Kurt Masur, maestro alemão, foi diretor musical da Orquestra Filarmônica de Nova York

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Regente foi diretor musical da Orquestra Filarmônica de Nova York durante 11 anos

 

 

O maestro Kurt Masur - (Foto: Agência O Globo)

O maestro Kurt Masur – (Foto: Agência O Globo)

 

Kurt Masur (Brieg, na Alemanha (atualmente a cidade Brzeg, na Polônia), 18 de julho de 1927 – Greenwich, no estado de Connecticut, 19 de dezembro de 2015), maestro alemão, foi diretor musical da Orquestra Filarmônica de Nova York, da qual ele foi um de seus mais longevos diretores musicais.

 

O alemão que foi um dos maiores regentes de orquestra do mundo, descobriu sua paixão pela música ainda quando criança, aprendendo sozinho a tocar piano.

 

Por desejo de seus pais, formou-se como eletricista, antes de começar a estudar música em 1942, em Breslau (Wroclaw). Após a Segunda Guerra Mundial, mudou-se para Leipzig, na antiga Alemanha Oriental, para estudar piano, composição e regência orquestral.

 

Depois de trabalhar em Dresden, Schwerin e Berlim, Masur voltou a Dresden em 1970 para assumir a direção musical da tradicional sala de concertos Gewandhaus, cargo que ocupou por quase 30 anos.

Masur ficou conhecido por invocar o poder da música em momentos históricos. Em 1989, nos últimos dias da Alemanha Oriental, o número de participantes nas manifestações em prol da democracia em Leipzig crescia cada vez mais, e o governo comunista ameaçava oprimir o protesto pacífico, com mais de 8 mil policiais e soldados. O regente leu numa rádio local de Leipzig o manifesto Keine Gewalt (Sem violência), do qual foi coautor.

“Nossa preocupação e responsabilidade comuns hoje nos uniram. Somos afetados pelos acontecimentos em nossa cidade e buscamos uma solução. Pedimos que todos mantenham a calma para que um diálogo pacífico seja possível”, dizia o texto.

Os grupos armados, os soldados do Exército Nacional Popular e a polícia recuaram. A Orquestra da Gewandhaus pôde prosseguir com o concerto marcado para aquela noite.

De 1970 a 1996, Masur comandou a Gewandhaus de Leipzig, na Alemanha. O maestro também conduziu grandes companhias como a Filarmônica de Londres, a Orquestra Nacional da França e a Filarmônica de Nova York, onde foi diretor musical durante 11 anos.

 

 

Maestro regeu a Filarmônica de Nova York entre 1991 e 2002 (Foto: Sean Gallup / Getty Images)

Maestro regeu a Filarmônica de Nova York entre 1991 e 2002 (Foto: Sean Gallup / Getty Images)

 

 

Crença no poder da música

O maestro regeu a Filarmônica de Nova York entre 1991 e 2002. Seu desempenho lhe rendeu reconhecimento mundial, ao elevar a reputação da orquestra e realizar 17 turnês mundiais.

Após os ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, Masur regeu a Filarmônica nova-iorquina durante uma performance marcante do Réquiem Alemão de Brahms, numa cerimônia memorável transmitida para todo o país.

Ele também conduziu as Filarmônicas de Londres e Dresden e a Orquestra Nacional da França. Até a sua morte, ele continuou regente honorário da Orquestra Gewandhaus.

HISTÓRIA EM LEIPZIG

Nascido no dia 18 de julho de 1927, em Brieg, na Alemanha, na região da Silésia (então Alemanha), (atualmente a cidade Brzeg, na Polônia), Masur ficou conhecido como especialista em compositores como Beethoven (1770-1827), Brahms, Mendelssohn e Bruckner, Masur criou uma respeitável carreira entre as repressões musicais e políticas da Alemanha Oriental.

 

 

Depois de mais de uma década liderando companhias na recém-formada Alemanha Oriental, Masur se tornou diretor musical da Komische Oper, em Berlim. Depois ele viraria maestro titular da Filarmônica de Dresden, posto onde permaneceu entre 1967 e 1972. Em 1970, ele foi nomeado Kappelmeister da Gewandhaus de Leipzig, uma das orquestras mais respeitadas da Europa. Ele só deixou o posto de diretor musical da filarmônica 26 anos depois, em 1996.

Em Leipzig, cidade famosa por ter sido lar de Bach, Telemann, Mendelssohn, Schumann e Wagner, Masur logo virou uma das figuras públicas mais eminentes, abordado por admiradores pelas ruas da cidade. Suas gravações das sinfonias de Beethoven foram muito louvadas.

CHEGADA A NOVA YORK

O longevo diretor da Orquestra Gewandhaus de Leipzig ficou conhecido como um fiel intérprete que não nutria muito interesse pelas obras fora do repertório tradicional.

“Em algumas ocasiões, Masur se aventurou pelo século XX através do romântico tardio Richard Strauss ou pelo modernista moderado Prokofiev”, escreveu o crítico Donal Henahan, do NYT, quando foi anunciada a escolha do regente para liderar a Filarmônica de Nova York, em 1990. “A não ser que ele tenha alguma ideias surpreendentes escondidas na manga, a orquestra pode se mostrar ainda mais entediante que a Terra de Mehta”, afirmou Henahan, em referência ao maestro indiano Zubin Mehta, antecessor de Masur.

Apesar da desconfiança, o alto e barbudo regente conquistou a crítica por seu vigor e seu conhecimento profundo do repertório germânico, a pedra filosofal do cânone da música sinfônica ocidental. Segundo declarou Masur em uma entrevista ao Scotland on Sunday em 1999, o comitê explicou a decisão de escolhê-lo: “Você não tem medo de orquestras.”

 

Nos 11 anos em que comandou a companhia, Masur revigorou a Filarmônica de Nova York, ganhando maior exposição em rádios, novos contratos de gravação e um público mais jovem. Ele também trouxe sua convicção ardente de que fazer música é um ato moral que pode curar o mundo. Essa teoria foi posta em prática publicamente pela primeira vez em 1989, durante a “Revolução Pacífica”, manifestação com mais de 70 mil pessoas que tinha Mansur como um dos líderes, quando o bloco comunista começava a esfacelar-se. Doze anos mais tarde, ele fez uma aparição tocante e memorável em uma Nova York devastada pelos ataques de 11 de setembro.

 

Apenas nove dias depois do maior atentado terrorista em território americano, Masur conduziu a Filarmônica de Nova York em uma performance do “Um réquiem alemão”, de Brahms, transmitida em rede nacional.

 

TRAGÉDIA FAMILIAR

Em 1972, Masur conduzia seu carro quando sofreu um acidente em uma estrada alemã. Sua segunda mulher, Irmgard, e os dois ocupantes do outro carro foram mortos. Nenhuma denúncia foi feita e o caso não foi muito divulgado. O regente, que assumiu publicamente a culpa pela tragédia, negou que tenha havido uma tentativa de protegê-lo por parte do governo. Ele afirmou que não havia bebido antes de dirigir.

“Eu não quero ser conhecido como ‘uma maravilha'”, disse o maestro ao NYT, em 1991. “A maravilha é a música.”

O regente alemão Kurt Masur, de 88 anos, morreu em Greenwich, no estado de Connecticut, nos Estados Unidos, em 19 de dezembro de 2015, devido a complicações do Mal de Parkinson, doença que o acometia há anos.

 

“Os anos de Masur à frente da orquestra representam uma de suas eras de ouro, na qual a composição foi permeada de compromisso e devoção — com a crença de que o poder da música pode aproximar as pessoas. As dimensões morais e éticas que ele trouxe em sua maneira de reger ainda são visíveis no estilo dos músicos, e eu, assim como nosso público, temos muito a agradecer a ele. Eu serei sempre grato pelo apoio que recebi dele quando era apenas um estudante. Sentirei muito a sua falta”, escreveu Alan Gilbert, atual diretor musical da Filarmônica de Nova York, em um comunicado.

Isaac Karabtchevsky, regente titular da Orquestra Petrobras Sinfônica, conta da relação de Kurt Masur com o Brasil, que remonta à década de 1970.

— Como diretor musical da Orquestra Sinfônica Brasileira, eu o trouxe pela primeira vez ao país para comemorar o bicentenário de Beethoven. Lembro perfeitamente que ele chegou ao país entusiasmado. Acabou se casando com uma violista da Sinfônica Brasileira (Tomoko Sakurai, sua esposa até a morte). Ele criou um vínculo não só com a orquestra, mas com todo o país, vinha para cá regularmente.

— Poucos maestros se dedicaram com tanta sinceridade à necessidade de fazer com que a música seja compreendida pelos homens — comenta Sylvio Lago, autor do livro “A arte da Regência: História, técnica e maestros”.

Quem também comentou a morte de Masur foi Roberto Minczuk, maestro emérito da Orquestra Sinfônica Brasileira, que foi aluno e assistente do regente alemão: “Como um pai para mim, meu amigo, mentor e exemplo de homem, foi embora. Um amoroso grande homem, o melhor músico que já conheci, Masur era apaixonado e acreditava na música e nas palavras”.

(Fonte: Zero Hora – 21 de dezembro de 2015 – TRIBUTO / MEMÓRIA – Pág: 39)

(Fonte: http://diversao.terra.com.br – DIVERSÃO / ENTRETENIMENTO – 19 DEZ 2015)

(Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura/musica – CULTURA – MÚSICA / por O Globo / The New York Times – 19/12/2015)

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