Murray Rothbard, foi um economista e filósofo social ferozmente defensor da liberdade individual contra a intervenção do governo

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Murray Newton Rothbard (Nova Iorque, 2 de março de 1926 – Nova Iorque, Manhattan, 7 de janeiro de 1995), fez grandes contribuições no campo da economia, da história, da filosofia política, e do direito.

Rothbard foi grandemente influenciado, em especial, pelo livro “Ação Humana”, de Mises. Nos anos 1950 à 1960 trabalhou para o Fundo William Volker em um projeto que resultou no livro Man, Economy and State, publicado em 1962. De 1963 a 1985, lecionou no Instituto Politécnico da Universidade de Nova York, no Brooklyn. De 1986 até sua morte foi um ilustre professor da Universidade de Nevada, Las Vegas.

Rothbard fundou o Centro de Estudos Libertários em 1976 e o Jornal de Estudos Libertários, em 1977. Participou da criação em 1982 do Instituto Ludwig von Mises e, mais tarde, foi seu vice-presidente acadêmico. Em 1987 começou o jornal acadêmico Review of Austrian Economics, agora chamado de Quarterly Journal of Austrian Economics.

O economista construiu o desafio intelectual mais abrangente já lançado contra a legitimidade do governo. Durante os mais de quarenta anos de sua carreira, ele explicou porque indivíduos privados, empresas privadas, e outras associações voluntárias podem fazer o que quer que precise ser feito. Ele insistiu que os indivíduos deveriam ser livres para cuidar de suas vidas pacificamente sem interferência de ninguém, nem mesmo do governo. Ele fez objeções ao roubo, fosse ele cometido por um criminoso privado ou por um coletor de impostos. E ele reconheceu que muitos problemas afetam o setor privado, mas historicamente o governo piorou as coisas, estrangulando o empreendedorismo e oprimindo as pessoas. Os governos, ele notou, são motivados pela expansão do próprio poder, não pelo serviço ao povo. É por isso que, seja qual for o partido político no poder, os governos tendem a tornarem-se maiores, fazerem mais leis, e taxar e gastar partes cada vez maiores daquilo que os trabalhadores produzem.

Desenvolveu e estendeu a economia austríaca de Ludwig von Mises, em cujos seminários ele foi um participante assíduo por muitos anos. Se estabeleceu como o principal teórico austríaco na metade final do século XX, e aplicou a análise austríaca a tópicos históricos, como a Grande Depressão de 1929 e a história do sistema bancário americano. Sem contar também que o anarcocapitalismo, hoje tão conhecido e querido por muita gente (já chegando ao ponto de virar moda) que é uma versão radical do liberalismo clássico e anarquismo individualista, teve como principal idealizador e o criador do termo em si, ninguém menos que o próprio Murray Newton Rothbard, embora ideias similares já tenham sido defendidas antes por economistas anteriores, como por exemplo, Gustave de Molinari.

Murray Rothbard combinou a economia laissez-faire de seu professor Ludwig von Mises com os pontos de vista absolutistas dos direitos do homem e a rejeição do estado que ele tinha absorvido a partir do estudo dos anarquistas individualistas americanos do século XIX, como Lysander Spooner e Benjamin Tucker. De Spooner e Tucker, ele escreveu:

“Lysander Spooner e Benjamin T. Tucker foram insuperáveis como filósofos políticos e nada é mais necessário hoje do que um relançamento e desenvolvimento do amplamente esquecido legado que deixaram à filosofia política… Existe, no corpo de pensamento conhecido como “economia austríaca”, uma explicação científica do funcionamento do livre mercado (e das consequências da intervenção governamental no mercado), que anarquistas individualistas poderiam facilmente incorporar em seu político e social Weltanschauung.” (É importante ressaltar o significado deste termo alemão um tanto quanto complicado para nós, brasileiros, para fins de mero entendimento textual: É a orientação cognitiva fundamental de um indivíduo ou de toda uma sociedade. Esta orientação abrange sua filosofia natural, seus valores fundamentais, existenciais, normativos, seus postulados ou temas, suas emoções e sua ética. Um outro sentido do termo é o de uma imagem do mundo imposta ao povo de uma nação ou comunidade, isto é, uma ideologia).

Rothbard fez oposição ao que considerou uma super especialização da academia e tentou fundir as disciplinas de economia, história, ética e ciência política para criar uma “ciência da liberdade.” Ele descreve a base moral para a sua posição anarcocapitalista em dois de seus livros: For New Liberty, publicado em 1972, e The Ethics of Liberty, publicado em 1982. Em seu Power and Market (1970), descreve como uma economia sem estado funcionaria.

Em The Ethics of Liberty, ele afirma o direito de total auto-propriedade, como o único princípio compatível com um código moral que se aplica a qualquer pessoa – uma “ética universal” – e que é uma lei natural por ser o que é naturalmente melhor para o homem. Ele acreditava que, como resultado, aos indivíduos pertence os frutos do seu trabalho. Consequentemente, cada pessoa tem o direito de trocar sua propriedade com os outros. Ele acreditava que, se um indivíduo mescla seu trabalho com a terra sem dono, então ele se torna dono legítimo dela. A partir desse ponto em que ela é propriedade privada, só pode trocar de mãos pelo comércio ou por presente. Ele também alegou que as terras tendem a não ficar sem utilização, salvo se faz sentido econômico não utiliza-las. Ainda neste mesmo livro, ele explora, em termos de auto-propriedade e contrato, várias questões contenciosas relativas a direitos de crianças.

Estes incluem direito das mulheres ao aborto, proibição de agressão de pais contra as crianças, bem como a questão do estado obrigar os pais a cuidar dos filhos, incluindo aqueles com problemas de saúde graves. Ele também argumenta que as crianças têm o direito de fugir dos pais e procurar novos guardiões assim que optarem por fazê-lo. Sugeriu que os pais têm o direito de colocar uma criança para adoção, ou mesmo vender seus direitos sobre a criança em um contrato voluntário. Ele também discute como o atual sistema de justiça juvenil pune crianças por fazer escolhas de “adulto”, e como remove crianças desnecessariamente, contra a sua vontade e a vontade dos pais, muitas vezes colocando-as sob maus cuidados. Em outros escritos, Rothbard também apoia o direito de crianças trabalharem em qualquer idade, em parte por apoiar a sua libertação dos pais ou de outras autoridades.

Rothbard escreveu uma dúzia de livros de grande importância e diversas centenas de artigos sobre ética, filosofia, economia, história americana e história da ideias. Seu trabalho foi publicado em New York Times, Wall Street Journal, Washington Post, Los Angeles Times, Christian Science Monitor, Fortune, e outras importantes publicações, e ele foi entrevistado pela revista Penthouse. Ele contribuiu para periódicos acadêmicos, como American Economic Review, Quarterly Journal of Economics, Journal of Economic History, Columbia Journal of World Business, Journal of the History of Ideas, e Journal of Libertarian Studies. Ele contribuiu com praticamente todas as publicações do mundo libertário, incluindo as revistas Reason e Liberty.

Por alguns anos, ele publicou suas próprias newsletters, Left and Right [“Esquerda e direita”], e Libertarian Forum. Sua obra foi traduzida para o chinês, o tcheco, o francês, o alemão, o italiano, o japonês, o polonês, o português, o romeno, o russo e o espanhol. Ele fez palestras e participou de conferências por todos os Estados Unidos, na Harvard Law School, Universidade de Yale, Universidade de Princeton, Universidade de Stanford, entre outras. Por muito tempo ele esteve envolvido com o partido Libertário após sua fundação em 1972. Ele trabalhou com o Cato Institute (fundado em 1977) durante seus primeiros anos e mais tarde tornou-se uma pessoa-chave no Ludwig von Mises Institute, onde trabalhou pelo resto de sua vida. Em 1994, Rothbard recebeu o Richard M. Weaver Award for Scholarly Letters da Ingersoll Foundation, em Illinois (vencedores anteriores incluem os prestigiados historiadores americanos Shelby Foote e Forrest McDonald). O New York Times considerou Rothbard um dos mais importantes pensadores contemporâneos sobre a liberdade.

Murray Newton Rothbard nasceu no Bronx, em Nova York, em 2 de março de 1926. Ele era o único filho de Ray Babushkin Rothbard, que havia emigrado da Rússia, da cidade de Minsk, segundo relatos. O pai de Murray, David Rothbard, nascido em um vilarejo perto de Varsóvia, na Polônia, tornou-se o químico-chefe da Tidewater Oil Company, em Bayonne, New Jersey. David Rothbard acreditava na razão e na liberdade, e homenageou o grande matemático e físico Isaac Newton ao escolher o nome do meio de seu filho, e encorajou Murray filosoficamente.

Rothbard matriculou-se na Universidade de Columbia em 1942, onde estudou economia e matemática, formando-se Phi Beta Kappa três anos mais tarde. Lá ele concluiu um mestrado em economia no ano seguinte, e começou seu doutorado sob orientação do historiador econômico Joseph Dorfman, que Rothbard mais tarde chamou de “meu primeiro mentor na área de história americana”. Rothbard recebeu seu PhD em 1956.

Rothbard começou a publicar textos fazendo resenhas de livros para Analysis, uma newsletter libertária fundada em novembro de 1944 por Frank Chodorov, o filho novaiorquino de um comerciante judeu imigrante cujo ensaio “Taxation is Robbery” [“Taxação é roubo”] havia influenciado seu pensamento. Rothbard começou resenhando A Mencken Chrestomathy [“Uma crestomatia de Mencken”], uma coletânea de escritos de H. L. Mencken publicada em agosto de 1949. Entre março de 1950 e dezembro de 1956, Rothbard escreveu treze artigos para a publicação libertária mensal Faith and Freedom [“Fé e liberdade”], sobre assuntos que incluíam a inflação, controles de preços, e Thomas Jefferson.

Em Columbia, enquanto estudava para seu Ph.D, Rothbard conheceu e ficou encantado com JoAnn Beatrice Schumacher, uma presbiteriana que havia feito seu bacharelado em Columbia e mestrado na Universidade de Nova York. Nascida em Chicago, ela havia crescido na Virgínia. Casaram-se em 16 de janeiro de 1953. Ele tinha vinte e sete anos, e ela vinte e cinco. Mudaram-se para o apartamento 2E do número 215 da West 88th Street, em Nova York, que continuou sendo a residência principal do casal pelo resto de suas vidas. Em 1954, Joey fez Rothbard assinar uma resolução de ano novo, comprometendo-se a deitar-se todas as noites às cinco horas da manhã no máximo, e a não se levantar após uma e meia da tarde.

Talvez em 1954, Rothbard conheceu a russa Ayn Rand, que estava escrevendo seu romance filosófico Atlas Shrugged [Quem é John Galt?]. Mais tarde, ele foi um dos convidados a seu apartamento para uma leitura de trechos concluídos do livro. Rand ficou horrorizada ao saber que Rothbard era casado com uma mulher religiosa, e em 1958 insistiu que o casal deveria divorciar-se. Em resposta, Rothbard abandonou o círculo de Rand.

Ele se esforçava para fazer trabalho acadêmico e pagar as contas. Desde janeiro de 1952, sua principal renda havia sido uma bolsa mensal paga pelo William Volker Fund, estabelecido por um atacadista de móveis de Kansas City, para ajudá-lo a a escrever um manual da economia de mercado. O projeto de Rothbard se expandiu até se tornar um manuscrito de mil e novecentas páginas com o título provisório de Man, the Economy and the State [“O homem, a economia e o estado”]. A bolsa do Volker Fund acabou em 30 de junho de 1956, e ele terminou o manuscrito em 1957. Diversos editores o rejeitaram. A seguir, Rothbard queria escrever um livro que explicasse por que a grande depressão foi o resultado não dos excessos do livre-mercado mas do crédito, das atividades econômicas e da política tributária do governo. Em abril de 1956, ele recebeu uma bolsa de um ano da Earhart Foundation.

Até então, o Volker Fund havia apoiado cerca de uma dúzia de professores escrevendo sobre a liberdade, mas nenhum dos manuscritos havia sido publicado. No fim dos anos 50, foi provavelmente Herbert Cornuelle, do Volker Fund, que fez uma acordo com a D. Van Nostrand Company para publicação dos manuscritos. Entre eles estava Man, Economy and State: A Treatise on Economics [“Homem, economia e estado: um tratado de economia”], de Rothbard. Setecentas páginas foram cortadas, e Rothbard escreveu uma nova conclusão. Mesmo assim, o livro foi publicado em dois volumes, em 1962.

Rothbard explicou como os incentivos do mercado estimulam o desenvolvimento de uma ordem social complexa e bem-sucedida. Ele enfatizou que os mercados e os preços de mercado são determinados não pelas empresas mas pelos consumidores. Os monopólios tendem a persistir, demonstrou ele, apenas quando são apoiados pelo governo. Rothbard reafirmou a opinião de Mises de que governos causam inflação ao artificialmente expandir a moeda e o crédito, e que uma depressão é uma consequência de uma inflação anterior. Ele concluiu, “Não pode haver ciclo econômico em um puro livre mercado”.

Rothbard insistiu que políticos e burocratas não podem consertar qualquer problema que possa ocorrer no livre-mercado, porque são seres humanos imperfeitos com conhecimentos limitados, motivados por seus próprios interesses – e com poderes de perturbar toda a economia, algo que nem os mais poderosos executivos são capazes de fazer. Manuel S. Klausner, pesquisador de direito comparativo na Universidade de Nova York, escreveu na New York University Law Review que jamais houve “um tratado mais agradável de se ler nem um argumento mais direto em prol da liberdade e da livre empresa”.

A Van Nostrand publicou America’s Great Depression [“A grande depressão americana”], de Rothbard, em 1963. Ele argumentou que a depressão foi uma consequência da anterior expansão do crédito realizada pelo governo e que a maior intervenção estatal na economia a prolongou. Rothbard discutiu os erros do governo americano, incluindo a tarifa Smoot-Hawley e os grandes aumentos de impostos sobre a renda, sobre o consumo, sobre as tranferências, e corporativos. Rothbard influenciou a opinião do historiador Paul Johnson sobre a grande depressão, explicada em seu Modern Times “Tempos modernos”, que vendeu seis milhões de exemplares. Johnson chamou o livro de “um tour-de-force intelectual… apresentado com lógica inexorável, ilustrações abundantes e grande eloquência”.

Em setembro de 1966, Rothbard obteve um emprego fixo lecionando no Brooklyn Polytechnic Institute, que treinava engenheiros (não era o que ele esperava, mas ele ficou grato por ter uma renda fixa). Ele mergulhou em seu novo projeto: fazer um novo livro com o material cortado de Man, Economy, and State. Ele estava determinado a apresentar um argumento completo de que as pessoas estariam melhor se não houvesse interferência estatal em suas vidas. Rothbard escreveu que poderes judiciários privados e competitivos haviam tido um papel importante na história ocidental, e expressou a opinião de que na ausência de juízes estatais, as companhias seguradoras teriam fortes incentivos para fornecer tribunais. Ele explicou como agências privadas de defesa poderiam funcionar, e respondeu a objeções a esse conceito. F. A. Harper, que havia fundado o Institute for Humane Studies em Burlingame, na Califórnia, publicou Power and Market [“Poder e Mercado”] em 1970.

A guerra do Vietnã havia se intensificado enquanto Rothbard produzia trabalhos acadêmicos, e nem Democratas nem Republicanos ofereciam muita esperança que a guerra terminasse. Rothbard tentou formar uma aliança com a Nova Esquerda, que organizava protestos contra a guerra e contra as convocações obrigatórias. Rothbard e seu amigo Leonard P. Liggio, historiador, fundaram Left and Right: A Journal of Libertarian Thought [“Esquerda e direita: ume revista de pensamento libertário”] na primavera de 1965. Cultivando ainda mais as relações com a Nova Esquerda, Rothbard escreveu um artigo para a revista Ramparts em junho de 1968.

Após ler o artigo, o jornalista e autor de discursos políticos Karl Hess entrou em contato com Rothbard, e os dois se encontraram em seu apartamento em Nova York. “Era um salão clássico”, relembrou Hess, “uma sala onde se reuniam mais ou menos uma dúzia de homens e mulheres extraordinariamente inteligentes e espirituosos, unidos pelo seu entusiasmo pela liberdade. Havia apenas uma dificuldade. Eles nunca dormiam, ao menos não à noite… [Aqui] eu aprendi, com muito entusiasmo, sobre uma grande tradição deste país… o capitalismo laissez-faire e a associação humana baseada em acordos voluntários e absoluta responsabilidade individual”. Hess escreveu para a newsletter de Rothbard, The Libertarian, e juntou-se a ele como co-editor da bimensal Libertarian Forum. Hess expressou suas opiniões libertárias em “The Death of Politics” [“A morte da política”], um artigo publicado na revista Playboy em março de 1969. Rothbard, Liggio, e Hess merecem reconhecimento por tentar formar uma aliança, mas não tiveram sucesso. A Nova Esquerda dividiu-se em facções, algumas das quais tornaram-se violentas.

Em 9 de fevereiro de 1971, o New York Times publicou um editorial de Rothbard intitulado “The New Libertarian Creed” [“O novo credo libertário”], que relatava o crescimento do número de jovens que se rebelavam contra a guerra do Vietnã, convocações obrigatórias para o exército, aumentos de impostos e intromissão do governo em suas vidas pessoais. Ele chamou a atenção de Tom Mandel, editor da Macmillan, e logo Rothbard obteve seu primeiro contrato comercial para escrever um livro. O resultado foi For a New Liberty, the Libertarian Manifesto “Por uma nova liberdade, o manifesto libertário”, uma sólida defesa da liberdade com base nos direitos naturais, começando com o princípio do direito de propriedade sobre si próprio e da propriedade privada. Rothbard derrubou a opinião convencional de que é possível contar com o governo, a principal agência de coerção e violência, para fazer o bem. Ele criticou o estado de bem-estar social, escolas estatais, sindicalismo obrigatório, renovação urbana, subsídios agícolas e outros programas governamentais que beneficiam grupos de interesses às custas de todos os demais. Nicholas von Hoffman elogiou o livro no Washington Post. O Los Angeles Herald Examiner escreveu, “De modo geral, For a New Liberty apresenta um argumento articulado, bem raciocinado e em sua maior parte bem documentado em favor das mudanças verdadeiramente radicais advogadas pelos membros do Movimento Libertário”.

Kenneth Templeton, que havia trabalhado para o William Volker Fund e mais tarde passado ao Institute for Humane Studies, encorajou Rothbard a escrever um livro afirmando que a revolução americana foi feita pela causa da liberdade. Ele pôde se concentrar nesse projeto quando o Lily Endowment concedeu-lhe uma bolsa de cinco anos. O empresário do petróleo Charles Koch, do Kansas, e o editor de Washington, D.C., Robert D. Kephart, também deram apoio financeiro. O acadêmico Leonard Liggio colaborou com Rothbard no projeto.

O primeiro volume de Conceived in Liberty [“Concebido em liberdade”], (The American Colonies in the Seventeenth Century) [“(As colônias americanas no século dezessete)”] e o segundo volume, (“Salutary Neglect: The American Colonies in the First Half of the Eighteenth Century”) [“(Abandono salutar: as colônias americanas na primeira metade do século dezoito)”] foram publicados em 1975, e o terceiro, (Advance to Revolution, 1760-1775) [“(Avanço para a revolução, 1760-1775)”], e o quarto (The Revolutionary War, 1775-1784) [“(A guerra revolucionária, 1775-1784)”] volumes, em 1979. Rothbard discutiu o desenvolvimento das ideias libertárias e homenageou grandes libertários como Roger Williams, Anne Hutchinson, Thomas Paine e Thomas Jefferson. Ele regalou os leitores com histórias chocantes, e às vezes cômicas, sobre as formas como burocratas interferem nas vidas das pessoas. Rothbard ditou grande parte de um quinto volume que teria chegado até a constituição americana, mas a editora teve problemas financeiros, e as fitas sofreram danos.

Enquanto Conceived in Liberty estava sendo publicado, o empresário do Kansas Charles Koch forneceu apoio financeiro para que Rothbard pudesse passar um ano sem dar aulas para escrever um livro apresentando sua filosofia política. O resultado foi The Ethics of Liberty [“A ética da liberdade”], publicado pela Humanities Press em 1982. Ele explicou por que o governo, que se baseia na coerção, é inerentemente imoral, e desenvolveu um argumento sofisticado em prol da ética baseada nos direitos naturais. Essa acabou por ser uma de suas obras mais influentes.

O próximo projeto de Rothbard foi inspirado por um de seus admiradores, Mark Skousen, um consultor de investimentos da Flórida. Em setembro de 1981, ele propôs que Rothbard escrevesse um manual popular de economia apropriado para estudantes universitários. Ele ofereceu um adiantamento – metade na assinatura do contrato e o resto quando o livro estivesse completo, supostamente em um ano. O projeto se expandiu na mente de Rothbard, e anos se passaram.

Em 1982, Llewellyn H. Rockwell Jr., que havia trabalhado para a editora Arlington House, fundou o Ludwig von Mises Institute (atualmente afiliado à Universidade de Auburn, no Alabama) e convenceu Rothbard a tornar-se vice presidente para assuntos acadêmicos. Ele deu apoio às pesquisas de Rothbard, e Rothbard fazia seminários no Instituto. Rothbard também editou a Review of Austrian Economics, o primeiro periódico a se concentrar no pensamento econômico da escola austríaca, e escreveu para a newsletter do instituto, Free Market. Em 1895 ele foi nomeado S. J. Hall Distinguished Professor of Economics da Universidade de Nevada, Las Vegas (Las Vegas não tinha grandes bibliotecas, mas a cidade funcionava a noite inteira). Ele continuou a trabalhar com o Mises Institute. Em abril de 1991 surgiu o Rothbard-Rockwell Report, uma newsletter mensal de doze páginas com comentários sobre o movimento libertário e as notícias mundiais. Quando a guerra fria acabou, os conservadores deixaram de se concentrar no amti-comunismo, e a newsletter argumentava em favor de uma aliança entre libertários e conservadores.

Durante o verão de 1994, Rothbard não conseguia dormir porque havia líquido em seus pulmões. Em sete de janeiro de 1995, Murray e Joey foram a uma consulta com um oculista ao final da tarde. Quando Joey estava em outra sala, Murray pediu a um técnico que apertasse seus óculos. Então ele desabou, inconsciente. Paramédicos levaram-no ao Hospital Roosevelt, onde ele faleceu de falha cardíaca congestiva. Tinha sessenta e oito anos. Suas cinzas foram enterradas no jazigo da família de Joey no cemitério Oakwood, em Unionville, Virgínia.

Em uma missa fúnebre na Madison Avenue Presbyterian Church, que Joey havia frequentado durante anos, o historiador Ralph Raico declarou, “Murray era totalmente auto-direcionado, independente de todas as maneiras, sempre guiado por valores que eram uma parte inseparável dele – acima de tudo, seu amor pela liberdade e pela excelência humana”. O historiador Ronald Hamowy disse, “Não sou um homem religioso e não tenho direito de pedir um lugar no paraíso. Mas espero que quando eu morrer Deus escolha me deixar entrar, porque seria ótimo rever Murray”.

Pouco depois da morte de Rothbard, o projeto iniciado por Mark Skousen foi publicado em dois volumes, com o título An Austrian Perspective on the History of Economic Thought [“Uma perspectiva austríaca da história do pensamento econômico”]. O volume um recebeu o título Economic Thought Before Adam Smith [“O pensamento econômico antes de Adam Smith”], e o volume dois, Classical Economics [“Economia clássica”]. Rothbard narrou a história intelectual dos direitos naturais e da liberdade econômica desde a China antiga até a Europa do século dezenove. Seu pensadores favoritos incluíam Lao-Tzu, Crísipo, Marco Túlio Cícero, Francisco Suarez, Jacques Turgot, Jean-Baptiste Say, e Frédéric Bastiat.

Os papéis de Rothbard foram enviados ao Mises Institute. Lá, o acadêmico Jeff Tucker relatou a descoberta de diversos manuscritos inéditos. O Mises Institute lançou Making Economic Sense [“Fazendo sentido econômico”], 112 de seus ensaios da Free Market, em 1995. Então veio The Logic of Action “A lógica da ação”, com quarenta e três dos principais ensaios de Rothbard sobre economia; Education: Free and Compulsory “Educação: livre e compulsória”; e uma nova edição de America’s Great Depression, com uma nova introdução escrita por Paul Johnson.

Joey Rothbard sofreu um derrame em janeiro de 1999, e foi levada para a Virgínia, onde tinha parentes. Ela faleceu em 29 de outubro.

Murray Rothbard fez mais do que qualquer outra pessoa para mostrar que a sociedade em geral funciona muito bem sem interferência do governo. Ele ajudou a inspirar confiança no potencial ilimitado de pessoas livres.

Ele morreu em 7 de janeiro de 1995, em Manhattan, de um ataque cardíaco. Quando morreu, o obituário do The New York Times chamou Rothbard de “um economista e filósofo social ferozmente defensor da liberdade individual contra a intervenção do governo”.

(Fonte: http://grupodomingosmartins.com.br – Grupo Domingos Martins)

(Fonte: http://ordemlivre.org – Instituto Ordem Livre / Por Autor Jim Powell – 29 de Maio, 2009)

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