Neville Marriner, maestro e violinista inglês que levou a Academy of St Martin in the Fields a se tornar um dos grupos de música clássica com mais gravações no mundo

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O maestro e violinista Neville Marriner fundador da Academy of St Martin participou da trilha do filme ‘Amadeus’, de Milos Forman

Ex-violinista foi fundador e líder da celebrada orquestra Saint Martin in the Fields

Neville Marriner (Lincoln, Reino Unido, 15 de abril de 1924 – 2 de outubro de 2016), maestro e violinista inglês que levou a Academy of St Martin in the Fields a se tornar um dos grupos de música clássica com mais gravações no mundo

A orquestra foi criada em 1958, quando Marriner reuniu 12 amigos músicos para ensaios em sua casa. O concerto de estreia foi no ano seguinte, numa igreja londrina, que deu nome ao conjunto. Desde então, a St. Martin in the Fields gravou nada menos do que 600 álbuns, contendo mais de 2.000 obras musicais.

Marriner, violinista na Orquestra Sinfônica de Londres, se juntou a vários outros músicos em 1959 para formar uma orquestra de câmara que pretendia se apresentar sem um líder. O nome comprido do grupo, Academy of St Martin in the Fields, foi inspirado na igreja do centro de Londres em que eles se apresentavam.

 

O maestro inglês Neville Marriner em 2009 (Foto: AFP)

O maestro inglês Neville Marriner em 2009 (Foto: AFP)

 

O disco mais vendido de Marriner com sua orquestra foi a trilha sonora do filme “Amadeus”, de Milos Forman, que conquistou milhares de novos ouvintes para a música clássica. O grupo, que hoje é comandado pelo violinista americano Joshua Bell, ganhou muito reconhecimento por suas interpretações dos repertórios barroco e clássico, de compositores como Bach, Händel, Vivaldi, Mozart e Haydn. Criada como uma modesta orquestra de câmara, ela logo cresceu, incorporou um coro e passou a se ocupar de um repertório mais ambicioso, que incluiu grandes missas e oratórios e também obras sinfônicas.

Marriner começou sua carreira profissional como violinista da Orquestra Sinfônica de Londres. Ele ainda era aluno da Royal College of Music, mas, na época, vários membros titulares da sinfônica estavam fora do país lutando na Segunda Guerra Mundial, e jovens como ele foram chamados para ocupar as vagas. Ele próprio havia servido nas Forças Armadas, enviado para a França antes do Dia D. Mas acabou dispensado por problemas renais. Na sinfônica, ele logo assumiu o comando dos segundos violinos. Em 1958, porém, a orquestra tinha a reputação (justificada) de ser indisciplinada e o naipe dos violinos era criticado por seu som frouxo. Foi quando ele resolveu juntar amigos e dar origem a um novo conjunto de alto calibre.

A academia construiu sua reputação com apresentações baseadas em repertórios do barroco e do clássico: Bach, Handel, Mozart e Haydn. Com 18 integrantes no início, tornou-se uma orquestra completa com coro associado e fez mais de 500 gravações. A trilha sonora do grupo para o filme Amadeus, dirigido por Milos Forman e ganhador do Oscar em 1984, vendeu milhões, tornando-se uma das gravações clássicas mais vendidas de todos os tempos.

Nascido em Lincoln, na Inglaterra, numa família de músicos, Marriner começou a tocar violino ainda pequeno e conquistou uma vaga no Royal College of Music. Uma das principais influências em sua carreira foi sua ligação com o musicologista Thurston Dart (1921-1971). Dart e Marriner, que se conheceram quando serviam o país na guerra, se uniram para tocar em dupla e trabalharam num grupo chamado Jacobean Ensemble. “Quando você tocava com ele, o que quer que você fizesse parecia certo, autêntico,” disse Marriner. “Não havia nada estranho no modo em que tocava e isso me marcou.”

Marriner era o segundo violino na Orquestra Sinfônica de Londres quando se tornou um dos fundadores da academia. “Não acho que eu estava infeliz, mas uma das piores coisas é um músico se sentir subempregado, como se tivesse perdido sua identidade e sua contribuição fosse negligenciada,” disse Marriner em entrevista a The Associated Press em 1979. “Certamente, um dos motivos pelo qual a academia foi formada é que nós sentíamos que não tínhamos influência o suficiente,” disse.

“Quando começamos, o ideal era que a opinião de todos fosse igualmente válida,” afirmou Marriner. “Na prática, o que aconteceu é que passamos tanto tempo falando disso que às vezes acabávamos não fazendo nada.” Assim, Marriner foi se atraindo a conduzir e este virou o trabalho de sua vida. Ele virou diretor musical da Orquestra de Câmara de Los Angeles entre 1968 e 1977. Depois, virou diretor musical na Orquestra de Minnesota entre 1979 e 1986 e dirigiu a Rádio da Orquestra Sinfônica de Stuttgart, na Alemanha, de 1984 a 1989. Marriner casou-se com Mary Elizabeth Sims em 1955.

Ele recebeu da rainha da Inglaterra o título de cavaleiro e, em 2015, a ainda mais prestigiosa designação de companheiro de honra. Foi só em 1969 que ele decidiu seguir carreira de regente (até então liderava a St. Martin in the Fields de seu violino). Seu mentor na batuta foi o famoso regente francês Pierre Monteux (1875-1964), com quem estudou nos Estados Unidos. Em terras americanas, Marriner teve outra orquestra sob seu comando, a Sinfônica de Minneapolis, que dirigiu de 1979 a 1986.

Neville Marriner faleceu em 2 de outubro de 2016. Ele tinha 92 anos.

“Estamos muito tristes com a notícia de hoje. O legado artístico e recordista de Sir Neville, não só na academia mas em orquestras e com públicos ao redor do mundo, é imenso,” disse Paul Aylieff, diretor da academia. “Todos que conheceram e trabalharam com ele sentirão sua falta, e a academia fará questão de continuar sendo uma excelente herança ao Sir Neville.”

(Fonte: http://cultura.estadao.com.br/noticias/musica – CULTURA – MÚSICA – LONDRES – 2 Outubro 2016)

(Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura/musica  – MÚSICA – CULTURA/ POR O GLOBO – 02/10/2016)

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