Cineasta Luiz Rosemberg Filho era expoente do cinema de invenção e grande crítico da sociedade
Ele fez sucesso de crítica com o filme A Guerra do Paraguay, em que discutiu o conflito entre civilização e barbárie e o papel da arte para se opor ao caos
Cineasta de produção pedregosa e encantada
Político, diretor de ‘Jardim das Espumas’ e ‘Dois Casamentos’ sofreu censura e assustou ‘o mercado’
Luiz Rosemberg Filho (Rio de Janeiro, 1943 – no Rio de Janeiro, 19 de maio de 2019), foi um dos diretores mais inventivos do país, ele foi o autor de obras como “Jardim das Espumas” (1971) e “Crônicas de um Industrial” (1978). O último, foi elogiado até pelos censores que o proibiram de ser exibido em Cannes, por temerem que o filme conquistasse a Palma de Ouro na época.
Associado à produção do chamado cinema marginal — ou cinema de invenção, como chegou a ser redefinido – , Rosemberg foi responsável por clássicos como “Jardim das Espumas” (1971), “Assuntina das Amérikas” (1976) e “Crônicas de um Industrial” (1978), que foi proibido pela ditadura de representar o Brasil no Festival de Cannes.
Após um longo hiato depois de “O santo e a vedete”, de 1982, o cineasta havia voltado a produzir na última década. De acordo com Borges, Rosemberg deixa um filme completamente inédito, intitulado “O Bobo da Corte”, além de “Os Príncipes” (2018), que até agora foi exibido apenas no festival Cine PE.
Mesmo com a censura no período da ditadura e o desinteresse do circuito comercial em suas obras, o cineasta criou uma filmografia rica, numerosa e diversificada.
Rosenberg fez ao todo 45 filmes, dos quais 11 foram longas e 34 curtas. Entretanto, a maioria enfrentou problemas para chegar ao público, e muitos só conseguiram ser exibidos pela primeira vez numa retrospectiva da carreira do cineasta em 2015, em comemoração aos seus 70 anos de idade.
Na ocasião, o diretor refutou o rótulo de cineasta “marginal”. “É um nome malicioso para denegrir a imagem de quem lutou por um cinema não oficial”, declarou.
Apesar disso, sua carreira ficou realmente à margem das salas de cinemas. Tanto que um de seus filmes chegou a ser considerado “perdido”. “Imagens” (1972), a obra mais radical da carreira do diretor, foi reencontrado apenas recentemente na França, comprovando sua coragem para atacar a repressão no auge da ditadura militar.
Ironicamente, a abertura democrática apenas aumentou o distanciamento de seu estilo experimental dos interesses do mercado. Ele não lançava um longa desde “O Santo e a Vedete”, de 1982, um pouco antes da tal retrospectiva. Mas nos últimos anos viu seu nome tornar-se cultuado entre cinéfilos e isso alimentou seu desejo e lhe deu energia para voltar a filmar.
Rosemberg fez sucesso de crítica com seu recente A Guerra do Paraguay, de 2017 em que recicla diversos elementos (como a peça Mãe Coragem, de Brecht) em preto e branco para discutir um dos temas gigantes da atualidade: o conflito entre civilização e barbárie e o papel que cabe à arte para se opor ao caos.
Em 2018, Rosemberg apresentou no Cine PE Os Príncipes, longa ainda não foi lançado comercialmente. Deixa ainda outro longa-metragem inédito, O Bobo da Corte. Seus últimos quatro filmes, incluindo Guerra do Paraguay e Dois Casamentos, foram produzidos por Cavi Borges, parceria que possibilitou a produção final dessa obra independente e tida como de grande valor em termos de criatividade, beleza e inteligência.
Antes dessa fase mais recente, Rosemberg já era bem conhecido no ambiente cinéfilo por filmes como Balada da Página 3 (1968), América do Sexo (1969, no qual assina um episódio, Antropofagia) Jardim de Espumas (1971), A$$untina das Amérikas (1976), Crônica de um Industrial (1978) e O Santo e a Vedete (1982).
Além de cineasta, Rosemberg era também artista plástico e escritor. Organizou um livro sobre Jean-Luc Godard, uma das suas admirações confessas – a outra era Glauber Rocha.
Rosemberg faleceu em 19 de maio de 2019, no Rio de Janeiro aos 76 anos, em decorrência de complicações de uma cirurgia.
“Ele era um cara único no cinema brasileiro. Os filmes deles eram muito diferentes de tudo que se vê no cinema brasileiro. Sempre um cinema muito crítico em relação à sociedade, o nosso Brasil, o capitalismo, a TV. Talvez a principal característica dele como realizador e como pessoa fosse a liberdade. Os filmes dele eram muito livres, tudo podia”, conta o produtor Cavi Borges, que trabalhou com o cineasta Luiz Rosemberg Filho em seus filmes mais recentes.
(Fonte: https://gente.ig.com.br/cultura/2019-05-19 – CULTURA / GENTE / Por iG Gente | 19/05/2019)
(Fonte: https://oglobo.globo.com/cultura/filmes – CULTURA / FILMES / Por O Globo – 19/05/2019)
(Fonte: https://veja.abril.com.br/entretenimento – ENTRETENIMENTO / Por Estadão Conteúdo – 19 maio 2019)
(Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2019/05 – ILUSTRADA / CINEMA / Por Inácio Araujo – 19.mai.2019)
(Fonte: https://pipocamoderna.com.br/2019/05 – FILMES / ETC / Por MARCEL PLASSE – 19/05/2019)
(Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2019/05 – ILUSTRADA / CINEMA / Por Inácio Araujo – 19.mai.2019)