Kurt Waldheim, ex-secretário-geral da ONU e ex-presidente austríaco

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Após revelação de seu passado, nos anos 80, austríaco foi isolado diplomaticamente.

Kurt Waldheim, ex-secretário-geral da ONU e ex-presidente austríaco (Foto: oevp-galerie.hico-nms.at/ Reprodução)

Kurt Waldheim, ex-secretário-geral da ONU e ex-presidente austríaco (Foto: oevp-galerie.hico-nms.at/ Reprodução)

Kurt Waldheim (21 de dezembro de 1918 – Viena, Áustria, 14 de junho de 2007), ex-secretário-geral da ONU (1972 e 1981) e ex-presidente austríaco (1986-1992), que ficou famoso pelas polêmicas lacunas sobre suas atuações durante a Segunda Guerra Mundial, quando serviu como oficial do Exército nazista. 

Waldheim, que ocupou a chefia de Estado de seu país de 1986 a 1992, ocultou seu passado como oficial do Exército de Hitler nos Balcãs, também esteve à frente das Nações Unidas de 1972 a 1981.

Estes vazios em sua biografia durante o regime nazista causaram um grande escândalo político, que fez com que, em 1987, o austríaco passasse a ser persona non grata para os Estados Unidos e outros países, após ter sido secretário-geral da ONU durante uma década. Entre os defensores de Waldheim estava o famoso caçador de nazistas Simon Wiesenthal, que praticamente o isentou, a partir de cuidadosas investigações, de qualquer crime de guerra nos Bálcãs e na Grécia, onde o ex-presidente austríaco atuou a partir de 1941. Os protestos internacionais e a oposição na Áustria não impediram que Waldheim fosse eleito chefe de Estado do país em 1985, com 54% dos votos, apesar das polêmicas geradas por seu papel durante a guerra.

O ex-secretário-geral da ONU sempre alegou que não sabia dos crimes cometidos pelas tropas nazistas e só conseguiu ser provado que havia sido membro da Associação de Estudantes Nazistas e da organização paramilitar SA. ‘Oportunista’ –  Uma das acusações que vieram à tona durante sua campanha eleitoral para a Presidência austríaca, apoiada pelo Partido Popular Austríaco (ÖVP), é que Waldheim foi, no mínimo, um oportunista.

Esta característica, segundo historiadores, era compartilhada por muitos de seus compatriotas, que se consideravam mais vítimas que agressores do regime nazista. A discussão em torno do candidato Waldheim deu origem a um profundo exame de consciência sobre o papel da Áustria nos anos mais negros do século passado, principalmente em relação à anexação do pequeno país pela ofensiva militar alemã liderada por Adolf Hitler, que era austríaco.

A famosa frase de Waldheim (“Eu só cumpri o meu dever”) quando falava de sua atuação como oficial do Exército nazista parecia refletir a postura de grandes setores da Áustria. Estes segmentos não só não ofereceram uma resistência ativa às tropas de Hitler, mas aplaudiram com entusiasmo a chegada dos alemães ao país para resgatá-lo da miséria econômica e do desprestígio político.

No plano internacional, o político conservador enfrentou um grande ataque de críticos dispostos a evitar que chegasse à chefia do Estado, um cargo simbólico e com pouca influência nas decisões políticas. Entre os adversários mais ferozes estavam o World Jewish Congress (WJC) e o Departamento de Justiça americano, que declarou Waldheim e sua mulher, Elisabeth, personas non grata nos Estados Unidos e os colocaram em uma lista negra, que ainda está em vigor.

O WJC disse que o ex-secretário-geral da ONU foi um oficial de uma unidade do Exército alemão que enviou mais de 42 mil judeus gregos de Salônica aos campos de concentração e que foi responsável ainda pelo massacre de milhares de iugoslavos. Sua resposta a estas acusações, de que só tinha cumprido seu dever, deu origem a protestos internacionais. Na própria Áustria, Waldheim foi acusado de ser insensível a um passado que levou milhares de pessoas à morte.

Quanto ao caminho que percorreu para chegar ao cargo de secretário da ONU, já circularam em 21 anos várias teses, entre elas a de que a União Soviética conhecia bem seu passado e o usou para chantageá-lo. O atual presidente austríaco, Heinz Fischer, disse nesta quinta que a escolha de Waldheim como chefe de Estado esteve envolvida em polêmicas, mas aproveitou para elogiar os méritos do antecessor como ministro de Exteriores, presidente da República e secretário-geral da ONU.

Kurt Waldheim morreu em Viena, em 14 de junho de 2007, depois de sofrer um infarto aos 88 anos, foi hospitalizado no final de maio por causa de uma infecção acompanhada de febre alta.

Uma das primeiras personalidades a expressar seus pêsames pela morte de Waldheim foi o secretário-geral das Nações Unidas, o sul-coreano Ban Ki-moon, que enviou suas condolências ao Governo e à população da Áustria. Em comunicado, Ban destacou que Waldheim enfrentou “um período crucial” na história da ONU. Por causa da polêmica que cercou o austríaco, pode ser mais relevante observar quem não compareceu a seu funeral.

(Fonte: http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2007/06/14/ult34u183326  – INTERNACIONAL – VIENA (AFP) – 14/06/2007)

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(Fonte: http://internacional.estadao.com.br/noticias/geral – 10326 – INTERNACIONAL – AGENCIA ESTADO – 19 Junho 2007)

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