Kaled Al-Assaad, era um dos pioneiros da arqueologia síria, comparado a Howard Carter, que descobriu a tumba do faraó Tutancâmon, no Egito

0
Powered by Rock Convert

Arqueólogo era um dos mais importantes do Oriente Médio

O arqueólogo Kaled al-Asaad (VEJA.com/AFP)

O arqueólogo Kaled al-Asaad (VEJA.com/AFP)

Arqueólogo especialista em Palmira

Khaled al-Asaad dedicou mais de 40 anos de sua vida ao local

Khaled al-Asaad, arqueólogo especialista em Palmira

Khaled al-Asaad, arqueólogo especialista em Palmira (www.express.co.uk)

Khaled al-Assad ajudou a preservar os tesouros arqueológicos durante meio século. 

Kaled Al-Assaad (Palmira, 1934 – Palmira, 18 de agosto de 2015), arqueólogo especialista em Palmira, era um dos pioneiros da arqueologia síria, comparado a Howard Carter, que descobriu a tumba do faraó Tutancâmon, no Egito. Nascido em Palmira em 1934, o homem foi responsável pelas antiguidades e pelos museus da cidade entre 1963 e 2003.

Apesar do apelido, Khaled al-Assad não tinha qualquer ligação familiar ao Presidente da Síria, Bashar al-Assad, mas tinha uma ligação política de várias décadas – desde 1954 que era membro do Partido Baas, que governa o país com mão de ferro há 49 anos, 44 dos quais sob a Presidência de Hafez al-Assad e do seu filho, Bashar.

Al-Asaad foi diretor das ruínas de Palmira por 40 anos e se aposentou no cargo em 2003. Após deixar a função, ele continuava trabalhando como consultor no Departamento de Antiguidades e de Museus da Síria. Também foi autor de diversos livros e textos científicos sobre a história do local.

Kaled al-Asaad, foi um dos pioneiros da arqueologia síria, figura fundamental para a preservação de Palmira, cidade romana de 2 000 anos, considerada patrimônio da Humanidade pela Unesco e um dos mais espetaculares sítios arqueológicos do Ocidente.

Kaled al-Asaad, descobriu diversos túmulos antigos, cavernas e um impressionante cemitério datado da época da civilização bizantina (entre os séculos V e XV), que fica no jardim do Museu de Palmira. Por seu trabalho, é conhecido como o Howard Carter da Síria, em referência ao arqueólogo britânico que descobriu o túmulo do faraó Tutancâmon, no Egito.

Ruínas de Palmira na Síria (www.nytimes.com)

Ruínas de Palmira na Síria, patrimônio da UNESCO. (www.nytimes.com)

Cientista reconhecido – O experiente arqueólogo, formado em história e educação pela Universidade de Damasco, foi, durante quatro décadas, o cientista responsável pelas relíquias da cidade. Após sua aposentadoria, em 2003, trabalhava no departamento de antiguidades e museus de Palmira, cidade que funcionava como um importante entreposto comercial da antiga Rota da Seda, que passava pelo noroeste de Damasco. Era uma dos cientistas mais importantes do Oriente Médio e, em sua carreira, escreveu livros essenciais para a compreensão de aspectos da história da cidade e do Império Romano, como As esculturas de Palmira ou Zenobia, a Rainha de Palmira e do Oriente, além de diversos artigos em publicações científicas internacionais.

O arqueólogo trabalhou nas primeiras escavações de Palmira e na restauração de diversas áreas do sítio histórico. Com outros cientistas, tirou do principal museu da cidade algumas relíquias consideradas importantes, antes que o EI tomasse a região.

Kaled Al-Assaad foi decapitado e pendurado pelos Terroristas Estado Islâmico (EI) em 18 de agosto de 2015, aos 82 anos. Foi decapitado por se ter recusado a dizer aos extremistas onde estão escondidas centenas de estátuas.

Os jihadistas destruíram dois mausoléus considerados por eles “símbolos do politeísmo”. As lápides pertenciam ao xeque Mohammad Ben Ali, um descendente da família do profeta Ali Ben Abi Taleb, e o sacrário de Anu Behaddin, figura importante da história de Palmira. 

“Kaled al-Asaad era um dos mais importantes pioneiros da arqueologia síria no século XX”, disse Maamoun Abdulkarim, chefe do departamento de antiguidades e museus em Damasco. De acordo com Abdulkarim, o EI capturou al-Asaad há três semanas e tentou fazer com que dissesse onde estavam alguns dos tesouros históricos de Palmira, que alguns arqueólogos esconderam dos terroristas com o intuito de preservá-los.

“Não é possível escrever a história de Palmira ou qualquer coisa relacionada à cidade sem mencionar o Kaled al-Asaad”, disse ao jornal britânico The Guardian Amr al-Azm, cientista que trabalhou no departamento de antiguidades de Palmira e conhecia o arqueólogo. “É como falar de egiptologia sem fazer alusão a Howard Carter.”

Os terroristas, que dizem se basear na sharia, a interpretação radical do Corão, acreditam que relíquias históricas promovem a idolatria. Dizem que a destruição de monumentos e peças arqueológicas tem o objetivo de “purgar” o paganismo. Foi o que motivou a destruição de mesquitas e igrejas no Iraque e na Síria e motiva as atrocidades contra monumentos e figuras importantes para a história de Palmira.

Entre as cinco acusações contra o arqueólogo, lidas antes da decapitação, estavam ser “diretor de ídolos”, representante da Síria em “conferências infiéis” e ter visitado o Irã.

“Asaad era um grande reservatório de conhecimento sobre Palmira e isso está perdido. Ele conhecia cada canto e rachadura da cidade. Esse tipo de conhecimento é insubstituível, não é possível comprar em um livro. E está perdido para sempre”, afirmou Amr al-Azm.

Asaad deixou seis filhos e cinco filhas. Os extremistas do EI tomaram o controle de Palmira em maio, mas não há informações sobre possíveis danos às ruínas do Império Romano, embora o grupo já tenha destruído antiguidades no Iraque por considerar blasfêmia qualquer manifestação de culturas pré-islâmicas.

Em junho, os radicais sunitas divulgaram imagens da demolição de dois santuários na região, mas que não integravam o principal conjunto de ruínas.

(Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia – CIÊNCIA – HISTÓRIA – 19/08/2015)

(Fonte: http://www.publico.pt/mundo/noticia – MUNDO – NOTÍCIA/ Por  – 19/08/2015)

Powered by Rock Convert
Share.