Mário Pedrosa, militante político e crítico de arte pernambucano

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Criador da primeira coluna fixa de artes plásticas na imprensa brasileira

Mário Pedrosa

Mário Pedrosa

Mário Pedrosa (Timbaúba, Pernambuco, 25 de abril de 1900 – Rio de Janeiro, 5 de novembro de 1981), militante político e crítico de arte pernambucano, nascido no dia 25 de abril, no engenho do avô, em Timbaúba, dividiu toda a sua vida entre a crítica das artes plásticas e uma apaixonada militância política. Andou envolvido na política partidária: é dele a primeira assinatura no livro dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT). Organizou o Congresso Internacional dos Críticos de Arte sobre a cidade de Brasília.

Filho do advogado Pedro da Cunha Pedrosa, deputado na primeira Constituinte paraibana, vice-presidente do Estado e senador federal, Mário formou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro. Aos 26 anos, levado por um primo, gráfico da Imprensa Oficial, filiou-se ao Partido Comunista. Um ano depois, com o PC posto na ilegalidade, conheceu o seu primeiro exílio. O destino era Moscou, mas, doente, acabou ficando em Berlim e ali cursou a Faculdade de Economia e Sociologia. No ano seguinte converteu-se ao trotskismo e foi expulso do partido. Na época foi preso pela primeira vez, por distribuir panfletos na praça Mauá, no Rio de Janeiro.

Desde então, processos, prisões e exílios – do último voltou em 1977, já doente – iriam pontilhar sua vida agitada. Suas lutas foram partilhadas por Mary Houston, com quem se casou em 1935 e teve a única filha, Vera, diplomata. Apesar de tudo, Mário Pedrosa foi sempre um otimista – “graças à arte”, supõe um resumo biográfico de 1954 assinado pelo cronista Rubem Braga. Dele disse o crítico de arte e amigo Ferreira Gullar: “Sem o conhecimento da atividade e do pensamento de Mário Pedrosa, é impossível compreender plenamente o que de significativo ocorreu nesse campo no Brasil”.

Criador da primeira coluna fixa de artes plásticas na imprensa brasileira – no Correio da Manhã, em 1947 -, seria o primeiro a questionar a intocabilidade artística de Cândido Portinari. Seu interesse pelas artes plásticas foi despertado em 1932, quando o Clube dos Artistas Modernos de São Paulo patrocinou a exposição da gravadora Kathe Kollwitz, com imagens inspiradas na luta contra injustiça e a guerra. “Vi ali a arte servindo diretamente aos interesses do povo”, recordou ele numa entrevista. Mas, apesar desta primeira ligação com o expressionismo, foram os seus primeiros trabalhos em torno da Gestalt – o abandono da figura em favor das formas puras – que mais influenciaram artistas brasileiros.

Trabalhava num livro com o qual pretendia recuperar a memória de vários movimentos libertários do país: “Discurso Pré-Constituinte”. Ao mesmo tempo, chegava às livrarias uma nova coletânea de artigos dedicados às artes: “Dos Murais de Portinari aos Espaços de Brasília”. Recordando sua vida, ele dizia: “Comecei como um animal político, tentando me transformar num militante”. Além das obras inacabadas, “Discurso Pré-Constituinte” e “A Pisada É Esta”, sua autobiografia, deixa escritos como “Arte e Necessidade Vital”, Mundo, Homem, Arte em Crise”, “Forma e Personalidade”, “Tratado Sintético da Classe Operária Brasileira”, “A Crise Mundial do Imperialismo e Rosa de Luxemburgo”. Nos últimos anos, Mário Pedrosa questionava as artes plásticas no mundo inteiro – “É uma confusão formidável”, dizia – e não se considerava mais um crítico de arte nem um pensador político. Apenas um “pensador em geral”. Mário Pedrosa morreu no dia 5 de novembro de 1981, aos 81 anos, de câncer, no Rio de Janeiro.

(Fonte: Veja, 11 de novembro, 1981 -– Edição 688 -– Datas -– Pág; 112)

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