Laurence Olivier, extraordinário ator inglês que se transformou num dos mitos do teatro no século XX

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Laurence Olivier (Dorking, 22 de maio de 1907 – Steyning, Sussex, 11 de julho de 1989), extraordinário ator inglês, que se transformou num dos mitos do teatro no século XX, símbolo do que a arte de representar tem de mais perene. “Confesso, meio envergonhado, não ter outra necessidade na vida a não ser me exibir”, escreveu Olivier em sua autobiografia, Confissões de um Ator, lançada no Brasil em 1986. “E não sei exatamente quando estou representando e quando sou eu mesmo.” Olivier pisou num palco pela primeira vez numa montagem amadora de Júlio César, de Shakespeare, aos 10 anos de idade, e foram justamente as peças do célebre dramaturgo inglês, como Hamlet, Macbeth, Otelo e Romeu e Julieta, que lhe proporcionaram as maiores glórias da carreira. Poucos atores, até hoje, conseguiram como ele transmitir ao público todo o esplendor dramático das criações de Shakespeare. Poucos, também, conseguiram fazê-lo deixando de lado a declamação exagerada e pomposa do figurino tradicional inglês.

PESADELO – Ver Laurence Olivier no palco, nas 121 peças de que participou, foi privilégio das plateias da Inglaterra, de outros países da Europa e dos Estados Unidos. A força de suas interpretações de Shakespeare, no entanto, correu mundo em três esplêndidos filmes que dirigiu e protagonizou: Henrique V (1944), Hamlet (1948) – que lhe valeu dois de seus quatro Oscar – e Ricardo III (1955). A trajetória de Olivier no cinema foi extensa, embora irregular. Entre os 65 filmes de que participou, em muitos deles também como diretor, contam-se dezenas destinadas ao esquecimento e outros tantos que são ruins mesmo, como Fúria de Titãs, de 1981, em que interpretava Zeus com constrangedor impressionismo.

Em contrapartida, estrelou filmes imortais como O Morro dos Ventos Uivantes (1939), de William Wyler, e Rebecca, a “Mulher Inesquecível” (1940), de Alfred Hitchcoock. Nas telas, formou duplas instáveis – uma memorável parceria com Marilyn Monroe (em O Princípe Encantado) e um esquecível filme com Dustin Hoffman (Maratona da Morte). Com Gregory Peck, em Os Meninos do Brasil, surgiu novamente exuberante.

Enquanto construía sua fama nos palcos, Olivier conheceu a atriz com quem formaria um festejado par: Vivien Leigh. Em 1937, eles dividiram o palco numa montagem de Hamlet. Três anos depois, ele se separava da primeira mulher, a atriz Jill Esmond, com quem teve um filho, para se casar com Vivien. Até de divorciarem, vinte anos depois, Olivier e Vivien formaram um dos casais dos sonhos de Hollywood – ele, o grande ator dos palcos, e ela, a belíssima Scarlet O’Hara de …E o Vento Levou. Em sua autobiografia, Olivier revelaria que um pesadelo se escondia por trás da aura de felicidade do casal. Vivien tornou-se alcoólatra e sofria constantes crises de depressão.

Laurence Olivier subiu num palco pela última vez em março de 1974.. Pouco depois, acometido de uma trombose e um câncer na prostáta – que curou -, limitou-se à rotina menos estafante do cinema. Já havia conquistado todas as glórias possíveis para um ator e também para um cidadão inglês – em 1947 foi agraciado pelo rei George VI com o título de cavaleiro, passando a ostentar o sir antes do nome. Em 1970, a rainha Elizabeth II lhe outorgou o de lorde, com direito a freqüentar o Parlamento.

Durante décadas, plateias embevecidas viram assombrar no palco ou nas telas seu rosto de perfil autoritário, o olhar magnético, a voz poderosa de tenor e os gestos que pareciam falar mais que as palavras. “Boa-noite, doce príncipe, e que uma revoada de anjos cantem em louvor ao seu repouso” – foi uma das frases que, ditas pelo personagem Horácio, ele mais ouviu em cena em suas inesquecíveis interpretações do papel-título de Hamlet, de Shakespeare, a quem ele conferiu uma personalidade frágil, quase efeminada. Na sexta-feira, dia 14 de julho, essa mesma saudação, transformada em réquiem, foi estampada numa das coroas de flores enviadas aos funerais de sir Laurence Olivier.

Olivier morreu na terça-feira, dia 11 de julho de 1989, em Sussex, ao sul de Londres, aos 82 anos, de câncer no estômago. Morreu dormindo, em sua casa, junto à terceira mulher, a atriz Joan Plowright, com quem teve três filhos. Entre os amigos presentes ao enterro sem pompa estavam o cineasta Franco Zefirelli e o ator Alec Guiness. Elizabeth Taylor, com quem Olivier nunca contracenou, mandou a maior das coroas de flores com uma única palavra escrita: “Adieu”. Foi uma cerimônia pequena para um ator gigante. Com sua morte, as telas e os palcos do mundo ficam mais estreitos.

(Fonte: Veja, 19 de julho, 1989 – Edição 1088 – DATAS – Pág; 82)

(Fonte: Veja, 25 de julho de 1990 – ANO 23 – Nº 29 – Edição 1140 – CINEMA – Pág: 96/98)

Os 400 anos da morte de William Shakespeare (1564-1616) foram lembrados pelo Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro (IMS-RJ) com uma mostra que celebra a influência do dramaturgo inglês sobre uma arte surgida séculos depois da era em que ele viveu. Foram exibidos 13 filmes na mostra Shakespeare e o Cinema, feita pela instituição em parceria com o British Council.

Considerado um clássico absoluto, o filme Hamlet, feito em 1948 pelo ator e cineasta britânico Laurence Olivier (1907-1989) abriu a mostra, na noite da quinta-feira, 1º de dezembro de 2016. Protagonizada pelo próprio Olivier, a adaptação da tragédia do príncipe dinamarquês que jura vingar a morte do pai, assassinado pelo irmão, foi vencedora de quatro Oscars em 1949 e do Grande Prêmio do Festival de Veneza.

Hamlet foi um dos três longas-metragens baseados em peças de Shakespeare que Olivier adaptou e dirigiu para o cinema. Segundo o curador da mostra, Roberto Rocha, o ator e diretor inglês considerava que “Shakespeare, de certa forma, escreveu para o cinema”.

Roberto Rocha, professor adjunto de literaturas de língua inglesa da Universidade Federal do Rio de Janeiro, participou de um debate em (3), após a exibição de Rei Lear, de Peter Brook, às 16h. Ele  falou sobre as adaptações da obra de Shakespeare para o cinema com mediação de Guilherme Freitas, editor-assistente da revista Serrote, editada pelo IMS.

Segundo Rocha, a seleção apresentada na mostra atesta a riqueza com que a obra shakespeariana tem sido recriada no cinema. “Cada um dos filmes constitui uma obra autônoma que conquista seu valor não por se basear em uma obra de Shakespeare, mas pelos meios de recriação por eles engendrados a fim de tornar essa obra ainda artisticamente viva e significativa, passados 400 anos da morte de seu autor”, disse o curador.

Rocha disse que  alguns filmes partem de uma montagem específica de um obra de Shakespeare, como é o caso de Rei Lear, versão cinematográfica da montagem que Peter Brook dirigiu para a Royal Shakespeare Company, em 1962. Já em Trono Manchado de Sangue, que foi exibido na sexta-feira (2), o cineasta japonês Akira Kurosawa transportou a história de Macbeth para o seu país, com os principais personagens trajando a roupagem típica do teatro nô e dos filmes de samurai japoneses.

(Fonte: http://istoe.com.br – GERAL – EDIÇÃO Nº 2451- Os 400 anos da morte do dramaturgo William Shakespeare – Agência Brasil – 25.11.16)

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