Mstislav Rostropovich, violoncelista e compositor que tornou-se um símbolo internacional da luta pela liberdade artística sob o governo soviético

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“O realismo socialista tem obrigatoriamente que ser um produto primário, de qualidade tão baixa que os dirigentes soviéticos possam compreendê-lo.”  Mstislav Rostropovich

(Fonte: Veja, 18 de julho de 1984 – Edição 828 – UNIÃO SOVIÉTICA – Pág: 36/37)

 

 

 

 

 

Grande músico russo, considerado o melhor violoncelista do século XX

Mstislav Rostropovich (Baku, Azerbaijão, 27 de março de 1927 – Moscou, União Soviética, 27 de abril de 2007), grande músico, violoncelista, regente e compositor russo, que tornou-se um símbolo internacional da luta pela liberdade artística sob o governo soviético

Mstislav Rostropovich foi uma das figuras culturais mais amadas da Rússia. Além disso, ganhou fama em todo o mundo como defensor dos direitos civis durante a era soviética.

Compositores como Shostakovitsch, Prokofiev, Khrennikov, Lutoslawski, Boulez, Halffter e Britten escreveram obras para Rostropovich, filho e sobrinho de violoncelistas e seguidor da escola de Paul Casals, de quem seu pai foi discípulo.

Os prêmios Stalin, em 1951 e 1953, e Lenin, em 1964, marcaram sua brilhante carreira na música soviética, iniciada em 1940 com seu primeiro concerto, o “Nº1 de Saint Sans”, e que terminou abruptamente em 1974, quando foi para o exílio.

Enquanto estava no exterior, em 1978, o Kremlin o destituiu de sua cidadania, devido a suas “atividades não patrióticas”.

O violoncelista tímido sofreu problemas por ter falado publicamente em defesa de seu amigo, o escritor Alexander Solzhenitsyn, e do dissidente Andrei Sakharov quando ambos foram atacados pelas autoridades soviéticas.

Em 1990, dentro do novo espírito de abertura inaugurado pelo líder soviético Mikhail Gorbachev, o Kremlin restaurou sua cidadania russa.

Sem sequer avisar sua família, aterrissou em Moscou em pleno golpe de Estado, em agosto de 1991, para defender a incipiente democracia frente ao levante da cúpula soviética.

De volta a seu país, Rostropovich tornou-se um dos líderes do movimento democrático nascente no país, que acabou levando à queda da União Soviética. Ele esteve entre as multidões que desafiaram o golpe de Estado lançado pelos defensores da linha dura que tentavam reverter as reformas da perestroika de Mikhail Gorbachev.

Não foi sua genialidade musical, mas seu amor pela justiça e a liberdade, que o levou a defender Alexandr Solzhenitsyn, posteriormente prêmio Nobel de Literatura, em uma desafiante carta aberta ao líder soviético Leonid Brezhnev enviada ao jornal “Pravda”.

“O melhor que fiz nesta vida foi, talvez, não a música, mas a carta ao ‘Pravda’, já que, a partir daquele momento, minha consciência ficou limpa”, escreveu o músico em suas memórias.

Ao contrário de muitos artistas, Rostropovich nunca se limitou à música.

Amigo pessoal de monarcas e estadistas, mas também convicto defensor dos oprimidos, Rostropovich era capaz de deixar tudo e voar para o local onde considerava que sua presença era imprescindível, como ocorreu durante a queda do muro de Berlim, em 1989.

Rostropovich supreendeu o mundo quando ofereceu um recital improvisado de violoncelo em meio às ruínas do símbolo da Guerra Fria.

Dias após a queda do Muro de Berlim, Rostropovich levou seu violoncello e embarcou a Berlim para fazer um concerto de improviso, não anunciado, ao lado dos escombros do muro.

“Foi o que meu coração ditou,” ele disse mais tarde.

Rostropovich dividiu seus últimos anos de vida entre a Rússia, os Estados Unidos e a França. Ele e sua mulher, a soprano Galina Vishnevskaya, dirigiam uma fundação humanitária.

Declarado cidadão do mundo, embaixador da boa vontade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e, desde 2006, representante especial do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), Rostropovich confessava, no entanto, que “não há outro país” que quisesse mais que a Rússia.

Mstislav Rostropovich morreu em 27 de abril de 2007, aos 80 anos, num hospital de Moscou depois de uma doença prolongada. Rostropovich foi enterrado no cemitério de Novodevichye, em Moscou, onde foi sepultado o ex-presidente Boris Yeltsin com honras de Estado.

Em março de 2007, Rostropovich, já enfraquecido, compareceu à comemoração de seu 80º aniversário, no Kremlin, onde foi festejado pelo presidente Vladimir Putin, à qual lhe concedeu a Ordem ao Mérito “por sua contribuição ao desenvolvimento das artes musicais no mundo todo e seus muitos anos de atividade criativa”..

Ele se levantou, trêmulo, e fez um breve discurso em voz fraca. “Sou o homem mais feliz”, disse. “Minha família e meus colegas estão aqui comigo neste dia.”

Foi a primeira vez que Rostropovich apareceu em público desde fevereiro, quando foi internado num hospital de Moscou. Na época, seu secretário disse que sua doença não era algo que pusesse sua vida em risco.

 

 

(Fonte: http://noticias.bol.uol.com.br/entretenimento/2007/04/27 – NOTÍCIAS – ENTRETENIMENTO – Miguel Bas – Moscou (EFE).- 27/04/2007) 

(Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura -4193970 – CULTURA – MOSCOU – POR REUTERS – 27/04/2007)

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