enredo foi fácil porque parte da letra original ficou. O início, que era “Vou me perder contigo, amor/ Nos acordes da poesia”, virou “Vem, vem vem reviver comigo amor/ O centenário em poesia”.
Só o refrão final foi criado após a escolha do tema. Tanto a letra quanto a melodia. Longos trechos do original ficaram intactos, como “Surgem os tamborins/ Vem emoção/ A bateria vem/ No pique da canção”.
Se Nilton veio ao mundo em 1936, Tristeza nasceu em 1963 da inspiração do compositor, mas é injusto atribuir à contribuição do parceiro Haroldo Lobo (1910 – 1965) ao ato somente de encurtar o samba que, na forma original, bem mais longa, foi cantado por Niltinho no bloco Boêmios de Botafogo, agremiação carnavalesca do bairro carioca onde o compositor nasceu. Também carioca, Haroldo Lobo burilou o samba, enxugando uma parte e acrescentando trecho de antiga melodia de autoria dele.
Foi nessa versão revista e reduzida que Tristeza ganhou o Brasil a partir do Carnaval de 1966, três anos após a composição do samba. A gravação original foi feita em 1965 pelo cantor carioca Ary Cordovil (1923 – 1981) para o LP coletivo intitulado Carnaval 1966 (RGE). Devido ao sucesso da música na folia daquele ano, Tristeza ganhou outras vozes ainda em 1966, como as das cantoras Elizeth Cardoso (1920 – 1990) e Maysa (1936 – 1977).
Contudo, o registro que contribuiu para consolidar o estouro do samba em futuros Carnavais foi feito também em 1966 na voz do caloroso cantor paulista Jair Rodrigues (1939 – 2014). Daí em diante, o samba ganhou o Brasil e, na sequência, o mundo em gravações de Sergio Mendes e Astrud Gilberto, feitas na segunda metade da década de 1970 na versão em inglês escrita pelo letrista norte-americano Norman Gimbel e intitulada Goodbye sadness.
Niltinho Tristeza nunca mais teria outro sucesso de alcance mundial, mas o nome do compositor está nos créditos de outra obra-prima do repertório carnavalesco. Em 1988, Nilton fez em parceria com os compositores Preto Jóia, Vicentinho e Jurandir o samba-enredo Liberdade! Liberdade! Abra as asas sobre nós para a escola de samba Imperatriz Leopoldinense, de cuja ala dos compositores Niltinho fez parte (ele compôs outros sambas que foram para a avenida).
Nilton de Souza morreu aos 79 anos, em 10 de fevereiro de 2018, no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro.
(Fonte: https://oglobo.globo.com/cultura – CULTURA / POR OGLOBO – 10/02/2018)
(Fonte: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia – NOTÍCIA / Por G1 Rio –
(Fonte: https://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira – MÚSICA / Por Mauro Ferreira, G1 –