“Não há muitos empregos que realmente exijam um pênis ou uma vagina. Então, todas as outras ocupações devem estar abertas a todos.” Gloria Steinem, foi co-fundadora do Women’s Media Center, ao lado da colega da “Ms.” Robin Morgan e da atriz Jane Fonda

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Gloria Steinem; Feminista-ícone

Veja 20 pérola marcantes

Não é exagero dizer que o movimento feminista atual deve muito a Gloria Steinem, que completou 85 anos de uma vida muito produtiva e dedicada aos direitos das mulheres – contada, na peça “Gloria – A Life”, que esteve em cartaz desde outubro de 2018, no Daryl Roth Theatre, em Nova York, e cuja temporada se encerrou dia 31.

Nascida em Toledo, em Ohio (EUA), a jornalista, escritora, ativista e palestrante foi o principal nome da segunda onda do feminismo, movimento marcante que surgiu nos Estados Unidos e ganhou o mundo entre os anos 1960 e 1970. A segunda onda foi, depois da reivindicação pelo direito de votar das sufragistas no século 19, a mais relevante em termos de busca pela igualdade.

Se hoje ainda há tanta luta por salários iguais aos dos homens em cargos equivalentes e por liberdade reprodutiva, entre outros direitos, sem Gloria Steinem e suas contemporâneas a nossa realidade seria ainda mais sombria.

Gloria segue na ativa até hoje. Seu discurso memorável mais recente aconteceu durante a Marcha de Washington, em janeiro de 2017, evento em repúdio à eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos e que acabou se transformado em uma grande manifestação em prol dos direitos humanos e das mulheres. Foi o ápice da carreira da jornalista que sempre suava frio ao falar em público, pois sempre acreditou que se expressava melhor no papel.

Sua principal contribuição à imprensa foi a fundação da célebre revista feminista “Ms.”, em 1972, a qual editou durante 15 anos. Na publicação, totalmente comandada por mulheres e inimiga ferrenha de anúncios publicitários machistas e sexistas, Gloria Steinem publicou artigos emblemáticos e provocadores como “Se os Homens Menstruassem” e “Por que as Jovens São Mais Conservadoras”. Em “Marilyn Monroe: A Mulher Que Morreu Cedo Demais” traçou um perfil pungente e assustadoramente humano da diva de Hollywood.

Seu texto mais memorável, porém, é “Eu Fui Coelhinha da Playboy”, publicado em 1963 na revista “Show”, no qual conta a experiência de se infiltrar no bar da marca da famosa revista masculina como garçonete. O objetivo era contar às leitoras as situações abusivas e degradantes enfrentadas pelas moças. Entre processos e telefonemas ameaçadores, Gloria enfrentou muito preconceito por conta da publicação do artigo –a imprensa era um meio extremamente machista na época– e, como tinha participado de uma sessão de fotos como “funcionária” do clube, teve de aturar durante muitos anos ver sua foto exposta na seção de “coelhinhas” da revista como forma de represália.

A mesma beleza que a levou a ser escolhida para o time da Playboy lhe causou vários transtornos no início da carreira, vindos tanto de homens quanto de mulheres. Quando cobria campanhas políticas, por exemplo, volta e meia tinha de lidar com o desprezo dos colegas jornalistas. E, alçada ao posto de feminista-ícone, já nos anos 1970, cansou de ouvir piadas e sugestões sobre “arrumar um homem” ou fazer um “melhor uso” da aparência.

Entre suas várias realizações, Gloria Steinem produziu um documentário sobre abuso infantil para a HBO, um longa-metragem sobre a pena de morte para a Lifetime e uma série de episódios sobre a violência doméstica em vários países para a Viceland. Foi co-fundadora do Women’s Media Center, ao lado da colega da “Ms.” Robin Morgan e da atriz Jane Fonda, é ativista do Time’s Up, movimento global contra assédio sexual às mulheres e em 2013 recebeu a Medalha Presidencial da Liberdade das mãos do então presidente dos EUA Barack Obama. Trata-se da mais alta honraria civil concedida a um cidadão.

Durante suas andanças, sobretudo pelos Estados Unidos, Gloria Steinem sempre buscou ouvir o que as pessoas –e não só as mulheres– tinham a dizer. Ou melhor, têm, já que ela segue pela estrada. Taxistas, comissárias de bordo, presidiárias, vítimas de abuso, universitários, professores, atendentes de lanchonete… Mais do que um lugar de fala, é um lugar de escuta que a ativista procura dar. Embora tenha uma conta no Instagram, em entrevistas ela afirmou que as redes sociais podem ajudar as mulheres a buscar informações e apoio, mas não significam realmente uma mudança. Gloria lembra que em boa parte do mundo há mulheres que não sabem ler nem tem acesso a internet ou à eletricidade. E isso, conforme suas palavras, não pode ser desprezado pelo feminismo, seja qual for a sua onda.

Gloria Steinem em 20 pérolas (sempre atuais)

 

Uma mulher sem um homem é como um peixe sem uma bicicleta.”

 

As mulheres têm duas escolhas: ou elas são feministas ou são masoquistas.”

 

Algumas de nós estão se tornando os homens com quem gostariam de se casar.”

 

O indicador mais confiável de que um país é ou não violento –ou de que usará força militar contra outro país– não é a pobreza, nem os recursos naturais, a religião ou o grau de democracia: é a violência contra a mulher. Ela normaliza todas as outras violências.”

 

Precisamos lembrar através das gerações que há tanto para aprender quanto para ensinar.”

 

Uma feminista é alguém que reconhece a igualdade e a plena humanidade de mulheres e homens.”

 

Sem voos de imaginação ou sonhos, perdemos a emoção das possibilidades. Sonhar, afinal, é uma forma de planejamento.”

 

Felizes ou infelizes, as famílias são todas misteriosas. Temos apenas que imaginar o quão diferente seríamos descritos –e seremos, depois de nossas mortes– por cada um dos membros da família que acreditam que nos conhecem.”

 

As mulheres sempre dizem: podemos fazer qualquer coisa que os homens possam fazer. Mas os homens deveriam estar dizendo: podemos fazer qualquer coisa que as mulheres possam fazer.”

 

A visão mais clara é sempre a de baixo.”

 

Quando os seres humanos são dispostos em categorias em vez de se relacionarem, todo mundo perde.”

 

Empatia é a mais radical das emoções humanas.”

 

O principal problema para todos nós, homens e mulheres, não é aprender, mas desaprender.”

 

Não há muitos empregos que realmente exijam um pênis ou uma vagina. Então, todas as outras ocupações devem estar abertas a todos.”

 

Nós começamos a criar as filhas como os filhos… Mas poucos têm coragem de criar os filhos como as filhas.”

 

Qualquer pessoa que está passando por algo sabe mais sobre isso do que qualquer especialista no assunto.”

 

Por mais que seja açucarada e ambígua, toda forma de autoritarismo deve começar com uma crença no poder maior de algum grupo, seja esse direito justificado por gênero, raça, classe, religião ou todos os quatro. Por mais que possa se expandir, a progressão inevitavelmente repousa no poder desigual e nos papéis herméticos dentro da família.”

 

Se você faz qualquer coisa com a qual as pessoas se importam, as pessoas passam a se importar com você.

 

A necessidade de aprovação é uma doença cultural feminina, e geralmente é um sinal de que estamos fazendo a coisa errada.”

 

Poder pode ser tomado, mas não pode ser dado. O processo de tomada de poder é o fortalecimento em si.”

(Fonte: https://universa.uol.com.br/noticias/redacao/2019/03/25 – MULHERES INSPIRADORAS / NOTÍCIAS / Por Heloisa Noronha Colaboração para Universa – 25/03/2019)

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