Joseph F. Traub; um dos primeiros defensores da ciência da computação
Enquanto trabalhava em sua tese, “descobri que amava programar”, lembrou Joseph Traub. “Esse foi o começo.” (Crédito…Eileen Barroso/Columbia Engenharia)
Joseph F. Traub, que fundou o departamento de ciência da computação na Universidade de Columbia e ajudou a desenvolver algoritmos usados em computação científica em física e matemática, bem como em Wall Street.
O professor Traub se desviou da física e se dedicou à computação na década de 1950, bem antes de existir uma disciplina conhecida como ciência da computação.
Como educador, ele foi um defensor habilidoso, tanto de mais recursos quanto de mais respeitabilidade para o jovem campo, numa época em que as pessoas que lidavam com grandes máquinas em centros de computação eram consideradas, em grande parte do meio acadêmico, como mecânicos glorificados.
Ele se tornou reitor do departamento de ciência da computação da Universidade Carnegie Mellon, em Pittsburgh, em 1971, e aumentou o corpo docente de apenas um punhado para 50 pessoas em 1979, quando foi para Columbia, onde foi recrutado para se tornar o reitor fundador do novo departamento de ciência da computação.
Em Columbia, o professor Traub lembrou em uma entrevista em 2001 que seu desafio era “convencer uma das grandes universidades de artes e ciências dos Estados Unidos de que a ciência da computação era realmente central”.
Pouco depois de sua chegada, ele deu uma palestra na universidade: “Qual será o impacto intelectual dos computadores?”. Sua resposta presciente, em essência, foi que o impacto seria amplo, profundo e de maneiras que ainda não haviam sido imaginadas.
“Joe Traub foi um dos primeiros a reconhecer o potencial do ensino de ciência da computação nas universidades”, disse HT Kung, professor de Harvard e ex-aluno do professor Traub.
O Professor Traub incentivou seus colegas a abordar as implicações sociais e econômicas de seu trabalho. Ele foi o presidente fundador do Conselho de Ciência da Computação e Telecomunicações das Academias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina, o principal grupo consultivo do país em ciência e tecnologia, e atuou por dois mandatos como presidente do conselho, de 1986 a 1992 e novamente de 2005 a 2009.
Joseph Frederick Traub nasceu em 24 de junho de 1932, em Karlsruhe, Alemanha, filho único de Leo Traub e da ex-Mimi Nussbaum. Leo Traub era banqueiro em Karlsruhe, mas após a tomada do banco pelos nazistas em 1938, a família fugiu e chegou a Nova York em 1939. Joseph estudou na Bronx High School of Science e se formou em matemática e física pelo City College de Nova York.
Ele se matriculou na Universidade de Columbia em 1954, com a intenção de se tornar físico teórico. Mas um amigo o incentivou a visitar um prédio com um computador na Rua 116, perto do campus da Universidade de Columbia, então sede do IBM Watson Labs.
“Fiquei viciado em computação”, relembrou o professor Traub em uma entrevista em 2011 para o Museu de História da Computação. “Abandonei a física, mas não me matriculei em nenhum departamento, porque não havia departamentos de ciência da computação, e eu queria estudar computação.”
Mas a Universidade de Columbia tinha um “comitê de matemática aplicada”, com membros do corpo docente de vários departamentos. O comitê permitiu que o Professor Traub desenvolvesse sua tese de doutorado sobre cálculos computacionais em mecânica quântica, o que lhe permitiu executar programas por horas em um computador IBM 650. “Descobri que amava programar”, lembrou ele. “Esse foi o começo.”
O primeiro casamento do Professor Traub, com Susanne Traub, terminou em divórcio. Além da Sra. McCorduck, ele deixa duas filhas do primeiro casamento, Claudia Renee Traub e Hillary Ann Spector, e quatro netos.
Nos primórdios da computação, as máquinas eram enormes, mas suas capacidades — processamento, armazenamento e memória — eram minúsculas em comparação com os computadores atuais. Portanto, projetar algoritmos de software que realizassem o máximo de trabalho com o mínimo de poder computacional era crucial. Os programadores sempre tentaram fazer isso, mas não existia uma teoria de algoritmos ótimos.
O Professor Traub concentrou-se nesse desafio — primeiro nos Laboratórios Bell, onde ingressou em 1959, e posteriormente, a partir de 1970, no meio acadêmico. Esse estudo dos recursos mínimos necessários para resolver problemas computacionais foi chamado de “complexidade computacional”. E o Professor Traub acrescentou a ideia de que o design ideal do algoritmo dependia das informações com as quais ele estava trabalhando, o que ficou conhecido como “complexidade baseada em informação”.
Ele também ajudou a desenvolver ferramentas de software usadas para avaliar derivativos financeiros.
Ao longo dos anos, ele trabalhou com vários colaboradores, principalmente Henryk Wozniakowski , professor da Universidade de Columbia e da Universidade de Varsóvia.
Prabhakar Raghavan, um cientista da computação do Google, chamou o professor Traub de “um teórico radical”, mas com insights que se aplicam a áreas que hoje atraem grandes investimentos de empresas de tecnologia, incluindo computação em nuvem e aprendizado de máquina, um ramo da inteligência artificial.
Nos últimos anos, o Professor Traub vinha pesquisando para aplicar princípios semelhantes a um novo terreno de complexidade: os computadores quânticos. Em teoria, os computadores quânticos não seriam limitados pelos interruptores liga-desliga, os 1s e 0s, da computação digital.
O professor Traub prosseguiu com a pesquisa quântica apesar das poucas chances de concluí-la.
“Sempre o admirei por abordar uma área de pesquisa tão difícil”, disse Jeannette M. Wing, cientista da computação no laboratório de pesquisa da Microsoft, “especialmente sabendo que seria improvável que ele visse um computador quântico prático durante sua vida”.
Traub morreu na segunda-feira em Santa Fé, Novo México. Ele tinha 83 anos.
A causa não pôde ser determinada imediatamente, disse sua esposa, Pamela McCorduck.
(Direitos autorais reservados: https://www.nytimes.com/2015/08/27/science – The New York Times/ CIÊNCIA/ Por Steve Lohr – 26 de agosto de 2015)
Uma versão deste artigo foi publicada em 30 de agosto de 2015 , Seção A , Página 22 da edição de Nova York, com o título: Joseph F. Traub; um dos primeiros defensores da ciência da computação.