Larry Flynt, foi o último rei do pornô dos EUA, fundador do império do universo erótico Hustler

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Larry Flynt, o rei da pornografia dos EUA, fundador da revista erótica Hustler

 

O dono da revista ‘Hustler’ foi um aliado da liberdade de expressão consagrada pela Primeira Emenda da Constituição norte-americana

 

 

Larry Flynt, fundador da revista ‘Hustler’. (Foto: Gus Ruelas / Reuters)

 

 

Larry Flynt Jr. (Magoffin County, 1° de novembro de 1942 – Los Angeles, 10 de fevereiro de 2021), fundador do império do universo erótico Hustler, fundador da revista “Hustler”, magnata da indústria pornográfica, e um ardente defensor da liberdade de expressão.

 

O magnata, fez seu nome como um dos pioneiros da indústria pornográfica. Larry Flynt enfrentou diversas batalhas judicias que envolviam liberdade de expressão e regulação da pornografia nos Estados Unidos.

 

O publisher da revista “Hustler” usou seu império pornográfico e talento para alterar os limites da liberdade de expressão, adorava irritar seus críticos com façanhas como usar uma fralda feita com uma bandeira americana para ir ao tribunal e se envolveu em várias batalhas judiciais.

 

Na mais famosa, a Suprema Corte dos Estados Unidos tomou uma importante decisão da Primeira Emenda em favor de Flynt em uma batalha por difamação com o evangelista Jerry Falwell.

 

Flynt publicou um anúncio falso na Hustler que retratava Falwell dizendo que seu primeiro encontro sexual foi com sua mãe em uma dependência externa. Falwell abriu um processo de US$ 50 milhões e ganhou em decisão de um tribunal de instância inferior, mas em 1988 a Suprema Corte disse que o anúncio era uma paródia e era protegido pelos padrões da liberdade de expressão.

 

Em seu apogeu, Flynt viveu uma vida que poderia ter feito Calígula corar. Ele escreveu em sua autobiografia que sua primeira experiência sexual foi com uma galinha e contou que fazia sexo a cada quatro ou cinco horas durante um dia de trabalho. Depois de ficar paralisado, Flynt fez uma cirurgia de implante peniano para que pudesse continuar a fazer sexo.

 

Flynt é conhecido por suas diversas empresas pornográficas, por seus muitos problemas com a justiça americana e por ter sido alvo de tentativa de assassinato em 1978, que o deixou paralisado da cintura para baixo.

O americano, que já era dono de uma casa de strip-tease, fundou a revista pornográfica “Hustler” em 1974. A publicação chegou a ter tiragem de 2 milhões de exemplares em seu ápice, no final dos anos 1970.

Por causa da revista, Flynt enfrentou diversos processos na justiça e acusações de abuso por parte de lideranças feministas. Com isso, ele se intitulou como um campeão da Primeira Emenda da Constituição americana, responsável por garantir a liberdade de expressão no país.

Em 1976, ele foi condenado por obscenidade e crime organizado e recebeu uma sentença de sete a 25 anos de prisão, mas ganhou a apelação.

Dois anos depois, ao sair de um tribunal em Atlanta onde enfrentava outra acusação de obscenidade, foi alvo de dois tiros de um franco-atirador. Depois de fugir, o autor do atentado confessou o crime após ser preso por uma série de assassinatos.

John Paul Franklin, um supremacista branco, disse que era contra fotos inter-raciais na “Hustler”. Flynt fez campanha contra a sua execução, que aconteceu em 2013.

Grande parte das batalhas jurídicas de Flynt e o ataque do qual foi alvo são retratados no filme “O Povo Contra Larry Flint” (1996), que recebeu duas indicações ao Oscar – entre elas uma de melhor ator para, que interpretou o magnata.

Woody Harrelson interpreta Larry Flynt no filme ‘O povo contra Larry Flynt’, que rendeu a ele uma indicação ao Oscar de 1997 — Foto: Divulgação

Cinebiografia premiada

 

Seu mais famoso embate virou um filme que chegou a ser finalista do Oscar em 1996 com “O Povo contra Larry Flynt”. O longa concorreu aos prêmios de Melhor Ator — pela atuação de Woody Harrelson no papel do magnata — e Melhor Diretor.

 

No Globo de Ouro, no entanto, o filme teve melhor sorte e abocanhou os prêmios de Melhor Diretor, para Milos Forman, e Melhor Roteiro. A obra também levou o Urso de Ouro, do Festival de Berlim.

 

O filme retrata a briga entre Flynt e o líder evangélico Jerry Falwell (1933-2007), que foi alvo de uma sátira na revista e retribuiu processando o magnata. O dono da Hustler foi condenado por desconforto emocional, mas conseguiu passar ileso da acusação de difamação.

 

Larry Flynt, pornógrafo e campeão à sua maneira da Primeira Emenda, foi o último rei do pornô dos EUA e paladino da liberdade de expressão quase até o ponto de tentar desmascarar políticos hipócritas.

 

A notícia era a mais lida da edição digital do jornal poucos minutos depois de publicada, o que demonstra a atração exercida por um personagem tão provocador quanto multifacetado.

 

Flynt construiu um conjunto de empresas em torno de uma revista chamada Hustler, grotesca e obscena, como convém a um veículo de comunicação que carregava nas tintas do explícito, em contraste com o estilo mais sofisticado de seu adversário Hugh Hefner, criador da Playboy, embora ambos sempre tenham compartilhado a defesa da revolução sexual e das liberdades pessoais.

 

Sua atividade como editor lhe rendeu ações judiciais, acusações, prisões por desacato e até mesmo ser amordaçado por um ou outro excesso em um tribunal. Desde 1978 ele estava em uma cadeira de rodas customizada, banhada a ouro e revestida de veludo, depois que Joseph Paul Franklin, um serial killer com 20 mortos nas costas, atirou nele à queima-roupa, mas sem chegar realmente a liquidá-lo. O carrasco morreu antes de sua vítima.

 

Sempre à beira da polêmica, quando não metido nela estrepitosamente, o magnata do pornô fica sem saber o resultado do segundo impeachment contra Donald Trump, um de seus alvos favoritos. No outono de 2017, Flynt ofereceu 10 milhões de dólares por informações para destituir o republicano. Uma década antes, havia prometido uma recompensa mais discreta para quem tivesse dormido com um político dos EUA e estivesse disposto a contar: um milhão de dólares para tirar do armário, arrastados, os hipócritas. Sempre no fio da navalha entre a defesa da liberdade de expressão e a ofensa, Flynt não deixou pedra sobre pedra, expondo até mesmo um congressista republicano ferozmente antiaborto, Bob Barr, que havia participado como acusação no impeachment contra o democrata Bill Clinton, e sobre o qual revelou na época que pagou um aborto para sua segunda esposa.

 

Em torno da Hustler, Flynt construiu um conjunto de empresas avaliado em 100 milhões de dólares ao qual acrescentou outras publicações mais convencionais, clubes privês, um cassino em um subúrbio de Los Angeles do qual era especialmente orgulhoso, uma loja virtual de brinquedos eróticos e outros negócios menores. Uma realização empresarial considerável para um homem comum, desertor da miséria do Kentucky, que, graças à inteligência de um cavador, ao instinto de rua para os negócios e à força quando esgotava todos os outros recursos, transformou uma rede de bares decadentes em Ohio no império que o levou à fama.

O Povo contra Larry Flynt, estrelado por Woody Harrelson e dirigido pelo tcheco Milos Forman, exaltou ainda mais o magnata do pornô, com grande sucesso de bilheteria e subsequente escândalo, não apenas pela viscosa matéria do roteiro –a provocação como sinônimo de liberdade de expressão–, mas também pela censura ao cartaz do filme nos Estados Unidos: Woody Harrelson, seminu e crucificado, vestindo sunga com as listras e estrelas da bandeira norte-americana. Esse mesmo cartaz provocou a ira de associações fundamentalistas católicas na França. A consideração de Flynt pela mulher também foi objeto de polêmica, no filme e na vida real.

 

O martírio autoinduzido de Flynt, em seus numerosos desentendimentos com a Justiça, fez dele um personagem da cultura popular. Porque a autenticidade era outra de suas marcas registradas: nunca pretendeu transcender, como fizeram revistas rivais como Playboy e Penthouse, mais artísticas, se é que a pornografia pode ser considerada como tal. A Hustler, que chegou a vender mais de dois milhões de exemplares no final dos anos setenta, oferecia uma realidade sexual explícita; nudez frontal para operários.

 

“Percebi que, para ter uma grande parte do mercado, o que os homens queriam era sexo cru”, disse uma vez em uma entrevista. E acertou, em uma época que o espartilho do politicamente correto ainda não estava totalmente ajustado. As imagens de supostos estupros em grupo, mulheres amarradas, escravizadas, bestializadas ou mutiladas –uma capa muito famosa mostrava um corpo feminino sendo introduzido em um moedor de carne– ficam na história dos horrores ou do espanto, de um país em confronto com suas fantasias e seus demônios.

 

Como todo personagem bem delineado, a carreira de Flynt não parou na pornografia, nem mesmo na defesa da liberdade de expressão. Também foi detrator da pena de morte, defensor do casamento gay, martelo de hereges de todos aqueles que apoiaram a invasão do Iraque em 2003, começando pelos políticos, e patrono de associações contra o abuso infantil e a violência juvenil, além de financiar pesquisas sobre a medula espinhal.

Flynt criou uma empresa com um faturamento estimado em US$ 150 milhões em determinado momento. Conforme a circulação das revistas diminuiu, ele se manteve à frente das tendências, investindo em canais de televisão voltados para adultos, um cassino, distribuição de filmes e mercadorias.

Larry Flynt faleceu vítima de insuficiência cardíaca, aos 78 anos em sua casa em Los Angeles. O magnata convivia com uma paralisia dos membros inferiores desde 1978.

(Fonte: https://brasil.elpais.com/cultura/2021-02-11 – BRASIL / CULTURA / por MARÍA ANTONIA SÁNCHEZ-VALLEJO Nova York – 11 FEV 2021)

(Fonte: https://www.uol.com.br/splash/noticias/2021/02/10 – NOTÍCIAS / CELEBS / Do UOL, em São Paulo – 10/02/2021)

(Fonte: https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2021/02/10 – POP & ARTE / NOTÍCIA / Por G1 – 

(Fonte: (Com Reuters) –

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